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A última obra de Soares dos Reis apresentada em público

27 de Março, 2024

O busto da atriz Emília das Neves foi a última obra que Soares dos Reis apresentou em público, antes da sua morte. Iniciado em 1885 (dois anos após o falecimento de Emília das Neves), o busto foi modelado a partir de várias fotografias da atriz, tendo sido concluído em 1888, ano em que a escultura foi inaugurada no átrio do Teatro D. Maria II, em Lisboa.

 

António Soares dos Reis seria admirador de Emília das Neves que conheceu no palco do Teatro Baquet, sala de espetáculos edificada entre a rua Sá da Bandeira e a rua de Santo António, atual rua 31 de janeiro, na cidade do Porto. O teatro foi inaugurado em 1859, tendo sido palco de intensa atividade cultural até à noite de 20 março de 1888, quando um violento incêndio deflagrou durante um espetáculo causando a morte a 120 pessoas.

Não tendo ficado totalmente satisfeito com o resultado final da sua obra, Soares dos Reis escreve uma carta à revista Occidente, datada de 25 dezembro de 1888, na qual dá conta das dificuldades com que se deparou ao longo do processo: “(…) agradeço-lhe o interesse que lhe merece a minha pessoa e os meus trabalhos artísticos, não podendo contudo consentir sem protestos que o busto de E. das Neves seja classificado de magnifico, em vista das condições especiais que se deram durante a sua execução e particularmente quando se tratou de o modelar por photographias todas diferentes umas das outras e de todos os tamanhos”.

 

Emília das Neves de Sousa, a ‘Linda Emília’ como ficou conhecida, nasceu em Lisboa em 1820, tendo sido uma atriz dramática portuguesa de grande relevo durante o século XIX, considerada a primeira grande vedeta feminina a surgir em Portugal. Surgiu nos teatros quando tinha 18 anos e seria aplaudida até 1883, ano da sua morte.

 

‘Oriunda de uma família humilde, conseguiu, pelo reconhecimento da sua excecionalidade, captar a atenção de nomes como Almeida Garrett, Mendes Leal, Rebelo da Silva ou Latino Coelho, que a escolheram para protagonista de textos dramáticos de que foram autores ou tradutores’[i].

 

 

O Dia Mundial do Teatro é assinalado anualmente a 27 de março, desde 1961, por iniciativa do Instituto Internacional do Teatro. Neste dia, pretende-se destacar a importância do teatro na história e cultura da humanidade.

 

 

[i] Vasconcelos, Ana Isabel. «A “LINDA EMÍLIA”: páginas esquecidas do teatro português oitocentista», 2017

Visita Orientada narra o fascínio do encontro com a cultura oriental

26 de Março, 2024

Público
Jovens e adultos

 

 Duração
50 minutos

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

 

Valor
8 Euros

Na década de 1950, a aquisição e exposição de um par de Biombos Namban no Museu Nacional Soares dos Reis permitiu abordar o tema das relações entre Portugal e o Oriente: Índia, China e Japão.

 

Os biombos associaram-se a outros objetos de luxo produzidos no Oriente, entre os séculos XVI e XVIII. A chegada à Europa de exóticas e preciosas mercadorias espelha o fascínio dos europeus pelas artes e técnicas milenares orientais, no trabalho de pedras, madeiras e metais preciosos, marfim, tartaruga, madrepérola, seda, laca e porcelana.

 

O Museu Nacional Soares dos Reis abriu-se, assim, a novos olhares sobre as suas coleções, procurando o diálogo entre culturas.

 

A visita orientada ‘Ao encontro do Oriente’, agendada para o dia 4 abril, pelas 15 horas, permitirá observar objetos que narram o fascínio do encontro entre portugueses e diferentes culturas milenares do Oriente, num processo de encantamento que permaneceu para além das grandes viagens de quinhentos, como revelam obras barrocas do século XVIII designadas por “Chinoiserie”.

 

Chinoiserie é um estilo decorativo inspirado na cultura e na arte chinesa, muito popular na Europa durante o século XVIII. Este estilo carateriza-se pela utilização de motivos chineses em diferentes elementos decorativos, como papéis de parede, tecidos, porcelanas e móveis. Os objetos e designs de estilo chinês alcançaram o seu auge durante o período da arte rococó na corte de Luís XV, por volta de 1750-70.

Olhares em Diálogo sobre ‘O Homem, os Animais e o Ambiente do trabalho’

26 de Março, 2024

‘O Homem, os Animais e o Ambiente do trabalho, da companhia até à subsistência’ é o tema da próxima sessão do programa «Olhares em Diálogo no Museu Nacional Soares dos Reis. Ciclo de Visitas Orientadas a Duas Vozes», promovido pelo MNSR em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.

 

A sessão está marcada para o próximo dia 3 abril, sendo dirigida em exclusivo aos estudantes e profissionais do ICBAS, assim proporcionando visitas temáticas que irão explorar as ligações entre a medicina, as ciências da vida e da saúde e a arte, colocando lado a lado as visões e perspetivas de gestores de coleção do Museu e de docentes do ICBAS.

 

Ana Paula Machado, gestora de coleção do MNSR, e Paulo Martins da Costa, Professor Associado do ICBAS, serão os orientadores desta visita comentada dedicada ao tema ‘O Homem, os Animais e o Ambiente do trabalho, da companhia até à subsistência’.

Paulo Martins da Costa, professor auxiliar (desde 2006) com agregação (2020) do ICBAS/UPorto é graduado em medicina veterinária (1994; Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa) e doutorado em Ciências Biomédicas pela Universidade do Porto, ensinando nas áreas da tecnologia alimentar e segurança alimentar.

 

Membro efetivo (desde 2007) do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto e responsável (desde 2009) pelo laboratório de Microbiologia e Tecnologia Alimentar do departamento de Produção Aquática do ICBAS/UPorto.

 

Com trabalhos de investigação em diferentes domínios, dedica-se em particular ao estudo da transferência de bactérias multirresistentes aos antibióticos entre diferentes biomas interligados (humanos, animais e ambiente), bem como à avaliação do potencial antibacteriano de compostos de síntese ou extraídos de fontes naturais (e.g. fungos marinhos e cianobactérias), tendo sido autor em 56 artigos científicos publicados em revistas nacionais. Com experiência em microbiologia alimentar e clínica, participou em diversos projetos de investigação.

MNSR aposta na valorização das artes decorativas portuguesas

25 de Março, 2024

Inaugurada na passada sexta-feira, em sessão presidida por Pedro Sobrado, Presidente do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, EPE, «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia» é a mais recente exposição temporária do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Comissariada por José da Costa Reis, a mostra estará patente ao público até ao dia 23 de junho, promovendo a relação da coleção de cerâmica com outras coleções de artes decorativas do Museu, anteriores ao moderno conceito de design, valorizando a sua contextualização e interpretação com aproximações à história e às artes plásticas europeias, nomeadamente Pintura, Desenho e Gravura.

A partir da década de 1940, quando o Museu Nacional Soares dos Reis foi transferido para o Palácio dos Carrancas, a cerâmica ganhou grande destaque no âmbito da exposição permanente. O então diretor do Museu, Vasco Valente (1883-1950), era um apaixonado investigador e publicista sobre o tema e curiosamente tetraneto do italiano Jerónimo Rossi, fundador da Fábrica de Santo António de Vale de Piedade. Vasco Valente foi responsável pela valorização desta arte decorativa em termos da sua presença expositiva e pelo avanço do seu conhecimento, nomeadamente dos espólios que pertenceram aos extintos Museu Municipal do Porto e Museu Industrial e Comercial do Porto, aprofundando, com rigor, estudos iniciados por reputados investigadores como Joaquim de Vasconcelos, Pedro Vitorino, Rocha Peixoto, Luís Oliveira, José Queiroz, Moreira Cabral, etc.

 

Mais tarde, as conservadoras da coleção Teresa Viana e Margarida Rebelo Correia organizaram exposições de grande qualidade, hoje de referência incontornável, estabelecendo trabalhos conjuntos com arqueólogos e outros especialistas e conservadores de coleções nacionais e internacionais de cerâmica. Destacam-se os seus valiosos contributos na organização da vasta coleção na nova (2001) e qualificada reserva, a digitalização dos inventários e nas reclassificações de muitas das faianças provenientes das fábricas do Porto e de Vila Nova de Gaia, em particular de Massarelos e de Miragaia.

 

O comissário da exposição explicou, no momento da sua inauguração, que a atual mostra pretende motivar os visitantes a percorrer ou a rever a atual exposição de longa duração (ELD) do Museu Nacional Soares dos Reis, indo ao encontro de um entendimento mais alargado destas temáticas, enriquecendo a sua cultura e sensibilidade, assim como a sua relação intelectual e afetiva com o Museu.

 

A exposição «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia» conta com o apoio mecenático da AOF-Augusto Oliveira Ferreira e Lusitânia Seguros, bem como o apoio do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

‘Uma pintura da foz do rio Douro observada da Torre da Marca’, por Joel Cleto

25 de Março, 2024

Público
Jovens e adultos

 

Valor
Gratuita

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

No âmbito do programa paralelo da exposição temporária «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia», o Museu Nacional Soares dos Reis promove, no próximo dia 27 março, pelas 18 horas, a sessão comentada ‘Uma pintura da foz do rio Douro observada da Torre da Marca’, por Joel Cleto, Arqueólogo, historiador e divulgador do Património.

 

Observando o óleo sobre tela ‘Paisagem do Rio Douro’ (autor desconhecido), pertencente ao acervo do Museu Nacional Soares dos Reis, é possível relembrar o passado sobre as duas margens do rio Douro em meados do século XIX. Na margem direita, a igreja de Massarelos e mastros de embarcações acostadas a este importante núcleo industrial, com fábricas como a de Louça de Massarelos ou a Fundição de Massarelos.

 

A importância do Douro para escoamento das produções, chegada de matérias-primas e carvão (fonte energética) explicam a fixação industrial ribeirinha de que Miragaia e Massarelos são exemplo. Na margem esquerda, observa-se a Estação Semafórica da Afurada e a fumarenta Fábrica de Louça de Santo António de Vale da Piedade ou o conjunto industrial das fábricas cerâmicas do Cavaco, Cavaquinho e Monte Cavaco.

 

A referida pintura é datada sensivelmente de 1845 a 1850 e contemporânea dos últimos anos de laboração da Fábrica de Louça de Miragaia.

Inauguração da Exposição «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia»

22 de Março, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis inaugurou, hoje, a exposição temporária «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia», contando com a presença de Pedro Sobrado, Presidente do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, EPE.

 

A mostra estará patente até 23 junho 2024, contando com o apoio mecenático da AOF-Augusto Oliveira Ferreira e Lusitânia Seguros, bem como o apoio do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Comissariada por José da Costa Reis, nesta exposição aborda-se o tema das faianças ‘azul de safra’, assim denominadas devido à tonalidade da cor do seu vidrado, produzidas na Fábrica de Louça de Miragaia, no Porto, e datáveis do período compreendido entre 1775 e 1822.

A organização museológica da exposição promove a relação desta coleção com outras coleções de artes decorativas do Museu Nacional Soares dos Reis, anteriores ao moderno conceito de design, valorizando a sua contextualização e interpretação com aproximações à história e às artes plásticas europeias, nomeadamente Pintura, Desenho e Gravura.

 

A exposição e respetivo roteiro pretendem reforçar a visibilidade e o conhecimento da coleção de cerâmica do Museu Nacional Soares dos Reis, um dos mais importantes acervos cerâmicos à guarda dos museus nacionais portugueses, estabelecendo a relação das influências da cultura inglesa na produção da Fábrica de Miragaia.

A filha do Conde de Almedina, grande mecenas das artes portuguesas

22 de Março, 2024

Delfim Guedes, grande patrono das artes e vice inspetor da Academia Real de Belas-Artes de Lisboa, recebeu o título nobiliárquico de conde de Almedina, após a realização da “Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental Portugueza e Hespanhola”, evento cultural de incontornável importância para Portugal.

 

Mecenas de Artur Loureiro, que o retratou em 1876, Delfim Guedes custeou a expensas próprias[1] o funeral de Silva Porto que, de resto, lhe havia oferecido (em vida) algumas obras da sua autoria, de que são exemplo ‘Pequena fiandeira napolitana’ e ‘Ao pôr do sol’.

 

A sua relação com os autores representados no Museu Nacional Soares dos Reis estende-se ainda ao escultor António Soares dos Reis, autor da peça ‘Filha dos Condes de Almedina’, figura de uma criança com um rosto quase angelical.

A peça, em mármore de Carrara, representa a ‘Filha dos Condes de Almedina’, Luísa Guimarães Guedes, cujos pais eram os proprietários da obra, e encontra-se em exposição no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

A escultura foi apresentada a Auguste Rodin (considerado o pai da escultura moderna), aquando da sua visita a Portugal, num dos Ateliers da Duquesa de Palmela (a Escultora Maria Luíza Holstein), onde Soares dos Reis, ocasionalmente, trabalhava, aquando das suas estadias em Lisboa. Obra de exímia execução e mestria, a qualidade da escultura impressionou e comoveu Rodin a ponto de ter beijado as mãos do escultor gaiense.

 

Datada de 1882, a evolução desta obra está documentada em desenho e maquete revelando o envolvimento do escultor em todo o processo. Nesta obra final há que notar a complexa elaboração do modelado, em especial no cabelo, flores e bordado do vestido. Em termos da composição, são traços definidores de um esquema muito próprio de Soares dos Reis: a pose sinuosa com cruzamento de braços a meio-corpo do modelo, tratado em repouso, de expressão reservada.

 

Delfim Deodato Guedes (Santo Tirso, 18 de novembro 1842 – Cascais, 26 de setembro 1895) recebeu do rei D. Luís o título de conde de Almedina, sendo a sua filha Luísa Guimarães Guedes, 2ª Condessa de Almedina. O título foi atribuído a Delfim Guedes como reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na “Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental Portugueza e Hespanhola”, realizada em 1882. A mostra decorreu no Palácio Alvor-Pombal, também conhecido como Palácio das Janelas Verdes, e lançou as bases para a criação do Museu Nacional de Belas-Artes, inaugurado há 140 anos (antecessor do atual Museu Nacional de Arte Antiga).

Visita «Escultura Devocional do século XIII ao século XVIII»

21 de Março, 2024

Público
Jovens e adultos

 

Duração
50 minutos

 

Valor
Bilhete de entrada no MNSR

No âmbito da programação proposta para o mês de março, decorre amanhã, dia 22, pelas 11 horas, uma visita orientada dedicada ao tema «Escultura devocional do século XIII ao século XVIII».

 

De diferentes épocas, proveniências e materiais. Assim é a escultura que vamos observar nesta visita orientada. Descontextualizada do espaço original, a sua história interliga-se com a do Museu.

 

O Museu Nacional Soares dos Reis tem origem no Museu de Pinturas e Estampas e outros objetos de Belas Artes, criado em 1833 por D. Pedro IV de Portugal, primeiro Imperador do Brasil, para salvaguarda dos bens sequestrados aos absolutistas e conventos abandonados na guerra civil (1832-34).

 

Com a extinção das ordens religiosas recolheram-se obras, entre outros, nos mosteiros de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra. Conhecido como Museu Portuense, ficou instalado no extinto Convento de Santo António da Cidade, na praça de S. Lázaro, vindo a ser formalizado por decreto em 1836 por D. Maria II.

MNSR acolhe apresentação do evento ‘Porto Gaia Granfondo’

21 de Março, 2024

A sessão de apresentação do Porto Gaia Granfondo 2024 vai decorrer no Museu Nacional Soares dos Reis, no próximo dia 26 março, pelas 11 horas.

 

O Porto Gaia Granfondo é um evento de ciclismo/cicloturismo destinado a todos os interessados, sendo organizado pela Strongspeed com o apoio das autarquias de Porto e Gaia, no âmbito da promoção da Frente Atlântica.

 

Este ano a prova acontecerá a 14 abril e estará aberta a todos os amantes do ciclismo, permitindo-lhes percorrer algumas das mais belas estradas da região Norte do país, sempre enquadrado por belíssimas paisagens, entre as margens dos rios Douro e Paiva.

Além das cidades do Porto (partida) e de Vila Nova de Gaia (chegada), os participantes vão ainda cruzar mais seis concelhos: Gondomar, Penafiel, Castelo de Paiva, Cinfães, Arouca e Santa Maria da Feira.

 

A iniciativa junta desporto e lazer, sem caráter competitivo, sendo limitada a veículos de duas rodas (bicicleta de estrada, de montanha ou tandem), sendo também possível a participação em bicicletas elétricas (e-bike).

 

As inscrições para o Porto Gaia Granfondo 2024 estão abertas na página do evento até 10 de abril.

Colégio Internato Claret apresenta Exposição Libert’arte

20 de Março, 2024

Decorreu, esta tarde, a abertura da Exposição Libert’arte, organizada pelo Colégio Internato Claret, no âmbito da parceria com o Museu Nacional Soares dos Reis no cruzamento dos temas trabalhados por ambas as instituições em 2024: os 50 anos do 25 de Abril e ‘Liberdade e Transgressões’, tema transversal à programação do Museu ao longo do ano. A mostra poderá ser visitada até ao próximo domingo.

 

Os alunos do 4º e 9º anos, do Colégio Internato Claret, apresentam uma viagem pela voz, outrora surda, da renascida liberdade. Partindo de um conjunto de obras emblemáticas, patentes no Museu Nacional Soares dos Reis, foi preparado um “encontro entre o pensamento, a reflexão e o sopro criativo de dezenas de mentes com vontade de descobrir nas suas criações o prazer e a cor da liberdade.

O lema ‘Liberdade e Transgressões’ foi a senha que fez sair dos quartéis do conformismo a indómita vontade de assinalar os cinquentas anos de uma gaivota que voava, voava, transportando nas asas, até aos dias de hoje, o desejo de um povo que enquanto sonhar, enquanto pensar, não mais se fará refém. Cada obra tem em si o desejo de ser o mundo, a manifestação silenciosa de espíritos que, tendo nascido em liberdade, não a dão como adquirida, mas desejam-na, procuram-na, na certeza de, com ela, terem nas mãos a paleta com a qual poderão pintar os sonhos de um futuro que é de todos”.

 

Esta apresentação foi acompanhada de pequenos momentos performativos protagonizados pelos alunos. Os jovens estudantes do 4º ano tiveram oportunidade de trabalhar os direitos humanos a partir de obras como a Cabeça de Negro, de António soares dos Reis, e o autorretrato de Aurélia de Souza; enquanto os alunos do 9º ano trabalharam obras modernistas de autores como Amadeo de Souza Cardoso e de arte contemporânea de autores como Júlio Reis Pereira e Álvaro Lapa, entre outros.

‘Descida da Cruz’, de Domingos Sequeira, em itinerância nacional

20 de Março, 2024

Adquirida por uma entidade privada nacional, a Fundação Livraria Lello, a obra ‘Descida da Cruz’, de Domingos Sequeira, estará em itinerância por vários museus nacionais.

 

O anúncio oficial foi feito esta quarta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, durante a sessão de assinatura do memorando de entendimento entre o Estado português e o novo proprietário da obra.

 

No dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, a ‘Descida da Cruz’ estará exposta no Mosteiro de Leça do Balio, localidade onde se situa a sede da Fundação Livraria Lello, iniciando depois a sua itinerância.

Recorde-se que a compra ocorreu no passado dia 10 de março, no âmbito da feira de arte e antiguidades TEFAF de Maastricht, em estreita articulação com a Museus e Monumentos de Portugal, entidade com a qual o novo proprietário firmou um compromisso para a fruição pública da obra.

 

‘Descida da cruz’, pintura sacra datada de 1827, faz parte de um grupo de quatro pinturas tardias de Domingos Sequeira, executadas em Roma, onde o artista morreu em 1837.

 

Domingos Sequeira é considerado como o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX.

 

Filho de um barqueiro e nascido no seio de uma família pobre, em 1768, Domingos Sequeira foi educado na Casa Pia, onde frequentou o curso de Desenho e Figura.

 

Com bolsa real concedida por D. Maria l, recebe aulas de pintura e desenho de Antonio Cavallucci, em Roma. De regresso a Lisboa é nomeado, pelo futuro rei D. João VI,  pintor da corte e corresponsável da empreitada de pintura do Palácio da Ajuda. Foi ainda professor de Desenho e Pintura da Família Real e, em 1806, dirigiu a aula da Academia de Marinha, Porto.

 

No contexto das invasões francesas, Domingos Sequeira estabeleceu amizades com oficiais do exército napoleónico, como o Conde de Forbin, oficial e pintor amador. Esta aproximação valeu-lhe a encomenda de uma representação alegórica da ação protetora do general Junot sobre Lisboa. O óleo sobre tela Junot protegendo a cidade de Lisboa, data de 1808 e integra o acervo do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Graças a essa atividade, Sequeira foi visto como colaborador do inimigo ocupante e por isso alvo de perseguições e processos condenatórios de que só a muito custo se reabilitou. Os últimos anos da sua vida são passados em Roma, onde se dedica sobretudo à pintura religiosa.

 

Para além das obras de Domingos Sequeira integradas na Exposição de Longa Duração, o Museu Nacional Soares dos Reis tem patente, até 28 abril, a exposição «Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira – um diálogo no tempo», na qual constam alguns estudos preparatórios de Domingos Sequeira para a elaboração da obra ‘Descida da Cruz’.

Exposição Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira

Evocação dos 140 anos da morte do pintor Henrique Pousão

20 de Março, 2024

Considerado um dos nomes maiores da pintura portuguesa da segunda metade do século XIX, Henrique Pousão faleceu aos 25 anos, a 20 março de 1884, vítima de tuberculose.

 

O jovem artista frequentou a Academia Portuense de Belas-Artes e foi pensionista do Estado em França e Itália. A pintura de caminhos e ruas, pátios, casas, aspetos de Paris, testemunha o seu percurso criativo, que culmina nas estadias em Roma e Capri.

 

Desde cedo que a família lhe reconhecera talento, manifesto sobretudo em retratos a lápis. Com 10 anos passa a residir em Barcelos e, em 1872, fixa-se no Porto. É nesta cidade que frequenta o atelier do pintor António José da Costa para preparar a entrada na Academia Portuense de Belas-Artes (1872).

 

Muito influenciado por Marques de Oliveira, regressado de Paris em 1879, Pousão ganha o concurso de pensionista, chegando a Paris no final do ano de 1880, acompanhado de Sousa Pinto (1856 – 1939).

 

Antes de ingressar no atelier de Cabanel e de Yvon, visitou galerias de arte e museus tanto em Paris, como em Madrid.

 

Neste ano, muda-se para Roma, onde aluga um atelier e, em 1882, produz significativas obras, também em Nápoles e Capri.

 

Paisagens de um poético e vibrante cromatismo, em exercícios de captação de luz, pinturas de género como Cecília, e retratos, com Senhora Vestida de Preto, realizado já em Paris, revelam a sua modernidade, invulgar no panorama artístico português. No final de 1883, já doente, decide regressar a Portugal. A viagem foi efetuada via Génova, passando por Marselha e Barcelona.

 

A sua obra, que revela o arrojo e o talento do jovem pintor e o seu interesse absoluto nos valores da pintura em si em detrimento dos temas ou da narrativa, foi entregue, após a sua morte prematura, à Academia Portuense de Belas Artes.

 

Na coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, a obra de Henrique Pousão está fortemente representada com destaque para as obras “Casas Brancas de Capri”, “Senhora Vestida de Preto” e “Janelas das Persianas Azuis”, todas classificadas como tesouros nacionais.

Reformulação do MNSR é modelo de referência para Museu do Diamante

19 de Março, 2024

No âmbito das Bolsas de Capacitação Ibermuseus, o Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) vai receber Juliane Nicolle Câmara, do Museu do Diamante, para a realização de um intercâmbio institucional.

 

O Museu do Diamante foi criado em 1954, estando localizado no centro histórico de Diamantina, em Minas Gerais, Brasil, cidade Património Cultural da Humanidade.

 

O casarão que acolhe o Museu do Diamante foi residência do padre Rolim, figura marcante no movimento histórico conhecido como Inconfidência Mineira. Atualmente, o edifício encontra-se encerrado, decorrendo uma intervenção de restauro arquitetónico e um processo de reformulação expositiva que visa rever a narrativa e apresentar um museu mais acessível, inclusivo, democrático e sustentável.

O projeto de intercâmbio a realizar com o Museu Nacional Soares dos Reis tem por objetivo compreender com maior proximidade, e de maneira comparada, o processo recente de reformulação da exposição de longa duração do MNSR, numa perspetiva que abrange as várias dimensões da sustentabilidade.

 

A partir desta experiência serão estudados os trabalhos a realizar no Museu do Diamante, nos processos de reformulação museológica, participação da comunidade, ações educativas, comunicação e gestão.

 

Nesta 5ª edição das Bolsas de Capacitação Ibermuseus, 20 projetos de profissionais de museus da Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Espanha, México e Uruguai foram selecionados para receber o apoio do Ibermuseus na realização do programa de intercâmbio. Juliane Nicolle Câmara, do Museu do Diamante, é uma das selecionadas, tendo oportunidade de desenvolver o seu projeto no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Sobre o Ibermuseus

O Ibermuseus tem entre seus objetivos fomentar a sustentabilidade das instituições e processos museológicos ibero-americanos, considerando que o tema está em constante debate na agenda política global desde os anos 1970. Atualmente, esta temática é uma das tarefas prioritárias para a Organização das Nações Unidas (ONU) e seus Estados para os próximos quinze anos, período previsto para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS -2030) em cada país.

 

A ação, que responde à procura por políticas específicas para a área dos museus, é tratada a partir de uma perspetiva multidimensional (social, cultural, econômica e ambiental) e transdisciplinar, que envolve diversas áreas de conhecimento.

 

O Programa Ibermuseus é uma iniciativa de cooperação dos 22 países ibero-americanos, com vista ao fomento e à articulação de políticas públicas na área de museus. Portugal é um dos países membros deste programa, fazendo parte do grupo de 11 países que integram o respetivo Comité Intergovernamental.

Pintor José Teixeira Barreto: Evocação do Nascimento

19 de Março, 2024

José Teixeira Barreto, filho de Domingos Teixeira Barreto, pintor, dourador e riscador de talha, que viveu e trabalhou em Santo Ildefonso, e de Josefa Maria Angelica, nasceu no Porto a 19 março de 1763. Aos 19 anos, tomou o hábito beneditino no Mosteiro de S. Martinho de Tibães, em Braga, adotando o nome de Fr. José da Apresentação.

 

Durante esta fase inicial da sua vida executou várias pinturas para os mosteiros de Tibães e de Santo Tirso. Quando foi para Lisboa estudar Desenho na aula do professor Joaquim Manuel da Rocha passou a residir no Mosteiro de S. Bento da Saúde (hoje edifício da Assembleia da República).

 

Em 1790, cinco anos depois de ter ido viver para Lisboa, viajou até Roma, para aperfeiçoar a sua pintura, frequentar os museus de arte italianos e copiar obras da Arte Clássica. Entre as obras que então realizou, contam-se duas águas-fortes datadas de 1794 e de 1795, dedicadas ao seu patrono, e 41 gravuras para o livro “Scherzi Poetici Pittorici” de Giovanni Gherardo Rosse, publicadas na edição de luxo dessa obra (Parma, 1811), oferecida a Napoleão.

De regresso a Portugal, trouxe uma coleção de pintura que veio a constituir um museu no Mosteiro de Tibães (dispersa após 1834 e que veio a integrar o Museu Portuense, atual Museu Nacional Soares dos Reis), as relíquias da virgem e mártir Santa Clara, depositadas na igreja do Terço (1798) e depois trasladadas (1803) para a capela do Bonfim, e três livros de desenhos da sua autoria, dois deles hoje pertencentes à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e o outro ao Museu Nacional Soares dos Reis.

 

No período pós-romano, produziu as pinturas do coro-alto da igreja matriz de Santo Tirso, o pano de boca do camarim do altar-mor da igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, no Porto (c. 1800), o pano de boca do altar-mor da igreja paroquial de S. João da Foz, no Porto, pinturas para os mosteiros de S. João de Pendorada e de Santa Maria de Pombeiro, possivelmente duas telas para a igreja portuense de S. Lourenço e hoje guardadas no Museu Nacional Soares dos Reis (“S. Pedro mostrando a Eucaristia” e “O Maná”), o autorretrato (Museu Nacional Soares dos Reis) e um retrato do pintor Francisco Vieira, o Portuense.

 

Na fase final da vida solicitou o reingresso na ordem beneditina. Porém, a morte surpreendeu-o no dia 6 de novembro de 1810. Foi sepultado no dia seguinte, numa campa rasa com o n.º 18, no cruzeiro da igreja do Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto. José Teixeira Barreto deixou um valioso legado, composto pela sua obra pictórica e também pelos quadros que colecionou.

 

Fonte documental

A histórica Fábrica de Louça de Miragaia na cidade do Porto

18 de Março, 2024

A Fábrica de Louça de Miragaia foi fundada por um comerciante minhoto enriquecido no Brasil, João Rocha (1720-1799), em Miragaia (Porto), em 1775, no contexto das reformas da indústria portuguesa promovidas pelo ministro Marquês de Pombal. João Rocha teve como sócio fundador o seu sobrinho João Bento da Rocha.

 

O objetivo dos empresários era manufaturar toda a qualidade de peças à semelhança das que Portugal importava à época de outros países europeus e da China.

 

Em 1814, já depois dos prejuízos sofridos com as Invasões Francesas, a Fábrica de Louça de Miragaia era a maior da cidade do Porto no ramo da cerâmica, com 27 trabalhadores, entre os quais existiam numerosos laços familiares, facilitando a transmissão de saberes técnicos e artísticos.

No final da década de 1820, sob a concorrência de anos da loiça importada de Inglaterra, iniciou-se a produção de peças semelhantes em forma e/ou decoração às inglesas, de que serão apresentados alguns exemplares na Exposição «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia», a inaugurar no próximo dia 22 março, no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Na década de 1850, após problemas financeiros, a fábrica encerrou, completando cerca de 80 anos de atividade, mantendo-se até hoje como um símbolo da qualidade da faiança produzida entre o Porto e Gaia.

 

O Museu Nacional Soares dos Reis preserva uma coleção de cerca de 180 peças da Fábrica de Louça de Miragaia, resultante de diferentes incorporações.

 

Comissariada por José da Costa Reis, na exposição «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia» aborda-se o tema das faianças ‘azul de safra’, assim denominadas devido à tonalidade da cor do seu vidrado, produzidas na Fábrica de Louça de Miragaia, no Porto, e datáveis do período compreendido entre 1775 e 1822.

 

A organização museológica da exposição promove a relação desta coleção com outras coleções de artes decorativas do Museu Nacional Soares dos Reis, valorizando a sua contextualização e interpretação com aproximações à história e às artes plásticas europeias, nomeadamente Pintura, Desenho e Gravura.

Dia Mundial da Poesia assinalado com visita temática especial

18 de Março, 2024

Público
Jovens e adultos

 

Duração
50 minutos

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

 

Valor
Gratuita

O Museu Nacional Soares dos Reis promove, no próximo dia 21 março, pelas 15 horas, a Visita Orientada ‘Artistas Mulheres, Poesia e Liberdade’, coincidindo com a celebração do Dia Mundial da Poesia. A participação é gratuita e as inscrições estão a decorrer.

 

Para as artistas representadas na exposição de longa duração do Museu Nacional Soares dos Reis, ser mulher não foi uma condição limitadora à sua afirmação e reconhecimento num mundo de domínio maioritariamente masculino.

 

As obras, vivências e percursos destas artistas, nascidas entre os séculos XVII e XX, são o ponto de partida para uma visita que se completa com poesia assinada por mulheres que viveram na mesma época, em circunstâncias similares.

 

A partir da contemplação de peças de Josefa d’Óbidos, Francisca de Almeida Furtado, Maria da Glória Ribeiro, Sofia e Aurélia de Souza, Sarah Afonso e Irene Vilar e das circunstâncias em que trabalharam, faz-se a ligação a poetas como Soror Maria do Céu, Antónia Pusich, Marta Câmara, Judith Teixeira, Maria O’Neil, Maria Osswald e Sophia de Mello Breyner.

 

A poesia é uma expressão íntima e universal, que transforma a linguagem comum em formas criativas, reveladoras de ideias, sentimentos e ações.

 

O Dia Mundial da Poesia comemora-se anualmente, a 21 de março. A data foi implementada na 30.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999.

 

Este dia pretende salientar a importância da poesia enquanto manifestação artística comum a toda a Humanidade. Celebra-se também a criatividade, a pluralidade linguística e cultural e promove-se o ensino e declamação da poesia.

Conversa sobre Exposição Teresa G. Lobo e Domingos Sequeira disponível online

15 de Março, 2024

Conversa dedicada à Exposição «Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira – um diálogo no tempo», com as participações do Diretor do Museu Calouste Gulbenkian, António Filipe Pimentel, do Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, António Ponte, do curador da exposição Bernardo Pinto de Almeida e da artista Teresa Gonçalves Lobo.

A mostra coloca em diálogo a nova exposição de desenhos de Teresa Gonçalves Lobo com obras de Domingos Sequeira, o grande artista português da transição do século XVIII para XIX.

 

No diálogo que sustenta esta exposição, percebe-se como uma semelhante aproximação ao desenho e ao modo do riscar acontece nas obras destes dois artistas apesar da longa distância no tempo que os separa, mas cujo propósito de fazer nascer a forma desse uso do risco os aproxima.

 

Teresa Gonçalves Lobo nasceu em 1968 no Funchal. Vive e trabalha em Lisboa e no Funchal. Estudou desenho, pintura, gravura e fotografia no Ar.Co Centro de Comunicação Visual e no Cenjor, respetivamente. Encontra-se representada em diversas coleções, privadas e institucionais, em Portugal e no estrangeiro.

 

A exposição estará patente ao público no Museu Nacional Soares dos Reis até ao próximo dia 28 abril.

Olhares em Diálogo sobre ‘Fontes e Fontanários – a água e a cidade’

15 de Março, 2024

‘Fontes e Fontanários – a água e a cidade’ é o tema da primeira sessão do programa «Olhares em Diálogo no Museu Nacional Soares dos Reis. Ciclo de Visitas Orientadas a Duas Vozes», promovido pelo MNSR em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.

 

A sessão está marcada para o próximo dia 19 março, sendo dirigida em exclusivo aos estudantes e profissionais do ICBAS, assim proporcionando visitas temáticas que irão explorar as ligações entre a medicina, as ciências da vida e da saúde e a arte, colocando lado a lado as visões e perspetivas de gestores de coleção do Museu e de docentes do ICBAS.

 

Adelaide Carvalho, gestora de coleção do MNSR, e Adriano Bordalo e Sá, Professor Associado do ICBAS, serão os orientadores desta visita comentada dedicada às ‘Fontes e Fontanários – a água e a cidade’.

A água, elemento essencial à vida, inspirou a construção de estruturas para a sua distribuição, fontes e chafarizes, que marcaram o urbanismo e a vivência nas cidades.

 

Pontos de vivacidade do município do Porto, as Fontes e os Fontanários espalhados pelas ruas, largos e praças da cidade constituem locais onde o património e a história do Porto é visível e som da água ecoa. Fonte dos Leões, Fonte Monumental Mouzinho da Silveira, Fonte da Cantareira, Chafariz do Passeio Alegre, Chafariz da Trindade e Fonte da Praça da Ribeira são alguns exemplos da Fontes mais emblemáticas da cidade.

 

Atualmente, o Porto dispõe de um total de 170 Fontes e 65 Fontanários distribuídos pelo tecido urbano (fonte: Águas do Porto).

As ilustrações de Soares dos Reis para ‘Os Lusíadas’ de Luís de Camões

14 de Março, 2024

Embora seja reconhecido como um dos mais aclamados escultores portugueses, António Soares dos Reis era também exímio no desenho, tendo colaborado com desenhos da sua autoria para ilustrações de várias obras. São exemplo desses desenhos, aqueles que produziu para ‘Os Lusíadas: poema épico em dez cantos’, de autoria de Luís de Camões, edição de 1878, da Imprensa Nacional.

 

Dirigida por Duarte Joaquim dos Santos e Aristides Abranches, trata-se de uma edição bilingue, em Português e Francês, traduzida por Fernando de Azevedo, com prólogo de Manuel Pinheiro Chagas, desenhos de Soares dos Reis e gravuras de J. Pedroso.

 

Para esta publicação, Soares dos Reis contribuiu com os seguintes desenhos: Camões (estampa do título), Concílio dos Deuses (1º canto), As Nereides (2.º canto), Assassínio de D. Inês de Castro (3.º canto), O Velho da praia do Restelo (4.º canto) e A estampa Assalto a Veloso (5.º canto).

 

A edição desta obra data de 1878 mas só foi concluída e colocada à venda dois anos mais tarde, em 1880, ano da comemoração do tricentenário da morte de Camões.

 

António Soares dos Reis fez vários estudos antes de concluir os desenhos, sendo que alguns desses estudos integram o acervo do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Considerado uma das figuras mais importantes da literatura portuguesa, Camões é o autor d’Os Lusíadas, sendo aclamado como uma das principais vozes da literatura épica mundial.

 

Por muito que a sua vida tenha sido sofrida e atribulada, o poeta notabiliza-se por uma educação requintada, que lhe permitiu estabelecer o contacto íntimo e inspirativo com as referências da poesia de então. Estima-se que o nascimento de Camões tenha ocorrido algures na primeira metade do século XVI, no ano de 1524, estando agora a decorrer a evocação dos 500 anos do seu nascimento.

 

Camões foi membro da corte, na condição de poeta lírico, embora tenha assumido uma vida incauta, que o conduziu a um autoexílio em África. Foi lá, como militar do exército português, que Camões perdeu o seu olho direito, acabando por voltar a Portugal. No entanto, voltaria a viajar, desta feita para o Oriente, onde redigiu “Os Lusíadas”, obra que quase perdia em pleno alto mar. O poeta morreu com 55 anos, estando sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

Convento de Santa Clara em Vila do Conde renasce como unidade hoteleira

14 de Março, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis tem origem no Museu de Pinturas e Estampas e outros objetos de Belas Artes, criado em 1833 por D. Pedro IV de Portugal, primeiro Imperador do Brasil, para salvaguarda dos bens sequestrados aos absolutistas e conventos abandonados na guerra civil (1832-34).

 

Com a extinção das ordens religiosas recolheram-se obras, entre outros, nos mosteiros de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra. Conhecido como Museu Portuense, ficou instalado no extinto Convento de Santo António da Cidade, na praça de S. Lázaro, vindo a ser formalizado por decreto em 1836 por D. Maria II.

 

De entre as peças que integram o acervo do Museu Nacional Soares dos Reis destacamos três peças provenientes do Convento de Santa Clara, em Vila do Conde: a Estante de Coro, o Esquife e a escultura Virgem com o Menino.

Situado numa pequena colina, na periferia da malha urbana de Vila do Conde, com vistas sobre o vale do rio Ave e sobre a própria cidade, o Convento de Santa Clara foi integrado, pelo Turismo de Portugal, no Programa Revive, tendo sido lançado, em 2018, o concurso público para a sua concessão, obras de reabilitação e posterior exploração como estabelecimento hoteleiro.

 

Ainda sem data para a cerimónia de inauguração oficial, o grupo hoteleiro vencedor do concurso anunciou já a abertura do novo The Lince Santa Clara, hotel de cinco estrelas, para o próximo dia 22 março.

 

O Convento fundado em 1318 por D. Afonso Sanches, filho ilegítimo do rei D. Dinis e sua mulher D. Teresa Martins, com o intuito de acolher senhoras da nobreza com poucos recursos. Foi doado no ano seguinte à Ordem de Santa Clara, tendo funcionado como convento feminino até à sua extinção no século XIX. O edifício conventual foi parcialmente reedificado em 1777, sendo alvo de sucessivas alterações até finais do século XX.

 

Integrado num vasto conjunto monumental, que integra também a Igreja Gótica de Santa Clara, o respetivo claustro e o aqueduto, a sua volumetria assume-se de forma majestosa perante a vila e sobre o vale do rio Ave, com uma imagem neoclássica.

Exposição «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia»

13 de Março, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis inaugura, no próximo dia 22 março, pelas 18 horas, a exposição temporária «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia», contando com a presença do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, EPE.

 

A mostra estará patente até 23 junho 2024, contando com o apoio mecenático da AOF-Augusto Oliveira Ferreira e Lusitânia Seguros, bem como o apoio do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Comissariada por José da Costa Reis, nesta exposição aborda-se o tema das faianças ‘azul de safra’, assim denominadas devido à tonalidade da cor do seu vidrado, produzidas na Fábrica de Louça de Miragaia, no Porto, e datáveis do período compreendido entre 1775 e 1822.

A organização museológica da exposição promove a relação desta coleção com outras coleções de artes decorativas do Museu Nacional Soares dos Reis, anteriores ao moderno conceito de design, valorizando a sua contextualização e interpretação com aproximações à história e às artes plásticas europeias, nomeadamente Pintura, Desenho e Gravura.

 

A exposição e respetivo roteiro pretendem reforçar a visibilidade e o conhecimento da coleção de cerâmica do Museu Nacional Soares dos Reis, um dos mais importantes acervos cerâmicos à guarda dos museus nacionais portugueses, estabelecendo a relação das influências da cultura inglesa na produção da Fábrica de Miragaia.

 

António Ponte, Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, salienta que a presente exposição permite “o estabelecimento de um diálogo, programático e museográfico, entre as faianças azul de safra com outros objetos coevos da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, transmitindo-se a ideia de transversalidade nas artes decorativas e nas artes plásticas portuguesas desta época”, o que resulta de “uma vontade de pensar as coleções para além das suas fronteiras e de acordo com as aspirações e necessidades do visitante contemporâneo”.

 

No conjunto das diferentes proveniências, o acervo de cerâmica do Museu inclui, atualmente, cerca de 4.000 peças de distintas tipologias: azulejaria, cerâmica de autor, núcleos de faiança portuguesa e espanhola (séculos XVI a XX), de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), de porcelana europeia (séculos XIX e XX) e de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII).

 

Breve história da Fábrica de Louça de Miragaia na cidade do Porto

 

No contexto das reformas da indústria portuguesa promovidas pelo ministro Marquês de Pombal, a Fábrica de Louça de Miragaia foi fundada por um comerciante minhoto enriquecido no Brasil, João Rocha (1720-1799), em Miragaia (Porto), em 1775. Teve como sócio fundador seu sobrinho João Bento da Rocha.

 

O objetivo dos empresários era “manufacturar toda a qualidade de peças da dita loiça á maneira da que vem de Paizes Estrangeiros”, especialmente da China e da Europa.

 

Em 1814, já depois dos prejuízos sofridos com as Invasões Francesas, a Fábrica de Louça de Miragaia era a maior da cidade do Porto no ramo da cerâmica, com 27 trabalhadores, entre os quais existiam numerosos laços familiares, facilitando a transmissão de saberes técnicos e artísticos.

 

No final da década de 1820, sob a concorrência de anos da loiça importada de Inglaterra, iniciou-se a produção de peças semelhantes em forma e/ou decoração às inglesas, que são apresentados alguns exemplares na Exposição «A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia». Na década de 1850, após problemas financeiros, a fábrica encerrou, completando cerca de 80 anos de atividade, mantendo-se até hoje como um símbolo da qualidade da faiança produzida entre o Porto e Gaia.

 

O Museu Nacional Soares dos Reis preserva uma coleção de cerca de 180 peças da Fábrica de Louça de Miragaia, resultante de diferentes incorporações.

Exposição ‘Paisagem’ motiva conversa sobre Fotografia e Arquivo

13 de Março, 2024

Público
Jovens e adultos

 

Entrada
Gratuita

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

No âmbito do programa paralelo da Exposição ‘Paisagem‘ de José Zagalo Ilharco, o Museu Nacional Soares dos Reis acolhe, no próximo sábado, dia 16 março, pelas 16 horas, a conversa ‘Fotografia e Arquivo – Arquivo Doméstico’, com a participação dos oradores João Gigante, Daniel Maciel e Maria Carneiro.

 

Pensar o arquivo, não apenas pela evidência da memória, mas também pela interpolação e reinterpretação que as artes visuais abordam, ao longo dos tempos, através do contacto “repetido” com este conceito, sublinhando sempre o método fotográfico como principal proposta.

 

Esta conversa parte do projeto RE.VER da associação AO NORTE, que tem como intuito tornar público um conjunto de atividades e discussões em torno da imagem fotográfica.

 

A exposição ‘Paisagem’ está patente ao público no Museu Nacional Soares dos Reis até 28 abril, reunindo uma seleção de fotografias, de José Zagalo Ilharco, sobretudo paisagens de Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto e Douro.

 

Das imagens apresentadas destaca-se, igualmente, um núcleo de fotografias realizadas em 1893 do velódromo Maria Amélia, produzidas antes da sua inauguração nos terrenos do Paço Real do Porto, onde se encontra instalado, atualmente, o Museu Nacional Soares dos Reis.

 

José Zagalo Ilharco (Lamego, 1860 – Porto, 1910), fotógrafo amador, premiado internacionalmente com uma imagem do rio Souza, dedicou-se primordialmente à fotografia de paisagem, mas também à antropologia dos espaços, de que são exemplo as imagens agora reveladas do Porto e de Matosinhos.

190 Anos do Jardim Marques de Oliveira, conhecido como S. Lázaro

13 de Março, 2024

Inaugurado a 4 abril de 1834, dia de aniversário de D. Maria II, o Jardim de S. Lázaro foi mandado construir por D. Pedro IV, tendo sido o primeiro jardim público da cidade do Porto.

 

A decisão de criar este jardim é contemporânea da constituição do Museu de Pinturas e Estampas e outros objetos de Belas Artes (hoje Museu Nacional Soares dos Reis), situado mesmo ao lado, no antigo edifício do Convento de Santo António, onde atualmente se localiza a Biblioteca Pública Municipal do Porto.

 

Na toponímia da cidade, o Jardim de S. Lázaro é identificado como Jardim de Marques de Oliveira (desde 1929), ali imortalizado num busto da autoria de António Soares dos Reis, cujo bronze se encontra no Museu Nacional Soares dos Reis (ver foto).

Natural do Porto, a vocação para o desenho expressa desde a infância levou João Marques de Oliveira, com apenas onze anos de idade, a ingressar na Academia Portuense de Belas Artes.

 

Em 1873, partiu para Paris com o colega Silva Porto, na qualidade de pensionista. Na cidade luz, Marques de Oliveira prosseguiu os estudos na Escola Nacional de Belas Artes com os professores Alexandre Cabanel e M. Yvon e teve oportunidade de contactar com alguns movimentos pictóricos, como o naturalismo da Escola de Barbizon e o Impressionismo, e de efetuar visitas de estudo à Holanda, à Bélgica e à Itália. As suas obras deste período foram, por diversas vezes, agraciadas com medalhas e menções honrosas. Como prova final do pensionato apresentou o quadro Céfalo e Prócris, que se encontra na Exposição de Longa Duração do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

No regresso ao país em 1879, numa época conturbada no meio artístico portuense, dominada pelo aceso debate sobre a reforma académica e do ensino das Belas-Artes, Oliveira e Silva Porto introduziram a Pintura de Ar Livre em Portugal e foram nomeados Académicos de Mérito da APBA. Neste contexto, surgiu no Porto, em 1880, o Centro Artístico Portuense, uma associação de artistas que buscavam o progresso das artes em Portugal, tal como em Lisboa pretendia o Grupo de Leão de Silva Porto. Na primeira eleição para a direção desta instituição, o escultor Soares dos Reis assumiu a presidência e Marques de Oliveira a vice-presidência, integrando também o conselho técnico. Nessa qualidade, organizou uma aclamada exposição, intitulada “Bazar do Centro Artístico Portuense”, que decorreu no antigo Palácio de Cristal, entre 27 de Março e Abril de 1881.

 

Pelo decreto de 26 de Maio de 1911, as Academias de Belas Artes deram lugar a três Conselhos de Arte e Arqueologia, ficando a Circunscrição do Porto (a 3ª) a tutelar o Museu Portuense que passou então a denominar-se Museu Soares dos Reis.

 

Em 1913 deixou o cargo de diretor da Escola de Belas Artes do Porto para assumir o de diretor do Museu Soares dos Reis, mantendo, no entanto, os seus cargos no Conselho de Arte e Arqueologia. Em 1926 foi compelido a abandonar a docência, por ter excedido a idade limite permitida pela nova lei, mas também por motivos de saúde. Faleceu, no Porto, a 9 de outubro de 1927.

Visita ao Palácio dos Carrancas: «Uma casa onde não nos perdemos»

12 de Março, 2024

Sábado, 16 março, 11H00
Duração: 1h (aprox.)
Visita orientada por Paula Azeredo
Mínimo de 5 pessoas e máximo de 20 pessoas

Inscrições aqui

 

Iniciativa exclusiva para membros do Círculo Dr. José Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

Agendada para o próximo dia 16 março, com entrada gratuita, nesta visita o participante é desafiado a explorar a arquitetura do edifício onde está instalado o Museu Nacional Soares dos Reis desde 1940.

 

Numa comparação feita com outros edifícios e outras funcionalidades, será possível compreender a planta do Palácio dos Carrancas.

 

A partir de uma dupla visão de fora para dentro e de dentro para fora, o visitante percorre múltiplos espaços e toma consciência das formas e módulos que estão na base do pensamento neoclássico.

 

O Palácio dos Carrancas foi mandado construir em 1795 pela família Morais e Castro, descendente de cristãos-novos, pertencente à burguesia portuense e que enriqueceu com a Fábrica de Tirador de Fio de Ouro e Prata aqui instalada. O edifício, com unidade fabril e residência, testemunhou e foi palco de acontecimentos sociais, militares e políticos ao longo do século XIX.

 

Marcadamente urbano e seguidor do estilo Neoclássico, que se instalava então no Porto, o Palácio teve um carater único em contexto de construção privada. Tudo aponta para a intervenção dos arquitetos municipais Joaquim da Costa Lima Sampaio e José Francisco de Paiva. A fachada, de grande clareza de desenho, dividia o edifício em dois corpos horizontais.

 

A distribuição seguia a hierarquia do antigo regime e os tratados de Arquitetura: andar nobre, pátio fechado com muro alteado, separação da manufatura e operários e a quinta recuada. O luxo afirmava-se nos espaços interiores, nomeadamente no andar nobre, permanecendo ainda dessa época a Sala de Jantar e a Sala da Música.

 

A grandiosidade do edifício associou-o ao cenário dos grandes acontecimentos político-militares da cidade. Por exemplo, durante a primeira invasão francesa, foi considerado um local estratégico e ocupado pelo marechal Soult. Pouco depois, estabelecia-se aqui o seu sucessor no comando militar da cidade, chefe do exército libertador, o general Arthur Wellesley.

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Comemoração do Dia Nacional dos Centros Históricos

12 de Março, 2024

O Dia Nacional dos Centros Históricos assinala-se oficialmente a 28 de março. À semelhança das edições anteriores, o Porto antecipa a comemoração para o fim-de-semana, permitindo que mais pessoas usufruam de um programa pleno de iniciativas.

 

Este ano, o Centro Histórico do Porto, classificado como Património Mundial pela UNESCO desde 1996, vai ser celebrado nos dias 23 e 24 de março, alargando-se assim o programa a dois dias, com um leque ainda maior de atividades para todos.

 

Para esse fim-de-semana, o Museu Nacional Soares dos Reis, o único Museu Nacional localizado na cidade do Porto e no Norte de Portugal, propõe duas atividades, agendadas para 23 e 24 março, sendo que a entrada é gratuita ao domingo para todos os residentes em Portugal.

No sábado, dia 23, pelas 16 horas, decorre o concerto do Síntese – Grupo de Música Contemporânea apresentando um programa dedicado à celebração da literatura portuguesa, com particular destaque para a poesia de Eugénio de Andrade. (atividade com entrada gratuita).

 

No domingo, dia 24, pelas 10h30, será realizada uma visita-oficina para famílias, com crianças a partir dos 10 anos. Nesta atividade, desenvolvida pela Associação Compassio, debruçamo-nos sobre a pintura e o que nos transmite, o que nos conta, o que nos faz sentir. Partindo da observação e reflexão partilhamos o que vemos e o que desejamos ver. Construímos histórias do dia-a-dia que irão ter novos títulos, novos autores, novas personagens com quem nos cruzamos e que tanto carinho e cuidado nos inspiram. Regressamos a outras paisagens com uma obra simbólica passada da caneta para o papel. (atividade com custo associado, sendo que as inscrições podem ser efetuadas pelo email se@mnsr.dgpc.pt)

 

O Dia Nacional dos Centros Históricos, criado em 1993, comemora-se anualmente a 28 de março, na data do nascimento de Alexandre Herculano, seu patrono e um dos maiores defensores do património nacional.

 

Recorde-se que Alexandre Herculano é autor do poema Tristezas do Desterro, que serviu de inspiração a António Soares dos Reis para criar O Desterrado, escultura de maior relevo e destaque da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

A data pretende recordar a importância dos centros históricos enquanto elementos de cultura e património que encerram um elevado valor histórico.

245 Anos da criação da Aula de Debuxo e Desenho do Porto

12 de Março, 2024

A Aula de Debuxo e Desenho foi a primeira manifestação do ensino artístico na cidade do Porto, precursora de instituições como a Academia Portuense de Belas-Artes, a Escola Superior de Belas Artes do Porto e as atuais faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto.

 

Alguns anos depois da criação de Aula de Náutica (1762), a Junta Administrativa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro solicitou ao rei a criação de um outro estabelecimento de ensino — a Aula de Debuxo e Desenho —, instituída pelo Decreto de 27 de Novembro de 1779, que também indigitou o primeiro “lente da Aula”, António Fernandes Jácome.

 

A este lente sucedeu o pintor Vieira Portuense, nomeado em 20 de Dezembro de 1800, o qual, passados três anos, se converteu em diretor do estabelecimento, sucedendo-lhe na docência José Teixeira Barreto, Raimundo José da Costa e, mais tarde, Domingos Sequeira.

O ensino ministrado nesta Aula visava, especialmente, o curso de pilotagem, embora também não estivessem ausentes preocupações com a indústria fabril, que ganhava incremento no Porto.

 

A aula era frequentada essencialmente por jovens nobres, mas também por comerciantes, fabricantes, artistas, oficiais, aprendizes e marinheiros que li encontravam a formação necessária para ‘desenharem as máquinas e instrumentos; para tirarem cartas geográficas e topográficas dos países, plantas de cidades, de embarcações, etc.’.

 

A Aula de Debuxo e Desenho funcionou no Colégio dos Meninos Órfãos, sob administração da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas de Alto Douro, até 1802. Neste ano, foi transferida para o Hospício dos Religiosos de Santo António devido ao elevado número de alunos que a frequentavam.

 

 

Imagem: Manuel da Silva Godinho (gravura); Teodoro de Sousa Maldonado (desenho), Porto, 1789

Texto adaptado de SANTOS, Cândido dos – Universidade do Porto: raízes e memória da Instituição. Porto: UP, 1996.

Visita Orientada dedicada aos Escultores de Gaia no Museu

11 de Março, 2024

Público
Jovens e adultos

 

 Duração
50 minutos

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

 

Valor
8 Euros

Os escultores Soares dos Reis e Teixeira Lopes são os primeiros elos de uma cadeia que se estende ao longo do séc. XX. Nesta linha de sucessão entram os nomes de Augusto Santo, Fernandes de Sá, António de Azevedo e Diogo de Macedo, entre outros artistas de Gaia formados na Escola de Belas-Artes do Porto.

 

Nesta visita orientada por Paula Santos Triães, os participantes são convidados a descobrir os escultores de Gaia representados no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Soares dos Reis projetou-se pelo último quartel do século XIX, época em que frutificaram relações europeias no ensino artístico através da atribuição de bolsas de estudo. Foi neste contexto que o escultor concebeu O Desterrado (Roma, 1872), obra de inspiração saudosista que se converteu em verdadeiro ícone nacional. São de destacar ainda Flor Agreste, as estátuas do Conde de Ferreira e o gesso de Brotero. Na área do retrato ficou célebre o Busto da Inglesa, Mrs. Leech.

 

Entre os discípulos de Soares dos Reis na Escola de Belas Artes do Porto demarca-se António Teixeira Lopes com Infância de Caim (1890), que antecede a transição para o Naturalismo.

 

Dotado de um profundo sentimento plástico, António Teixeira Lopes foi influenciado pelos neoflorentinos e desenvolveu um particular gosto pelo lirismo no tratamento da figura humana. As suas primeiras obras, Ofélia e Botão de Rosa, denunciam uma admiração pela escultura de Falguière.

 

Em 1889, assume já um estilo próprio em Caim (Museu Nacional de Soares dos Reis), caraterizado pelo dramatismo da expressão facial e corporal que manterá ao longo da sua obra, como nas peças A Viúva e Caridade (Museu do Chiado), nas alegorias à História (no jazigo de Oliveira Martins, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa) e à Dor (estátua funerária no Cemitério de Agramonte, no Porto).

 

Tratou, essencialmente, temas religiosos para igrejas e hospitais, como Rainha Santa Isabel (Igreja de Santa Clara-a-Nova), Senhora de Fátima (Hospital de Fátima) e Santo Isidoro (Igreja Paroquial de Santo Isidoro, em Marco de Canaveses).

«Olhares Cruzados sobre as Coleções» dedicado à pintura

11 de Março, 2024

‘A Pintura vista por quem pinta’ é o tema da primeira sessão do Programa «Olhares Cruzados sobre as Coleções», a realizar no próximo dia 14 março, quinta-feira, pelas 18 horas, com entrada livre, sujeita a inscrição prévia que pode ser efetuada aqui.

Nesta sessão, estará em destaque a obra “Casas brancas de Capri”, de Henrique Pousão, contando com a participação de Ana Paula Machado, gestora da coleção de pintura do Museu Nacional Soares dos Reis, e de Francisco Araújo, aluno de Mestrado em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes do Porto, e autor de cópias de pormenores da obra em questão, no âmbito da disciplina de Técnicas da Pintura.

 

Na sessão ‘A Pintura vista por quem pinta’ será feita uma apresentação breve da pintura do ponto de vista da História da Arte, seguida da análise das técnicas e modos de fazer, desafios, recursos e respostas do pintor. Os participantes serão depois convidados a visitar a obra “Casas brancas de Capri” no seu espaço de exposição.

 

O Programa «Olhares Cruzados sobre as Coleções» pretende fomentar espaços de reflexão participada, através do cruzamento de diferentes olhares, leituras e interpretações sobre as obras das coleções do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Tendo presente que cada um dos objetos que integra as coleções tem o poder de transmitir mensagens, despertar emoções e provocar reflexões sobre questões sociais, políticas ou mesmo filosóficas, o Museu Nacional Soares dos Reis considera que as peças que integram o seu acervo são um recurso fundamental na construção de conhecimento e entendimento, não só dos objetos em si, mas também da pessoa, das instituições e do mundo.

 

É este o ponto de partida que, ao longo dos próximos meses, permitirá lançar ‘Olhares Cruzados sobre as Coleções’, abordando temas tão diversos como ‘Liberdades e transgressões à luz de obras escolhidas de Cristóvão de Figueiredo, Domingos Sequeira e José Tagarro’; ‘A Pintura do Romantismo como documento etnográfico do Minho’ ou as ‘Artes decorativas portuguesas’.

Domingos Sequeira: da Casa Pia a pintor oficial da Corte

10 de Março, 2024

Nascido a 10 março de 1768, Domingos António de Sequeira (Lisboa, 1768 – Roma, 1837) é considerado por alguns como o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX.

 

Filho de um barqueiro e nascido no seio de uma família pobre, em 1768, Domingos Sequeira foi educado na Casa Pia, onde frequentou o curso de Desenho e Figura.

 

Com bolsa real concedida por D. Maria l, recebe aulas de pintura e desenho de Antonio Cavallucci, em Roma. De regresso a Lisboa é nomeado, pelo futuro D. João VI,  pintor da corte e corresponsável da empreitada de pintura do Palácio da Ajuda. Foi ainda professor de Desenho e Pintura da Família Real e, em 1806, dirigiu a aula da Academia de Marinha, Porto.

No contexto das invasões francesas, Domingos Sequeira estabeleceu amizades com oficiais do exército napoleónico, como o Conde de Forbin, oficial e pintor amador. Esta aproximação valeu-lhe a encomenda de uma representação alegórica da ação protetora do general Junot sobre Lisboa. O óleo sobre tela Junot protegendo a cidade de Lisboa, data de 1808 e integra o acervo do Museu Nacional Soares dos Reis (na imagem).

 

Graças a essa atividade, Sequeira foi visto como colaborador do inimigo ocupante e por isso alvo de perseguições e processos condenatórios de que só a muito custo se reabilitou.

 

Nesta composição estão representados três grupos de figuras nos primeiros planos, entre as quais se destaca Junot, em traje militar, voltado para uma mulher jovem que representa a cidade de Lisboa, amparada pela Religião e pelo Génio da Nação. À esquerda, os dois homens representam Marte que aniquila Neptuno, simbolizando, respetivamente, a França e a Inglaterra enquanto, no lado oposto, as duas mulheres simbolizam a abundância e a sabedoria, Ceres e Minerva.

 

Os últimos anos da sua vida são passados em Roma, onde se dedica sobretudo à pintura religiosa.

 

Para além das obras de Domingos Sequeira integradas na Exposição de Longa Duração, o Museu Nacional Soares dos Reis tem patente, até 28 abril, a exposição «Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira – um diálogo no tempo».

 

Créditos de imagem
Capa: Desenho ‘Auto-retrato de Domingos António de Sequeira’ (o primeiro auto-retrato conhecido do artista) @Museu Nacional de Arte Antiga

Presidente da Fundação Millennium BCP visita Exposição no MNSR

8 de Março, 2024

O Presidente do Conselho de Administração da Fundação Millennium BCP, Embaixador António Monteiro, visitou, esta tarde, a Exposição Temporária ‘Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira – um diálogo no tempo’, acompanhado pelo Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, António Ponte.

 

Contando com o apoio mecenático da Fundação Millenium bcp, a mostra coloca em diálogo a nova exposição de desenhos de Teresa Gonçalves com obras de Domingos Sequeira, o grande artista português da transição do século XVIII para XIX, e estará patente ao público até 28 de abril.

No diálogo que sustenta esta exposição, percebe-se como uma semelhante aproximação ao desenho e ao modo do riscar acontece nas obras destes dois artistas apesar da longa distância no tempo que os separa, mas cujo propósito de fazer nascer a forma desse uso do risco os aproxima.

 

Teresa Gonçalves Lobo (Funchal, 1968), cujo trabalho se iniciou há mais de duas décadas, centrou-se logo de início no desenho como campo expressivo onde tem desenvolvido notável pesquisa. Está representada em diversas coleções, privadas e institucionais, em Portugal e no estrangeiro.

 

Domingos Sequeira (Lisboa, 1768 – Roma, 1837), considerado por alguns o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX.

 

Para além do já mencionado apoio da Fundação Millenium bcp, a exposição – comissariada por Bernardo Pinto de Almeida – conta ainda com o contributo mecenático da Lusitânia Seguros, bem como o apoio institucional do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

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