Coleções
Tesouros Nacionais
O Museu Nacional Soares dos Reis possui um conjunto de 10 peças classificadas como bens de interesse nacional, também designadas de Tesouros Nacionais. Esta classificação é atribuída aos objetos de incontestável valor nacional pela sua antiguidade, autenticidade, criatividade, exemplaridade, memória, originalidade, raridade ou singularidade.
Cerâmica
A cerâmica é uma das mais importantes coleções do Museu Nacional Soares dos Reis, não só pelo número de peças, mas também pela sua relevância, representando a produção de faiança em Portugal desde o século XVI.
Entre as muitas peças que compõem esta coleção predomina a faiança nacional nortenha, em particular de Viana do Castelo, do Porto e de Vila Nova de Gaia. Das outras regiões do país, destacam-se os conjuntos cerâmicos provenientes de Coimbra, de Lisboa (Rato) e a que é atribuída a Aveiro. A coleção integra também três valiosos núcleos: um de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII), outro de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), e outro de porcelana europeia (séculos XIX e XX). O núcleo de porcelanas é constituído na sua grande maioria por peças chinesas de várias épocas, que vão desde o século XVI, do período Jiajing (dinastia Ming), até ao século XIX.
Em reserva conservam-se outras peças relacionadas com as que são apresentadas na exposição de longa duração assim como outros núcleos relativos ao século XX. Refira-se a doação de João Castel Branco Pereira e Paulo Henriques e um expressivo conjunto da obra cerâmica do escultor e pintor alemão Hein Semke (1899-1995).
Entre as muitas peças que compõem esta coleção predomina a faiança nacional nortenha, em particular de Viana do Castelo, do Porto e de Vila Nova de Gaia. Das outras regiões do país, destacam-se os conjuntos cerâmicos provenientes de Coimbra, de Lisboa (Rato) e a que é atribuída a Aveiro. A coleção integra também três valiosos núcleos: um de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII), outro de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), e outro de porcelana europeia (séculos XIX e XX). O núcleo de porcelanas é constituído na sua grande maioria por peças chinesas de várias épocas, que vão desde o século XVI, do período Jiajing (dinastia Ming), até ao século XIX.
Em reserva conservam-se outras peças relacionadas com as que são apresentadas na exposição de longa duração assim como outros núcleos relativos ao século XX. Refira-se a doação de João Castel Branco Pereira e Paulo Henriques e um expressivo conjunto da obra cerâmica do escultor e pintor alemão Hein Semke (1899-1995).
Diversos
A maioria dos museus tem no seu inventário uma secção na qual integra peças consideradas avulsas, ou pela sua singularidade ou porque não são em número suficiente para constituir uma categoria própria.
No Museu Nacional Soares dos Reis, em cuja coleção convivem os espólios do Museu Portuense e do Museu Municipal do Porto, existem duas secções paralelas com essa natureza reunindo uma tipologia muito alargada de objetos destacáveis, quer pela sua raridade ou bizarria, pelo seu caráter simbólico, ou pela sua qualidade artística. Na coleção designada Diversos foram integradas peças que hoje classificaríamos em categorias como Ourivesaria, Escultura, entre outras, mas que, no período e contexto em que foram catalogadas, configuraram uma unidade própria. Foram aí integrados por exemplo, os primeiros objetos chegados do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1834. Objetos carismáticos, desde sempre rodeados de uma aura quase mítica: a espada de D. Afonso Henriques (hoje em depósito no Museu Militar do Porto), uma série de placas em esmalte de Limoges representando a Paixão de Cristo ou uma escrivaninha em tartaruga e ouro. Nesta mesma secção foram integradas peças de grande qualidade que, nos primeiros tempos de existência do Museu Portuense, foram doadas por gente da cidade, como um pequeno oratório holandês em madeira de buxo do século XVI. Já da coleção do Museu Municipal, em depósito no MNSR em 1937, reúnem-se sob o nome de Diversos várias subcategorias como curiosidades, objetos históricos, objetos arqueológicos ou miudezas. Esse conjunto funciona hoje como uma cápsula do tempo na qual se conserva a essência do espírito eclético e enciclopédico do colecionismo do século XIX, materializado na coleção de João Allen. Aí se encontram as curiosidades mais extravagantes a par com as peças artisticamente mais qualificadas.
No Museu Nacional Soares dos Reis, em cuja coleção convivem os espólios do Museu Portuense e do Museu Municipal do Porto, existem duas secções paralelas com essa natureza reunindo uma tipologia muito alargada de objetos destacáveis, quer pela sua raridade ou bizarria, pelo seu caráter simbólico, ou pela sua qualidade artística. Na coleção designada Diversos foram integradas peças que hoje classificaríamos em categorias como Ourivesaria, Escultura, entre outras, mas que, no período e contexto em que foram catalogadas, configuraram uma unidade própria. Foram aí integrados por exemplo, os primeiros objetos chegados do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1834. Objetos carismáticos, desde sempre rodeados de uma aura quase mítica: a espada de D. Afonso Henriques (hoje em depósito no Museu Militar do Porto), uma série de placas em esmalte de Limoges representando a Paixão de Cristo ou uma escrivaninha em tartaruga e ouro. Nesta mesma secção foram integradas peças de grande qualidade que, nos primeiros tempos de existência do Museu Portuense, foram doadas por gente da cidade, como um pequeno oratório holandês em madeira de buxo do século XVI. Já da coleção do Museu Municipal, em depósito no MNSR em 1937, reúnem-se sob o nome de Diversos várias subcategorias como curiosidades, objetos históricos, objetos arqueológicos ou miudezas. Esse conjunto funciona hoje como uma cápsula do tempo na qual se conserva a essência do espírito eclético e enciclopédico do colecionismo do século XIX, materializado na coleção de João Allen. Aí se encontram as curiosidades mais extravagantes a par com as peças artisticamente mais qualificadas.
Escultura
Na coleção de Escultura do Museu Nacional Soares dos Reis sobressai a obra de Soares dos Reis e o seu célebre Desterrado. Na linha de sucessão deste artista português, o Museu integra peças de Teixeira Lopes e de vários discípulos da Escola de Belas Artes do Porto. Há também um núcleo que alinha vários artistas do Modernismo e o espólio do escultor-ceramista alemão Hein Semke.
Soares dos Reis projetou-se pelo último quartel do século XIX, época em que frutificaram relações europeias no ensino artístico através da atribuição de bolsas de estudo. Foi neste contexto que o finalista concebeu O Desterrado (Roma, 1872), obra de inspiração saudosista que se converteu em verdadeiro ícone nacional. São de destacar ainda Flor Agreste, as estátuas do Conde de Ferreira e o gesso de Brotero. Na área do retrato ficou célebre o Busto da Inglesa, Mrs. Leech. Entre os discípulos de Soares dos Reis na Escola de Belas Artes do Porto demarca-se António Teixeira Lopes com Infância de Caim (1890), que antecede a transição para o Naturalismo. Nesta corrente distingue-se uma Cabeça de Velha de Fernandes de Sá, reveladora da influência de Rodin, esbocetos de Alves de Sousa e peças de Oliveira Ferreira, Pinto do Couto, Américo Gomes e outros. Na década de 1920, surgem ligados ao impulso modernista António Azevedo, Diogo de Macedo e Francisco Franco, que se aproximam pelo tratamento depurado no retrato, enquanto Canto da Maya explora o ideal de retorno às origens da arte europeia em peças como Baiser. Retoma-se a Escola do Porto com obras de Gustavo Bastos e Irene Vilar, na sucessão de mestre Barata Feio. Numa linha não-figurativa demarca-se a Abstração I de Arlindo Rocha (1949). Finalmente, o espólio de Hein Semke deixa transparecer ideais de Paz e Justiça em obras de apelo transcendental. A coleção de Escultura abrange ainda a Romanização da Península, como ilustra um Sarcófago alusivo às Quatro Estações do Ano originário de Reguengos, no Alentejo. São ainda de valorizar obras de arte da Idade Moderna e Medieval, em cujo percurso impera um Cristo articulado, datável dos séculos XIII-XIV entre Valladolid e Palência.
Soares dos Reis projetou-se pelo último quartel do século XIX, época em que frutificaram relações europeias no ensino artístico através da atribuição de bolsas de estudo. Foi neste contexto que o finalista concebeu O Desterrado (Roma, 1872), obra de inspiração saudosista que se converteu em verdadeiro ícone nacional. São de destacar ainda Flor Agreste, as estátuas do Conde de Ferreira e o gesso de Brotero. Na área do retrato ficou célebre o Busto da Inglesa, Mrs. Leech. Entre os discípulos de Soares dos Reis na Escola de Belas Artes do Porto demarca-se António Teixeira Lopes com Infância de Caim (1890), que antecede a transição para o Naturalismo. Nesta corrente distingue-se uma Cabeça de Velha de Fernandes de Sá, reveladora da influência de Rodin, esbocetos de Alves de Sousa e peças de Oliveira Ferreira, Pinto do Couto, Américo Gomes e outros. Na década de 1920, surgem ligados ao impulso modernista António Azevedo, Diogo de Macedo e Francisco Franco, que se aproximam pelo tratamento depurado no retrato, enquanto Canto da Maya explora o ideal de retorno às origens da arte europeia em peças como Baiser. Retoma-se a Escola do Porto com obras de Gustavo Bastos e Irene Vilar, na sucessão de mestre Barata Feio. Numa linha não-figurativa demarca-se a Abstração I de Arlindo Rocha (1949). Finalmente, o espólio de Hein Semke deixa transparecer ideais de Paz e Justiça em obras de apelo transcendental. A coleção de Escultura abrange ainda a Romanização da Península, como ilustra um Sarcófago alusivo às Quatro Estações do Ano originário de Reguengos, no Alentejo. São ainda de valorizar obras de arte da Idade Moderna e Medieval, em cujo percurso impera um Cristo articulado, datável dos séculos XIII-XIV entre Valladolid e Palência.
Gravura
A coleção de Gravura do Museu Nacional Soares dos Reis contempla um período cronológico delimitado pelos séculos XVII e XX e inclui uma diversidade de autores portugueses e estrangeiros.
A gravura antiga em Portugal contempla autores da passagem do século XVIII para o século XIX. A técnica litográfica na primeira metade do século XIX encontra-se essencialmente patente no retrato.
As representações da iconografia local revelam a cidade do Porto desde finais do século XVIII, com os seus principais edifícios e rodeada pela antiga muralha defensiva, em registos valiosos para a história do urbanismo. Os aspetos panorâmicos multiplicados nas primeiras décadas do século XIX valorizam as perspetivas fluviais, a atividade ribeirinha e o porto fluvial. Na linha temática da Iconografia Histórica, a coleção acompanha também as interpretações dos acontecimentos políticos e militares da cidade do primeiro quartel do século XIX.
A gravura antiga em Portugal contempla autores da passagem do século XVIII para o século XIX. A técnica litográfica na primeira metade do século XIX encontra-se essencialmente patente no retrato.
As representações da iconografia local revelam a cidade do Porto desde finais do século XVIII, com os seus principais edifícios e rodeada pela antiga muralha defensiva, em registos valiosos para a história do urbanismo. Os aspetos panorâmicos multiplicados nas primeiras décadas do século XIX valorizam as perspetivas fluviais, a atividade ribeirinha e o porto fluvial. Na linha temática da Iconografia Histórica, a coleção acompanha também as interpretações dos acontecimentos políticos e militares da cidade do primeiro quartel do século XIX.
Lapidária
A coleção de Lapidária do Museu Nacional Soares dos Reis abarca um período extenso que vem desde a pré-história com um exemplar de arte rupestre (Pedra com Insculturas, 2ª metade do IIIº milénio – finais IIº milénio a.C.) até ao século XIX. Reúne peças de escultura arquitetónica, funerária, heráldica e de epigrafia (portais, capitéis, pedras de armas, estelas funerárias, sarcófagos, marcos miliários, inscrições).
A coleção de Lapidária destaca-se pela tipologia de peças, pelo seu material (a pedra, sobretudo granito) e dimensões. O núcleo principal da coleção pertence ao acervo do Museu Municipal do Porto que foi depositado em 1938 no MNSR. Em termos geográficos, inclui objetos provenientes maioritariamente do Norte e Centro do país. Reflete uma época em que foram recolhidos nos museus elementos em pedra, resultantes de escavações arqueológicas, demolições de edifícios ou muralhas, e que se encontravam abandonados. No Jardim da Cerca, encontram-se expostos elementos arquitetónicos, decorativos e pedras de armas provenientes de casas, chafarizes, portas da cidade, muralhas, conventos e capelas demolidas na cidade do Porto, entre o final do século XIX e início do XX. A atual estação ferroviária de S. Bento, na praça Almeida Garrett, ocupa o lugar do antigo Convento de S. Bento de Avé-Maria. No Largo da Sé, até ao início do século XX, existia um muro que separava o Paço Episcopal e a catedral. Próximo deste local, no Largo 1.º de Dezembro, é possível ainda visitar a igreja do extinto Convento de Santa Clara, mas os restantes edifícios pertencentes ao convento foram completamente alterados pelas instituições que aí se foram instalando. Na Rua das Flores, que já foi Rua de Santa Catarina das Flores, ainda é possível ver em algumas fachadas a roda de navalhas, símbolo que D. Pedro da Costa (bispo do Porto) integrou no brasão de armas.
A coleção de Lapidária destaca-se pela tipologia de peças, pelo seu material (a pedra, sobretudo granito) e dimensões. O núcleo principal da coleção pertence ao acervo do Museu Municipal do Porto que foi depositado em 1938 no MNSR. Em termos geográficos, inclui objetos provenientes maioritariamente do Norte e Centro do país. Reflete uma época em que foram recolhidos nos museus elementos em pedra, resultantes de escavações arqueológicas, demolições de edifícios ou muralhas, e que se encontravam abandonados. No Jardim da Cerca, encontram-se expostos elementos arquitetónicos, decorativos e pedras de armas provenientes de casas, chafarizes, portas da cidade, muralhas, conventos e capelas demolidas na cidade do Porto, entre o final do século XIX e início do XX. A atual estação ferroviária de S. Bento, na praça Almeida Garrett, ocupa o lugar do antigo Convento de S. Bento de Avé-Maria. No Largo da Sé, até ao início do século XX, existia um muro que separava o Paço Episcopal e a catedral. Próximo deste local, no Largo 1.º de Dezembro, é possível ainda visitar a igreja do extinto Convento de Santa Clara, mas os restantes edifícios pertencentes ao convento foram completamente alterados pelas instituições que aí se foram instalando. Na Rua das Flores, que já foi Rua de Santa Catarina das Flores, ainda é possível ver em algumas fachadas a roda de navalhas, símbolo que D. Pedro da Costa (bispo do Porto) integrou no brasão de armas.
Mobiliário
Os núcleos de mobiliário religioso e civil formam no seu conjunto um arco temporal que se estende do século XVI ao século XX. A coleção inclui alguns exemplares que ilustram ciclos artísticos que notabilizaram o mobiliário português. Integra também peças de origem europeia e outras de produção oriental.
Entre os exemplares de mobiliário português destaca-se o designado estilo nacional, um período de individualização artística situado entre 1675-1725, assim como o mobiliário barroco desenvolvido em Portugal na segunda metade do século XVIII, com materiais e técnicas que igualmente o particulariza. Da passagem do século XVIII para o XIX, do período neoclássico, preserva-se um conjunto de peças criado para os espaços de receção do antigo palácio, que permitem uma rara leitura entre mobiliário e arquitetura, pintura e estuques decorativos.
As peças de origem europeia enquadram-se em movimentos artísticos que apontam para gostos e influências de relevo para o mobiliário nacional.
O conjunto de peças de produção oriental, legado artístico resultante da Expansão Portuguesa e do seu império colonial, proporciona a leitura de um cruzamento de culturas através de objetos luxuosos realizados numa pluralidade de materiais raros e exóticos.
Entre os exemplares de mobiliário português destaca-se o designado estilo nacional, um período de individualização artística situado entre 1675-1725, assim como o mobiliário barroco desenvolvido em Portugal na segunda metade do século XVIII, com materiais e técnicas que igualmente o particulariza. Da passagem do século XVIII para o XIX, do período neoclássico, preserva-se um conjunto de peças criado para os espaços de receção do antigo palácio, que permitem uma rara leitura entre mobiliário e arquitetura, pintura e estuques decorativos.
As peças de origem europeia enquadram-se em movimentos artísticos que apontam para gostos e influências de relevo para o mobiliário nacional.
O conjunto de peças de produção oriental, legado artístico resultante da Expansão Portuguesa e do seu império colonial, proporciona a leitura de um cruzamento de culturas através de objetos luxuosos realizados numa pluralidade de materiais raros e exóticos.
Ourivesaria e Joalharia
Os núcleos de Ourivesaria e Joalharia foram constituídos em 1932 com a incorporação de um conjunto de objetos do espólio do Paço Episcopal do Porto. A coleção foi crescendo com a incorporação de peças provenientes de conventos extintos, de acervos de palácios reais, de doações e de aquisições pontuais.
O depósito das coleções da Câmara Municipal do Porto no MNSR em 1937 valorizou o núcleo de Joalharia de forma significativa, enriquecendo-o com um variado conjunto de joias pertencentes ao acervo do extinto Museu Municipal.
O depósito das coleções da Câmara Municipal do Porto no MNSR em 1937 valorizou o núcleo de Joalharia de forma significativa, enriquecendo-o com um variado conjunto de joias pertencentes ao acervo do extinto Museu Municipal.
Pintura
A origem da coleção de pintura do Museu Nacional Soares dos Reis remonta a 1833, com a criação do primeiro museu público de arte estabelecido em Portugal, o Museu Portuense. Hoje, a coleção conta com cerca de 2500 objetos e abrange um arco temporal delimitado pelos séculos XVI e XX. O conjunto mais emblemático da coleção é dedicado aos pintores românticos, naturalistas e realistas (séculos XIX e XX) e inclui nomes como Silva Porto, Marques de Oliveira, Artur Loureiro, Sousa Pinto, Henrique Pousão, Aurélia de Souza e António Carneiro.
Uma das razões que assistiu à criação do Museu Portuense foi a necessidade de recolher obras provenientes de conventos e igrejas abandonados. Em 1836, com a criação das Academias de Belas Artes de Lisboa e do Porto, a Academia Portuense foi instalada no edifício onde se encontrava o espólio do Museu: o Convento de Santo António da Cidade (a atual Biblioteca Pública Municipal do Porto). Esta situação manteve-se durante quase um século, tempo ao longo do qual o museu serviu a Academia e nele foram sendo integradas algumas obras de professores e alunos, conforme o que estava estabelecido nos respetivos estatutos: as provas de concursos académicos, as remessas de pensionistas e ainda as ofertas de variada proveniência. Esta contingência histórica conferiu à coleção uma marca distintiva: a predominância da produção dos artistas portugueses, principalmente portuenses, dos séculos XIX e XX. As doações e legados ao Museu e as políticas de aquisições definidas desde então concorreram para o alargamento da coleção nesse mesmo sentido. Entre 1932 e 1950, sob a direção de Vasco Valente, a coleção inicia uma nova fase marcada pela partilha de espólios com a Escola de Belas Artes do Porto e pela integração das coleções do Museu Municipal do Porto em regime de depósito, em 1937. A junção dos espólios conferiu maior diversidade e qualidade à coleção, alargando o âmbito geográfico e cronológico de representação. O núcleo principal da coleção de pintura do Museu Municipal do Porto fora formado com a aquisição, em 1850, pela Câmara Municipal do Porto, da coleção de João Allen (1781-1848) constituída por 599 pinturas de artistas nacionais e estrangeiros, do século XVI aos primeiros anos do século XIX. Na coleção municipal destaca-se ainda o conjunto de 113 obras legadas por Júlio Osório, em 1911 e 21 obras da autoria de Silva Porto doadas por Honório de Lima, em 1941. Entre 1950 e 1960, sob a direção do escultor e professor Salvador Barata Feyo, o MNSR iniciou um processo de atualização da coleção, alterando o paradigma da política de aquisições da instituição ao investir na aquisição de obras de artistas contemporâneos. Este impulso foi retomado em 1975 com a instalação no MNSR do Centro de Arte Contemporânea — a semente do que viria a ser o Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Durante os seis anos em que a pioneira atividade do Centro se desenvolve, entraram no acervo do Museu perto de uma centena de obras representativas das múltiplas experiências artísticas então a acontecer como a neo-figuração, o neo-abstracionismo ou a arte pop. Nas duas últimas décadas, o Museu tem continuado a adquirir pontualmente obras com o propósito de reforçar o discurso da sua exposição permanente e também a absorver um grande número de doações. São estes últimos impulsos que enriqueceram a coleção com uma representação notável de pintura do século XX em que se cruzam as produções finais dos movimentos do século anterior e as obras de vanguarda do Modernismo português, mas também as múltiplas experiências artísticas dos anos 60 a 80. Aí se distinguem autores como Eduardo Viana, Amadeo de Souza-Cardoso, Armando de Basto, Dordio Gomes, José Tagarro, Diogo de Macedo, Júlio Resende, Ângelo de Sousa e Álvaro Lapa entre muitos outros.
Uma das razões que assistiu à criação do Museu Portuense foi a necessidade de recolher obras provenientes de conventos e igrejas abandonados. Em 1836, com a criação das Academias de Belas Artes de Lisboa e do Porto, a Academia Portuense foi instalada no edifício onde se encontrava o espólio do Museu: o Convento de Santo António da Cidade (a atual Biblioteca Pública Municipal do Porto). Esta situação manteve-se durante quase um século, tempo ao longo do qual o museu serviu a Academia e nele foram sendo integradas algumas obras de professores e alunos, conforme o que estava estabelecido nos respetivos estatutos: as provas de concursos académicos, as remessas de pensionistas e ainda as ofertas de variada proveniência. Esta contingência histórica conferiu à coleção uma marca distintiva: a predominância da produção dos artistas portugueses, principalmente portuenses, dos séculos XIX e XX. As doações e legados ao Museu e as políticas de aquisições definidas desde então concorreram para o alargamento da coleção nesse mesmo sentido. Entre 1932 e 1950, sob a direção de Vasco Valente, a coleção inicia uma nova fase marcada pela partilha de espólios com a Escola de Belas Artes do Porto e pela integração das coleções do Museu Municipal do Porto em regime de depósito, em 1937. A junção dos espólios conferiu maior diversidade e qualidade à coleção, alargando o âmbito geográfico e cronológico de representação. O núcleo principal da coleção de pintura do Museu Municipal do Porto fora formado com a aquisição, em 1850, pela Câmara Municipal do Porto, da coleção de João Allen (1781-1848) constituída por 599 pinturas de artistas nacionais e estrangeiros, do século XVI aos primeiros anos do século XIX. Na coleção municipal destaca-se ainda o conjunto de 113 obras legadas por Júlio Osório, em 1911 e 21 obras da autoria de Silva Porto doadas por Honório de Lima, em 1941. Entre 1950 e 1960, sob a direção do escultor e professor Salvador Barata Feyo, o MNSR iniciou um processo de atualização da coleção, alterando o paradigma da política de aquisições da instituição ao investir na aquisição de obras de artistas contemporâneos. Este impulso foi retomado em 1975 com a instalação no MNSR do Centro de Arte Contemporânea — a semente do que viria a ser o Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Durante os seis anos em que a pioneira atividade do Centro se desenvolve, entraram no acervo do Museu perto de uma centena de obras representativas das múltiplas experiências artísticas então a acontecer como a neo-figuração, o neo-abstracionismo ou a arte pop. Nas duas últimas décadas, o Museu tem continuado a adquirir pontualmente obras com o propósito de reforçar o discurso da sua exposição permanente e também a absorver um grande número de doações. São estes últimos impulsos que enriqueceram a coleção com uma representação notável de pintura do século XX em que se cruzam as produções finais dos movimentos do século anterior e as obras de vanguarda do Modernismo português, mas também as múltiplas experiências artísticas dos anos 60 a 80. Aí se distinguem autores como Eduardo Viana, Amadeo de Souza-Cardoso, Armando de Basto, Dordio Gomes, José Tagarro, Diogo de Macedo, Júlio Resende, Ângelo de Sousa e Álvaro Lapa entre muitos outros.
Têxtil
A coleção de Têxteis do Museu Nacional Soares dos Reis abrange essencialmente os séculos XVII, XVIII e XIX e pode ser agrupada em três núcleos: histórico, religioso e civil.
O núcleo histórico é constituído por peças com significado no contexto da História da cidade do Porto. O religioso é o mais numeroso, constituído por vestes usadas pelo celebrante na missa e peças com que se adornam as igrejas. O núcleo civil integra peças de vestuário feminino e masculino, bem como colchas e tapeçarias.
A coleção foi formada inicialmente a partir do património confiscado a igrejas e conventos, no contexto da Guerra Civil e no decorrer do Cerco do Porto (1832-1833) quando D. Pedro IV decidiu a criação, nesta cidade, de um museu com a finalidade de guardar e mostrar esse património.
Posteriormente, com a República e a nova nacionalização de bens da igreja, são incorporadas mais peças pertencentes à Mitra do Porto.
Mais tarde, a título de depósito, entrou um diversificado conjunto de têxteis do Museu Municipal do Porto, extinto em 1937.
Do também extinto Museu Industrial e Comercial do Porto, a coleção veio a receber – em 1940 – um numeroso conjunto de rendas de bilros, representando os principais centros produtores do país, e recolhidas por Joaquim de Vasconcelos no final do século XIX.
Nos últimos anos, cresceu através de algumas aquisições pelo Estado, mas sobretudo por doações de particulares e depósitos de entidades como a Fundação Calouste Gulbenkian ou o Museu do Banco Nacional Ultramarino.
O núcleo histórico é constituído por peças com significado no contexto da História da cidade do Porto. O religioso é o mais numeroso, constituído por vestes usadas pelo celebrante na missa e peças com que se adornam as igrejas. O núcleo civil integra peças de vestuário feminino e masculino, bem como colchas e tapeçarias.
A coleção foi formada inicialmente a partir do património confiscado a igrejas e conventos, no contexto da Guerra Civil e no decorrer do Cerco do Porto (1832-1833) quando D. Pedro IV decidiu a criação, nesta cidade, de um museu com a finalidade de guardar e mostrar esse património.
Posteriormente, com a República e a nova nacionalização de bens da igreja, são incorporadas mais peças pertencentes à Mitra do Porto.
Mais tarde, a título de depósito, entrou um diversificado conjunto de têxteis do Museu Municipal do Porto, extinto em 1937.
Do também extinto Museu Industrial e Comercial do Porto, a coleção veio a receber – em 1940 – um numeroso conjunto de rendas de bilros, representando os principais centros produtores do país, e recolhidas por Joaquim de Vasconcelos no final do século XIX.
Nos últimos anos, cresceu através de algumas aquisições pelo Estado, mas sobretudo por doações de particulares e depósitos de entidades como a Fundação Calouste Gulbenkian ou o Museu do Banco Nacional Ultramarino.
Vidro
A coleção de vidros do Museu Nacional Soares dos Reis reúne um importante conjunto de peças das primeiras manufaturas nacionais estabelecidas sob incentivo régio, a Real Fábrica de Vidros de Coina fundada em 1719 por D. João V. Mais tarde foi transferida para a Marinha Grande, onde D. José I deu alvará a uma nova unidade fabril, em 1769, a Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande.
A coleção acolhe um núcleo da primitiva produção, os vidros cristalinos, peças de prestígio destinadas ao consumo da realeza e nobreza, a par de outras peças produzidas com técnicas importadas, como a pintura em esmalte, a lapidação e gravura à roda. Registam-se as formas caraterísticas do século XVIII como os copos de grandes dimensões, modernos cálices de pé alto, galhetas unidas, frascos prismáticos, entre outros. No âmbito da vidraria estrangeira assinala-se uma série de vidros transparentes e opalinos com pintura em esmalte que ilustra uma produção que se expandiu na Europa a partir de 1700. Destacam-se ainda peças com origem na Real Fábrica de Vidros de La Granja de San Ildefonso, 1727, em Segóvia, estabelecida uns anos depois da fábrica portuguesa de Coina.
O crescimento da coleção foi dirigido para a vidraria de produção nacional, estendendo o âmbito cronológico até ao século XIX.
A coleção acolhe um núcleo da primitiva produção, os vidros cristalinos, peças de prestígio destinadas ao consumo da realeza e nobreza, a par de outras peças produzidas com técnicas importadas, como a pintura em esmalte, a lapidação e gravura à roda. Registam-se as formas caraterísticas do século XVIII como os copos de grandes dimensões, modernos cálices de pé alto, galhetas unidas, frascos prismáticos, entre outros. No âmbito da vidraria estrangeira assinala-se uma série de vidros transparentes e opalinos com pintura em esmalte que ilustra uma produção que se expandiu na Europa a partir de 1700. Destacam-se ainda peças com origem na Real Fábrica de Vidros de La Granja de San Ildefonso, 1727, em Segóvia, estabelecida uns anos depois da fábrica portuguesa de Coina.
O crescimento da coleção foi dirigido para a vidraria de produção nacional, estendendo o âmbito cronológico até ao século XIX.