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Valter Hugo Mãe assina editorial do Museu Nacional Soares dos Reis

22 de Fevereiro, 2024

O escritor Valter Hugo Mãe é o autor do editorial da newsletter de fevereiro, do Museu Nacional Soares dos Reis, assinando o texto «Outras famílias».

 

Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em muitos países. Estará presente no Museu Nacional Soares dos Reis, no próximo dia 29 fevereiro, pelas 19h00, para a sessão de apresentação do seu mais recente livro “Deus na Escuridão”.

 

A sessão, que contará ainda com as presenças de Albuquerque Mendes, Rosa Alice Branco e Rui Couceiro, tem entrada gratuita, sujeita a inscrição prévia até dia 27 fevereiro para o email comunicacao@mnsr.dgpc.pt.

O livro “Deus na Escuridão” explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. Passada na ilha da Madeira, esta é a história de dois irmãos e da necessidade de cuidar de alguém. Delicado e profundo, Deus Na Escuridão é um manifesto de lealdade e resiliência.

 

Autor dos romances: Deus na escuridão, As doenças do Brasil, Contra mim (Grande Prémio de Romance e Novela – Associação Portuguesa de Escritores); Homens imprudentemente poéticos; A Desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Prémio Oceanos); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino.

 

Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: Contos de cães e maus lobos, O paraíso são os outros, As mais belas coisas do mundo, Serei sempre o teu abrigo e A minha mãe é a minha filha. A sua poesia encontra-se reunida no volume publicação da mortalidade. Publica a crónica Autobiografia Imaginária, no Jornal de Letras, e Cidadania Impura, na Notícias Magazine.

José Teixeira Barreto: de monge beneditino a pintor e colecionador

22 de Fevereiro, 2024

José Teixeira Barreto iniciou a sua aprendizagem como pintor na oficina do pai, pintor, dourador e riscador de talha portuense. Aos 19 anos, tomou o hábito beneditino no Mosteiro de S. Martinho de Tibães, em Braga, adotando o nome de Fr. José da Apresentação.

 

Durante esta fase inicial da sua vida executou várias pinturas para os mosteiros de Tibães e de Santo Tirso. Quando foi para Lisboa estudar Desenho na aula do professor Joaquim Manuel da Rocha passou a residir no Mosteiro de S. Bento da Saúde (hoje edifício da Assembleia da República).

 

Em 1790, cinco anos depois de ter ido viver para Lisboa, viajou até Roma, para aperfeiçoar a sua pintura, frequentar os museus de arte italianos e copiar obras da Arte Clássica. Entre as obras que então realizou, contam-se duas águas-fortes datadas de 1794 e de 1795, dedicadas ao seu patrono, e 41 gravuras para o livro “Scherzi Poetici Pittorici” de Giovanni Gherardo Rosse, publicadas na edição de luxo dessa obra (Parma, 1811), oferecida a Napoleão.

De regresso a Portugal, trouxe uma coleção de pintura que veio a constituir um museu no Mosteiro de Tibães (dispersa após 1834 e que veio a integrar o Museu Portuense, atual Museu Nacional Soares dos Reis), as relíquias da virgem e mártir Santa Clara, depositadas na igreja do Terço (1798) e depois trasladadas (1803) para a capela do Bonfim, e três livros de desenhos da sua autoria, dois deles hoje pertencentes à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e o outro ao Museu Nacional Soares dos Reis.

 

No período pós-romano, produziu as pinturas do coro-alto da igreja matriz de Santo Tirso, o pano de boca do camarim do altar-mor da igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, no Porto (c. 1800), o pano de boca do altar-mor da igreja paroquial de S. João da Foz, no Porto, pinturas para os mosteiros de S. João de Pendorada e de Santa Maria de Pombeiro, possivelmente duas telas para a igreja portuense de S. Lourenço e hoje guardadas no Museu Nacional Soares dos Reis (“S. Pedro mostrando a Eucaristia” e “O Maná”), o autorretrato (Museu Nacional Soares dos Reis) e um retrato do pintor Francisco Vieira, o Portuense.

 

Na fase final da vida solicitou o reingresso na ordem beneditina. Porém, a morte surpreendeu-o no dia 6 de novembro de 1810. Foi sepultado no dia seguinte, numa campa rasa com o n.º 18, no cruzeiro da igreja do Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto. José Teixeira Barreto deixou um valioso legado, composto pela sua obra pictórica e também pelos quadros que colecionou.

 

Fonte documental

Visita ‘Artur Loureiro – Um pintor Português no encontro dos séculos’

21 de Fevereiro, 2024

Sábado, 24 fevereiro, 10H30
Duração: 1h (aprox.)
Visita orientada por Ana Paula Machado
Mínimo de 5 pessoas e máximo de 20 pessoas

 

Inscrições aqui

 

Iniciativa exclusiva para membros do Círculo Dr. José Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

No âmbito da programação proposta para o mês de fevereiro, decorre no dia 24, pelas 10h30, uma visita orientada dedicada ao pintor naturalista Artur Loureiro.

 

Em 1901 Artur Loureiro regressa ao Porto, depois de mais de 20 anos de permanência no estrangeiro, 16 dos quais passados na Austrália, protagonizando com isso um percurso de vida fora do comum.

 

Tido como responsável pela introdução do movimento simbolista no contexto artístico australiano, Loureiro não abandonaria nunca o naturalismo de princípio.

 

Nos antípodas caminhara, sem o saber, a par dos artistas do seu País, vivendo à distância um mesmo universo de contradições, o mesmo que se manteria no seu regresso ao Porto, entre a pintura que ora parece buscar a absoluta verdade do “natural”, ora se embebe de emoções e estados de alma.

 

Artur Loureiro nasceu no Porto, a 11 fevereiro de 1853. Começou a estudar desenho e pintura com o mestre e amigo António José da Costa, tendo depois ingressado na Academia Portuense de Belas Artes, onde continuou a sua aprendizagem com João António Correia.

 

Em 1873, concorreu ao pensionato em Paris, do qual viria a desistir em favor de Silva Porto. Em 1875 voltou a concorrer a pensionista, desta vez para Roma, onde acabou por ingressar no Círculo Artístico.

 

Em 1879, o artista voltou a candidatar-se a bolseiro em Paris, onde viveu no Quartier Latin e frequentou a École des Beaux-Artes, onde foi discípulo de Cabanel. Aqui se apaixonou, ligando-se sentimentalmente a uma australiana, Marie Huybers, com quem casou.

 

Em 1884, fisicamente debilitado, emigrou para a Austrália, fixando-se em Melbourne. Só no início do século XX regressou em definitivo ao Porto, empenhando-se no fomento das artes. Na sua cidade natal montou, então, um atelier-escola, numa ala do já desaparecido Palácio de Cristal, o qual se tornou um espaço de referência, procurado por aspirantes a artistas e admiradores do pintor.

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15 Anos da Morte do Mestre Escultor Lagoa Henriques

21 de Fevereiro, 2024

Autor da icónica Estátua de Fernando Pessoa, no Chiado, em Lisboa, Lagoa Henriques faleceu a 21 fevereiro de 2009, aos 85 anos, vítima de doença prolongada.

 

António Augusto Lagoa Henriques estudou Escultura no Porto e na Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa, onde expôs pela primeira vez em 1946. Em 1950, 1952 e 1953 ganhou, respetivamente os 2.º e 1.º Prémios de Escultura Soares dos Reis.

 

Tornou-se membro da Academia Nacional de Belas-Artes e lançou-se internacionalmente em 1953, na II Bienal de São Paulo.

Nos anos de 1965, 1967 e 1968 marcou presença em exposições coletivas no Porto, em Amarante e Lisboa, no Rio de Janeiro, Bruxelas, Paris, Madrid e Luanda.

 

Algumas das suas obras integram coleções particulares nacionais e estrangeiras, podendo também ser contempladas no Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto), no Museu do Chiado, no Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (ambos em Lisboa) e ainda no Museu de Arte Moderna (São Paulo).

 

Lagoa Henriques encontra-se representado na Exposição de Longa Duração do Museu Nacional Soares dos Reis, com Cabeça de Rapariga, datada de 1953 (na imagem). Trata-se do retrato de uma rapariga, com fundição de bronze, fixa a uma base cilíndrica de granito. Pose frontal, rosto de pele lisa, contornos bem definidos da boca, nariz correto e olhos voltados para o observador, contornados por sobrancelhas finas. Sobre a cabeça parece existir uma pequena boina e o cabelo, cortado à altura do queixo, faz um penteado formando dois tufos, visto de frente.

 

Mestre e motivador de sucessivas gerações de criadores artísticos, é de Lagoa Henriques a escultura representativa do poeta Fernando Pessoa que se encontra na esplanada do Café Brasileira, no Chiado, em Lisboa. Foi ainda autor de desenhos e esculturas notáveis, poeta, conferencista e colecionador de peças tão diversas como pinturas, conchas, livros e troncos de árvores.

Oficina de Aguarela para Famílias ‘Visitar Henrique Pousão’

21 de Fevereiro, 2024

Oficina Visitar Pousão

25 fev, 10h30/12h30, domingo
Público-alvo | Famílias
Preço | Gratuito
Inscrições | se@mnsr.dgpc.pt

A partir da obra de Henrique Pousão na exposição de longa duração, a proposta desta oficina para famílias é explorar as infinitas possibilidades de uma composição plástica. Descobrir como a cor, as formas, a luz e os planos nos convidam a entrar na obra. Registar o “vivido in loco” num breve exercício de aguarela pintado na cerca no jardim ou na oficina.

 

A Oficina de Aguarela para Famílias ‘Visitar Pousão’ evoca o pintor naturalista Henrique Pousão, cuja obra está fortemente representada na coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, onde se encontram as obras “Casas Brancas de Capri”, “Senhora Vestida de Preto” e “Janelas das Persianas Azuis”, todas classificadas como tesouros nacionais.

 

Desde cedo que a família lhe reconhecera talento, manifesto sobretudo em retratos a lápis. Com 10 anos passa a residir em Barcelos e, em 1872, fixa-se no Porto. É nesta cidade que frequenta o atelier do pintor António José da Costa para preparar a entrada na Academia Portuense de Belas-Artes (1872). Muito influenciado por Marques de Oliveira, regressado de Paris em 1879, Pousão ganha o concurso de pensionista, chegando a Paris no final do ano de 1880, acompanhado de Sousa Pinto (1856 – 1939).

 

Em Espanha, tinha visitado já o Museu do Prado e antes de ingressar no atelier de Cabanel e de Yvon, visitou também galerias de arte e museus em Paris, e conheceu o Impressionismo, especialmente em 1881 na região francesa de Puy-de-Dômes, aldeia de Saint-Sauves.

 

Neste ano, muda-se para Roma, onde aluga um atelier e, em 1882, produz significativas obras, também em Nápoles e Capri. Paisagens de um poético e vibrante cromatismo, em exercícios de captação de luz, pinturas de género como Cecília (MNSR), e retratos, como Senhora Vestida de Preto (MNSR), realizado já em Paris, revelam a sua modernidade, invulgar no panorama artístico português.

 

Vitimado aos 25 anos pela tuberculose, a sua obra adquire importância décadas mais tarde, tendo sido entregue, após a sua morte prematura, à Academia Portuense de Belas Artes.

Olhares em Diálogo no MNSR – Ciclo de Visitas a Duas Vozes

20 de Fevereiro, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto dão início, no próximo mês de março, a um novo programa de parceria, intitulado «Olhares em Diálogo no Museu Nacional Soares dos Reis. Ciclo de Visitas Orientadas a Duas Vozes».

 

A iniciativa, nesta primeira fase, é dirigida aos estudantes e profissionais do ICBAS, proporcionando visitas temáticas que irão explorar as ligações entre a medicina, as ciências da vida e da saúde e a arte, colocando lado a lado as visões e perspetivas de gestores de coleção do Museu e de docentes do ICBAS.

Pretende-se, igualmente, incentivar o conhecimento e o interesse dos estudantes pelas várias expressões artísticas e culturais; ilustrar diferentes visões da arte e cultura acerca de temas da medicina e das ciências da vida e da saúde e promover novas e diversificadas leituras das coleções do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Para o Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, António Ponte, esta iniciativa “vem reforçar a relação de parceria institucional com o ICBAS, no seguimento da atividade realizada em 2021/2022. No âmbito do programa «Outros Lugares», a partir da alegoria Quatro Estações, o MNSR levou ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar uma série de quatro telas do século XVII, que estabelece uma relação com as diferentes fases da vida do Ser Humano. Abrimos agora as portas do MNSR para receber toda a comunidade do ICBAS num ciclo de visitas que, por certo, irá abrir novos horizontes”.

 

Permitindo leituras de cruzamento entre a arte e a medicina, o ciclo de visitas agora proposto possibilitará perceber como arte e ciência, duas áreas de conhecimento muitas vezes tidas como distintas, podem ser aliadas e contribuir uma melhor qualidade de vida.

 

Para o Diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, esta é uma proposta que “procura dar continuidade a um projeto iniciado em 2021, onde abrimos as portas ao Museu para a exposição de pintura ‘Ciclo da Vida’, mas também é o reafirmar da nossa visão para uma formação integrada e alargada dos nossos estudantes, onde a arte assume um papel fundamental, no seu desenvolvimento como profissionais e como pessoas”.

 

‘Fontes e Fontanários – a água e a cidade’, ‘O Homem, os Animais e o Ambiente – do trabalho, da companhia até à subsistência’; ‘Soares dos Reis e a Relação com a Anatomia Humana’, ‘Entre Viagens, Portugueses e Genes’ são os temas das visitas a realizar durante os meses de março e abril.

 

Calendário das Visitas

19 de março – 12h45 às 13h45 – Adelaide Carvalho e Adriano Bordalo e Sá: ‘Fontes e Fontanários – a água e a cidade’

03 de abril – 12h30 às 13h30 – Ana Paula Machado e Paulo Martins da Costa – ‘O Homem, os Animais e o Ambiente – do trabalho, da companhia até à subsistência’

09 de abril – 12h30 às 13h30 – Paula Santos, Maria João Oliveira e Paula Proença – ‘Soares dos Reis e a Relação com a Anatomia Humana’

17 de abril – 12h30 às 13h30 – Paula Oliveira e Rosário Almeida: ‘Entre Viagens, Portugueses e Genes’

Visitas Orientadas à Exposição de Fotografia ‘Paisagem’

20 de Fevereiro, 2024

Com curadoria de Rui Pinheiro, a exposição Paisagem apresenta uma seleção de fotografias do arquivo familiar de José Zagalo Ilharco, fotógrafo amador que deixou relevante obra, por poucos conhecida, num valioso testemunho de paisagens de Portugal do final do século XIX e início do século XX.

 

Nos próximos dias 22 e 29 fevereiro, pelas 18 horas, serão realizadas visitas a esta exposição, orientadas pelo curador Rui Pinheiro e por Maria Carneiro (familiar de José Zagalo Ilharco), respetivamente. Inscrições a decorrer aqui.

José Zagalo Ilharco (Lamego, 1860 – Porto, 1910), fotógrafo amador, premiado internacionalmente com uma imagem do rio Souza, dedicou-se primordialmente à fotografia de paisagem, mas também à antropologia dos espaços, de que são exemplo as imagens agora reveladas do Porto e de Matosinhos.

 

As reproduções das melhores imagens que produziu foram reunidas em álbum pelo filho Norberto de Melo Zagalo Ilharco em dois volumes (1947) e, sendo propriedade dos herdeiros, são tornadas públicas num reconhecimento ao seu legado.

 

A seleção apresentada no Museu Nacional Soares dos Reis inclui, entre originais e reproduções, sobretudo paisagens de Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto e Douro. Das imagens apresentadas destaca-se, igualmente, um núcleo de fotografias realizadas em 1893 do velódromo Maria Amélia, produzidas antes da sua inauguração nos terrenos do Paço Real do Porto, onde se encontra instalado, atualmente, o Museu Nacional Soares dos Reis.

Eugénio Moreira: ‘um dos maiores pintores paisagistas portugueses’

20 de Fevereiro, 2024

Tendo falecido em fevereiro de 1913, com apenas 42 anos de idade, vítima de doença mental, Eugénio Moreira foi artista da segunda geração de naturalistas, embora praticamente ignorado em vida.

 

Eugénio Moreira foi homenageado postumamente numa exposição organizada pelo seu sobrinho, Fernando Ferrão Moreira, no Ateneu Comercial do Porto (1956).

 

O Museu Nacional de Soares dos Reis tem três telas da sua autoria: um autorretrato inacabado, onde o pintor se representa a meio-corpo, com paleta e pincéis e rosto entristecido; e as suas duas obras mais elogiadas: a paisagem Vale de Penacova (na imagem), obra patente na Grande Exposição do Norte de Portugal de 1933 e na 1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880-1933) da SNBA em 1937; e o retrato Ferreirinha exposto em Lisboa, em 1937.

Eugénio Moreira nasceu no Porto em 1871. Frequentou a Escola Médico Cirúrgica do Porto (1892-1895), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde não chegou a diplomar-se.

 

Viveu alguns anos em Paris, onde frequentou a Academia Julien e a Academia Décluse. Foi discípulo de Jean Paul Laurens (1838-1921) e de Benjamin Constant (1845-1902) e recebeu influências de pintores dos movimentos impressionista, fauvista e Nabis. Visitou museus e templos italianos, registando as suas impressões em guias de viagem.

 

De regresso a Portugal, estudou paisagem e figuras portuguesas. Percorreu o Minho, em especial a zona de Vila Praia de Âncora, e Vale de Penacova na Beira, detendo-se nas terras do Mondego. Em 1907 expôs no ateliê do escultor Fernandes de Sá, seu companheiro e amigo.

 

Em 1955, Abel Salazar referia-se deste modo ao pintor: “Eugénio Moreira, o malogrado autor de “Vale” é, com Henrique Pousão, o maior dos paisagistas portugueses. Entre os dois existem diferenças na qualidade, não em valorização: são duas visões, porém igualmente elevadas”.

 

Fonte documental

Museu Nacional Soares dos Reis é palco da Wine & Travel Week

19 de Fevereiro, 2024

As reuniões profissionais da Wine & Travel Week decorrem no Museu Nacional Soares dos Reis, hoje e amanhã, integrando responsáveis por projetos de Enoturismo, agentes e operadores, empresas de animação turística, especialistas, associações e outros profissionais da área.

 

A Wine & Travel Week pretende posicionar-se como um evento global dedicado ao Enoturismo de luxo, para impulsionar projetos e marcas.

 

As galerias do Museu Nacional Soares dos Reis, instituição cultural e artística de referência, ocupadas com uma coleção de dimensão internacional, serão “o cenário inspirador para a realização de bons negócios”.

A Wine & Travel Week, um encontro que agrega profissionais de todo o mundo, conta nesta segunda edição, com uma comitiva de mais de 100 compradores e jornalistas especializados em enoturismo, a que se somam membros das capitais dos grandes vinhedos do mundo, a Great Wine Capitals (GWC). África do Sul, Espanha, França, Índia, Inglaterra, Israel, Japão, Nigéria, Portugal são alguns dos países representados.

 

Entre as diversas atividades paralelas do evento, destaca-se, no dia 20 fevereiro, o almoço com autoria do chefe Rui Paula (duas estrelas Michelin no restaurante Casa de Chá – Paço da Boa Nova), a ser servido no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Importa sublinhar que, pela primeira vez, WTW terá uma região convidada: Castela e Leão (Espanha), que aproveitará a presença na iniciativa para realizar, em paralelo, a estreia mundial do espetáculo “Merina: o ouro espanhol. Oteiza”. O palco será o Coliseu do Porto, ao final da tarde de 20 de fevereiro.

 

Wine & Travel Week é uma organização Essência Company.

65º Aniversário de Falecimento de Diogo de Macedo

19 de Fevereiro, 2024

Diogo Cândido de Macedo nasceu em Vila Nova de Gaia, a 22 novembro de 1889. Destacou-se como um dos mais importantes escultores da primeira geração de artistas modernistas portugueses.

 

Em 1944 é convidado a dirigir o Museu Nacional de Arte Contemporânea, cargo que mantém até ao final da vida. Faleceu, em Lisboa, a 19 fevereiro de 1959.

Em 1902 ingressa no curso de Escultura da Academia Portuense de Belas-Artes, por sugestão de Teixeira Lopes. Conclui o curso em 1911, ano em que parte para Paris. Os escultores Bourdelle e Rodin serão os grandes influenciadores do seu trabalho.

 

Em 1913 participa no Salão dos Artistas Franceses e realiza a primeira exposição individual, no Porto. Em 1915 participa no 1.º Salão dos Humoristas do Porto, com desenhos assinados sob o pseudónimo de «Maria Clara».

 

Nos anos seguintes divide a sua atividade entre o Porto, Lisboa e Paris e, em 1921, fixa-se na capital francesa. Esta fase é marcada pela intensa vida social e atividade profissional, esculpindo, escrevendo e organizando exposições.

 

Da sua fase parisiense destaca-se o grupo escultórico L’Adieu ou Le pardon (1920), obra gestualmente estática que alia uma sensibilidade neo-romântica e uma conotação simbolista a uma dimensão formal e plástica cosmopolita e moderna.

 

Em 1926 estabelece-se em Lisboa e em 1930 publica a sua primeira obra (14, Cité Falguière, memórias dos tempos de Paris). Nos anos seguintes mantém a produção artística, respondendo a encomendas privadas e oficiais.

 

Em 1941, após viuvez, renuncia à escultura e dedica-se à atividade literária. Publica biografias de artistas, estudos, separatas, prefácios de catálogos de exposições.

 

Em 1944 é convidado a dirigir o Museu Nacional de Arte Contemporânea, cargo que mantém até ao final da vida. Em 1946 torna a casar e, dois anos depois, é incumbido pelo Ministério das Colónias para dirigir e acompanhar uma exposição itinerante de Artes em Angola e Moçambique.

 

Na década de 1950 é convidado a organizar os processos de classificação dos imóveis de interesse público, atividade que mantém a par da participação em certames artísticos e da escrita de críticas e ensaios sobre assuntos de arte e de museologia.

 

Fonte: Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado

Foto: Escultura Cabeça de Rapaz, de Diogo de Macedo, acervo do Museu Nacional Soares dos Reis

Foto da Capa: Diogo de Macedo @Fundação Calouste Gulbenkian

Programa Ensaio da RTP evoca António Soares dos Reis

16 de Fevereiro, 2024

Os 135 Anos da Morte de António Soares dos Reis foram lembrados num novo episódio do Ensaio, da RTP. Ensaio é um magazine cultural, emitido desde o último trimestre do ano passado, dedicado à divulgação de eventos e protagonistas que marcam a atualidade artística do país.

 

Patrono do Museu desde 1911, António Soares dos Reis, considerado um dos maiores escultores portugueses do séc. XIX, faleceu a 16 fevereiro de 1889. A doença e insatisfação levam-no ao suicídio, no seu atelier.

 

“Sou cristão, porém, nestas condições, a vida para mim é insuportável. Peço perdão a quem ofendi injustamente, mas não perdoo a quem me fez mal.” De acordo com a descrição de Diogo de Macedo, terão sido estas as últimas palavras deixadas pelo escultor António Soares dos Reis na manhã em que disparou dois tiros de revólver na cabeça, na sua casa-atelier de Vila Nova de Gaia, a 16 de Fevereiro de 1889 – faz hoje 135 anos.

António Soares dos Reis nasceu a 14 de outubro de 1847, no lugar de Santo Ovídio, freguesia de Mafamude, concelho de Vila Nova de Gaia. Com apenas 14 anos, matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde – durante a frequência do curso – colheu vários prémios e louvores. Em poucos anos o curso estava concluído, obtendo o 1º prémio nas cadeiras de desenho, arquitetura e escultura.

 

Aos 20 anos, António Soares dos Reis tornou-se pensionista do Estado no estrangeiro. Entre 1867 e 1870 permanece em Paris como pensionista, recebendo lições de Jouffroy, Yvon e Taine. Em Paris recebe vários prémios pelos seus trabalhos.

 

Após breve estada em Portugal, em 1871 parte para Roma, etapa decisiva na sua formação. É em Roma que inicia a execução de O Desterrado (1872), obra de inspiração clássica, ensaio de transição para o naturalismo, premiada na Exposição Geral de Belas-Artes de Madrid de 1881.

 

Regressado ao Porto em 1873 para se dedicar à carreira artística, Soares dos Reis colabora em publicações e preside ao Centro Artístico Portuense. A partir de 1881, leciona Escultura na Escola de Belas-Artes do Porto, embora discorde da orgânica do ensino.

 

Soares dos Reis é admirado pelos seus contemporâneos, recebe encomendas, participa em concursos e exposições, concebe monumentos públicos.

 

Incapaz de se sobrepor à incompreensão e ao descrédito lançados contra o seu valor artístico e de enfrentar a obstrução sistemática aos seus esforços de inovação como docente, recorreu ao suicídio, deixando uma obra ímpar na escultura da segunda metade do século XIX.

Visita Orientada ‘Henrique Pousão: do Alentejo à Campânia’

15 de Fevereiro, 2024

Público
Jovens e adultos

 

Duração
50 minutos

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

 

Valor
Bilhete de entrada no MNSR

Nascido no Alentejo, Henrique Pousão viveria, no breve trecho de tempo que foi o da sua vida, entre o Porto, Paris, Roma, Nápoles e Capri, confrontando-se com as afinidades e divergências da luz desses diferentes lugares e registando-as na sua pintura.

 

Henrique Pousão ingressou na Academia Portuense de Belas-Artes, tendo-se sagrado como pintor da primeira geração naturalista, e foi pensionista do Estado em França e Itália.

 

A sua obra está fortemente representada na coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, onde se encontram as obras “Casas Brancas de Capri”, “Senhora Vestida de Preto” e “Janelas das Persianas Azuis”, todas classificadas como tesouros nacionais.

 

A pintura de caminhos e ruas, pátios, casas, aspetos de Paris, testemunha o seu percurso criativo, que culmina nas estadias em Roma e Capri.

 

A sua obra, que revela o arrojo e o talento do jovem pintor e o seu interesse absoluto nos valores da pintura em si em detrimento dos temas ou da narrativa, foi entregue, após a sua morte prematura, à Academia Portuense de Belas Artes.

 

Henrique Pousão (1859-1884)

Desde cedo que a família lhe reconhecera talento, manifesto sobretudo em retratos a lápis. Com 10 anos passa a residir em Barcelos e, em 1872, fixa-se no Porto. É nesta cidade que frequenta o atelier do pintor António José da Costa para preparar a entrada na Academia Portuense de Belas-Artes (1872). Muito influenciado por Marques de Oliveira, regressado de Paris em 1879, Pousão ganha o concurso de pensionista, chegando a Paris no final do ano de 1880, acompanhado de Sousa Pinto (1856 – 1939).

 

Em Espanha, tinha visitado já o Museu do Prado e antes de ingressar no atelier de Cabanel e de Yvon, visitou também galerias de arte e museus em Paris, e conheceu o Impressionismo, especialmente em 1881 na região francesa de Puy-de-Dômes, aldeia de Saint-Sauves.

 

Neste ano, muda-se para Roma, onde aluga um atelier e, em 1882, produz significativas obras, também em Nápoles e Capri. Paisagens de um poético e vibrante cromatismo, em exercícios de captação de luz, pinturas de género como Cecília (MNSR), e retratos, com Senhora Vestida de Preto (MNSR), realizado já em Paris, revelam a sua modernidade, invulgar no panorama artístico português. Vitimado aos 25 anos pela tuberculose, a sua obra adquire importância décadas mais tarde.

Pintor (e poeta) António Carneiro: o ‘retratista das almas’

15 de Fevereiro, 2024

António Carneiro ingressou na Academia Portuense de Belas Artes em 1884, há precisamente 140 anos, onde foi aluno de Soares dos Reis e de Marques de Oliveira, entre outros. António Carneiro foi também poeta mas, a sua obra principal, ‘Solilóquios’, só foi publicada, em 1936, poucos anos depois de morrer.

 

António Teixeira Carneiro Júnior nasceu em Amarante, em 1872. As circunstâncias precárias que envolvem o seu nascimento e primeira infância levam ao seu internamento, com 7 anos, no Asilo do Barão de Nova Sintra, no Porto.

 

Entre 1884 e 1896 frequentou a Academia Portuense de Belas Artes, onde foi discípulo de Soares dos Reis, João António Correia e Marques de Oliveira.

Em 1897 parte para Paris, onde se manteve até 1900, ano em que se realiza a Exposição Universal de Paris, para a qual é convidado, participando na decoração do pavilhão português.

 

Não foi na aprendizagem possível na Academia que o jovem encontrou respostas para as suas questões: embora não indiferente à estética impressionista em particular, identificou-se mais com sensibilidades enquadradas no Simbolismo.

 

António Carneiro era um homem místico, melancólico e solitário, carácter a que não seriam alheias as privações e dificuldades de toda a ordem que experimentou. Carregado de interrogações existenciais, encontrou em Paris, nesse fin-de-siècle de grandes reflexões e crise espiritual, o meio ideal para a problematização das suas questões. É neste contexto que surge o tríptico “A Vida, feito Esperança, Amor e Saudade”, obra emblemática de Carneiro e da arte portuguesa, iniciada em Paris e apresentada pela primeira vez no Porto, em 1901, na Galeria da Misericórdia.

 

No Porto, a sua carreira artística vai desenvolver-se num contexto cultural muito particular e, só nele, se poderá entender o seu percurso. Pintor e poeta, “o artista mais intelectual do seu tempo”, vive rodeado de um grupo de pensadores, poetas, políticos, homens cultos associados em torno da revista “A Águia”. Fundada em 1910 é, a partir de 1912, o órgão do movimento literário e cultural, a “Renascença Portuguesa”, constituído no Porto. António Carneiro foi diretor artístico da revista desde a sua fundação até 1927, data em que deixa de ser publicada. Desde 1918 foi professor na Escola de Belas Artes do Porto e nomeado seu diretor em 1929, cargo que nunca chegaria a exercer.

 

Ao longo de toda a sua carreira, António Carneiro praticou principalmente dois géneros de pintura – o retrato e a paisagem – e fez das ilustrações um meio de subsistência. Aceitava, com alguma relutância, encomendas de retratos de pessoas com quem não tinha afinidades ou simplesmente desconhecia. Embora referenciado como “pintor de retratos” era a paisagem o que mais o atraía e que, no conjunto da sua obra, melhor manifesta as potencialidades inovadoras do artista que deu à arte portuguesa novos valores de modernidade.

 

Entre os anos de 1925 e 1927 concentrou-se num género de pintura de grande intimidade: uma série de interiores de igrejas que traduzem os seus mais íntimos sentimentos de homem dilacerado pela morte da filha (1925).

 

Em 1929 realiza uma composição, Camões lendo os Lusíadas aos frades de S. Domingos, obra de síntese que o pintor executa perto do fim da vida e que vende, no Brasil, nesse mesmo ano.

 

Já na ilustração, os 42 desenhos da ilustração do lnferno de Dante, que se encontram no Museu Nacional Soares dos Reis, revelam o melhor do seu talento de poeta visionário.

 

A este propósito, recordamos que está patente no Lionesa Business Hub, a Exposição Inferno – A Viagem de Dante pela mão de António Carneiro, a qual resulta de uma parceria entre o Lionesa Business Hub, o Lionesa Group, o Museu Nacional Soares dos Reis e a ASCIPDA – Associazione Socio-Culturale Italiana del Portogallo Dante Alighieri.

 

A exposição tem acesso gratuito e estará patente até 30 março 2024, das 09h00 às 18h00.

São Pantaleão, padroeiro do Porto durante vários séculos

14 de Fevereiro, 2024

O culto de São Pantaleão tem longa tradição na igreja Católica e o mártir do século III e IV foi santo padroeiro da cidade do Porto, durante vários séculos, até que, em 1984, o orago da cidade passou para Nossa Senhora da Vandoma.

 

A devoção a S. Pantaleão, médico martirizado na antiga cidade grega Nicomédia em 303 d.C, instalou-se na cidade do Porto por influência de um grupo de cristãos arménios. Segundo relatos da época, este grupo terá chegado ao Porto no final da Idade Média, trazendo consigo as relíquias daquele santo, que depositaram na Igreja de São Pedro de Miragaia.

Em 1499, por decisão do bispo D. Diogo de Sousa, as relíquias foram transladadas para a Sé Catedral do Porto. No busto relicário, utilizado na visita a doentes, foi guardado um fragmento do crânio de São Pantaleão.

 

Este objeto devocional, que integra as coleções do MNSR desde 1941, é um dos mais antigos bustos relicários conhecidos em Portugal. Pela ausência de objetos similares, torna-se difícil estabelecer uma cronologia exata para a sua execução e definir a origem do seu fabrico.

 

Ao longo da sua existência nesta Instituição conta com uma bibliografia longa, tendo sido alvo de estudos multidisciplinares após a sua abertura em 1999, materializados em 2003, numa Exposição no Museu Soares dos Reis e no Catálogo que lhe serviu de suporte, com o título Esta é a cabeça de São Pantaleão.

 

De autoria desconhecida, elaborado em prata branca, dourada e pintada, esmaltes, ouro e quartzo hialino, o busto relicário de São Pantaleão data dos séculos XV e XVI. Encontra-se classificado como Tesouro Nacional, pelo seu valor cultural de significado para a história e para a memória coletiva.

Em fevereiro, descobrimos as «Figuras de Costumes Populares»

12 de Fevereiro, 2024

Público
Jovens e adultos

 

Ingresso
Entrada gratuita

 

Inscrições
Formulário online (até 48 horas de antecedência)

O Museu Nacional Soares dos Reis apresenta, na rubrica A Peça do Mês – A Escolha do Público, as «Figuras de Costumes Populares» de Teixeira Lopes. As sessões comentadas decorrem nos dias 17 fevereiro (12h00) e 22 fevereiro (13h30). Inscrições a decorrer.

 

O escultor José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), também conhecido como Teixeira Lopes Pai, dedicou-se desde muito cedo à criação de miniaturas em barro cozido, representando costumes populares, que constituíram uma pequena mas significativa área dentre as diversas que a sua multifacetada produção artística abrangeu.

 

Nesta sessão, vamos conhecer em pormenor algumas dessas peças, pertencente ao acervo da Casa-Museu Fernando de Castro.

 

O escultor José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), também conhecido como Teixeira Lopes Pai, dedicou-se desde muito cedo à criação de miniaturas em barro cozido, representando costumes populares que constituíram uma pequena mas significativa área dentre as diversas que a sua multifacetada produção artística abrangeu.

 

A proliferação de figurinhas e grupos atingiu a dimensão das dezenas e, apostando numa qualidade esculturo/pictórica elevada, conseguiu defrontar e vencer a vasta concorrência que invadia um mercado sôfrego de figuras, mas com limitadas apetências artísticas.

 

A sua fonte de inspiração principal foi a observação que fez dos costumes, trajes, profissões, personagens típicas, humorísticas ou que desenvolvem atividades lúdicas, de várias regiões do país num quase mapeamento da alma do povo português.

Visita ‘Escultores de Gaia no Museu: de Soares dos Reis a Diogo de Macedo’

12 de Fevereiro, 2024

Sábado, 17 fevereiro, 11H00
Duração: 1h (aprox.)
Visita orientada por Paula Santos Triães
Mínimo de 5 pessoas e máximo de 20 pessoas

 

Inscrições aqui

 

Iniciativa exclusiva para membros do Círculo Dr. José Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

No âmbito da programação proposta para o mês de fevereiro, decorre no dia 17, pelas 11 horas, uma visita orientada dedicada aos Escultores de Gaia no Museu: de Soares dos Reis a Diogo de Macedo.

 

Os escultores Soares dos Reis e Teixeira Lopes são os primeiros elos de uma cadeia que se estende ao longo do séc. XX.

 

Nesta linha de sucessão entram os nomes de Augusto Santo, Fernandes de Sá, António de Azevedo e Diogo de Macedo, entre outros artistas de Gaia, formados na Escola de Belas-Artes do Porto.

 

Soares dos Reis projetou-se pelo último quartel do século XIX, época em que frutificaram relações europeias no ensino artístico através da atribuição de bolsas de estudo. Foi neste contexto que o finalista concebeu O Desterrado (Roma, 1872), obra de inspiração saudosista que se converteu em verdadeiro ícone nacional. São de destacar ainda Flor Agreste, as estátuas do Conde de Ferreira e o gesso de Brotero.

 

Entre os discípulos de Soares dos Reis na Escola de Belas Artes do Porto demarca-se António Teixeira Lopes com Infância de Caim (1890), que antecede a transição para o Naturalismo.

 

Nesta corrente distingue-se uma Cabeça de Velha de Fernandes de Sá, reveladora da influência de Rodin, esbocetos de Alves de Sousa e peças de Oliveira Ferreira, Pinto do Couto, Américo Gomes e outros.

 

Na década de 1920, surgem ligados ao impulso modernista António Azevedo, Diogo de Macedo e Francisco Franco, que se aproximam pelo tratamento depurado no retrato, enquanto Canto da Maya explora o ideal de retorno às origens da arte europeia em peças como Baiser.

 

Retoma-se a Escola do Porto com obras de Gustavo Bastos e Irene Vilar, na sucessão de mestre Barata Feio. Numa linha não-figurativa demarca-se a Abstração I de Arlindo Rocha (1949). Finalmente, o espólio de Hein Semke deixa transparecer ideais de Paz e Justiça em obras de apelo transcendental.

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Visita ‘Ao encontro do ensino artístico nas coleções do Museu’

12 de Fevereiro, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis propõe visitas com temas variados, para conhecer detalhes inesperados e surpreendentes sobre a sua história e coleções. No âmbito da programação do mês de fevereiro, decorre no próximo dia 16, pelas 15 horas, a Visita Orientada ‘Ao encontro do ensino artístico nas coleções do Museu’. Inscrições a decorrer.

 

Falar do ensino artístico no Porto implica fazer uma viagem no tempo que se inicia século XVIII com a criação da Aula de Debuxo e Desenho, em 1779, passando pela Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio, em 1803, dirigida por Vieira Portuense até à criação da Academia Portuense de Belas-Artes em 1836, mais tarde Escola superior de Belas-Artes, em 1950.

 

Uma visita que pretende dar a conhecer alguns aspetos da história do Ensino Artístico a partir das coleções do Museu, identificando as várias gerações de artistas.

“Alguns anos depois da criação de Aula de Náutica, a Junta Administrativa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro solicitou ao rei a criação de um outro estabelecimento de ensino — a Aula de Debuxo e Desenho — instituído pelo Decreto de 27 de Novembro de 1779.

 

Procurando complementar o trabalho da aula de Náutica, o ensino ministrado nesta Aula – iniciado em Fevereiro de 1780 – visava, especialmente, o curso de pilotagem. A aula era frequentada essencialmente por jovens nobres, mas também por comerciantes, fabricantes, artistas, oficiais, aprendizes e marinheiros que li encontravam a formação necessária para ‘desenharem as máquinas e instrumentos; para tirarem cartas geográficas e topográficas dos países, plantas de cidades, de embarcações, etc.’.

 

A Aula funcionou no Colégio dos Meninos Órfãos até 1802, ano em que foi transferida para o Hospício dos Religiosos de Santo António. O primeiro “lente da Aula” foi António Fernandes Jácome, sucedendo-lhe o pintor Vieira Portuense, nomeado em 20 de Dezembro de 1800, que, passados três anos, se converteu em diretor do estabelecimento.

 

A Aula de Debuxo e Desenho foi a primeira manifestação do ensino artístico na cidade do Porto, precursora de instituições como a Academia Portuense de Belas-Artes, a Escola Superior de Belas Artes do Porto e as atuais faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto”.[1]

 

Imagem: Manuel da Silva Godinho (gravura); Teodoro de Sousa Maldonado (desenho), Porto, 1789

 

[1] Texto adaptado de SANTOS, Cândido dos – Universidade do Porto: raízes e memória da Instituição. Porto: UP, 1996.

Artur Loureiro e as pinturas realizadas em Vila do Conde

11 de Fevereiro, 2024

Artur Loureiro nasceu no Porto, a 11 fevereiro de 1853. Começou a estudar desenho e pintura com o mestre e amigo António José da Costa, tendo depois ingressado na Academia Portuense de Belas Artes, onde continuou a sua aprendizagem com João António Correia.

 

Em 1873, concorreu ao pensionato em Paris, do qual viria a desistir em favor de Silva Porto. Em 1875 voltou a concorrer a pensionista, desta vez para Roma, onde acabou por ingressar no Círculo Artístico.

 

Em 1879, o artista voltou a candidatar-se a bolseiro em Paris, onde viveu no Quartier Latin e frequentou a École des Beaux-Artes, onde foi discípulo de Cabanel. Aqui se apaixonou, ligando-se sentimentalmente a uma australiana, Marie Huybers, com quem casou.

Em 1884, fisicamente debilitado, emigrou para a Austrália, fixando-se em Melbourne. Só no início do século XX regressou em definitivo ao Porto, empenhando-se no fomento das artes. Na sua cidade natal montou, então, um atelier-escola, numa ala do já desaparecido Palácio de Cristal, o qual se tornou um espaço de referência, procurado por aspirantes a artistas e admiradores do pintor. Aí ensinou, pintou e expôs.

 

Passou uma temporada em Vila do Conde, onde produziu várias obras. Este facto é reforçado por, em 1933, ter sido apresentada em exposição a obra “Tio Francisco” como pertença da coleção que, anos mais tarde, foi legada ao Museu Nacional Soares dos Reis e de onde provém esta figura de homem (Cabeça de velho – na imagem). A paisagem de fundo desta pintura situa a representação em Vila do Conde, identificada pela presença inconfundível da cúpula da Capela de Nossa Senhora do Socorro, inserida no casario ribeirinho daquela cidade.

 

A este propósito, recordamos o artigo de António de Lemos, no qual se escreve:

«Arthur Loureiro, esse grande artista que durante tantos annos viveu longe de nós, n’esse bello paiz, a Australia, e que uma vez cá, filho do Porto, amando o seu ninho com um amor especial de artista, apoz a sua primeira exposição onde nos mostrou que era um delicado pintor de figura, com os seus retratos, e os seus typos admiravelmente executados, vae para bem perto do Porto, para Villa do Conde e cheio de vontade e repleto de savoir faire, lança á tela lindos quadros que são como filigranas da arte pintural. (…)

 

Andam os nossos pintores delineando paisagens, por esse paiz em fóra e nenhum, que me lembre, tinha ido pintar para Villa do Conde. Talvez porque julgassem não haver alli nada que pintar e Arthur Loureiro, que ha vinte annos estava fóra do seu paiz, chegou e para socegar dos seus trabalhos escolares foi para essa linda praia descançar e que descanço o seu, voltou trazendo na sua bagagem deliciosas telas, formosissimas. Querer citar as melhores seria cital-as todas, eu porém notarei como primordial―A Senhora da Guia―depois, as Azenhas e d’estas não sei se o que resplende de sol, se o outro, feito por uma manhã triste de chuva.

 

A Igreja matriz, tambem o noto pelo bello do effeito. Como uma mancha retumbante, n’aquella suavidade de côr, os reposteiros da igreja fazem resaltar o quadro (ora aqui está onde eu decerto dou raia, em ter recebido uma bella impressão pelo vermelho que destaca do quadro, mas sou assim e não ha nada que me atrapalhe).

 

A Paisagem geral de Villa do Conde, com o seu convento e a sua cazaria branca é formosa.

 

O Passado, quadro cheio de poesia e de candura. Como um poema, de amor, de dôr e de miseria aquella velha sentada á porta da igreja, onde talvez ella se baptisara, casára e seria enterrado o seu companheiro de muitos annos, talvez um pescador, que ella hoje chora, pedindo esmola, na sua miseravel e angustiosa viuvez.

 

Mas vamos fechar este artigo que vae já longo de mais. Antes porém notaremos dous quadros, um que se intitula―Não voltará mais, e que é outro poema de dôr. Junto d’uma bella arvore em flor, um redondendro, uma viuva e uma creança olham o mar.

 

Esse mar gigantesco e barbaro que foi, decerto, quem subjugou para sempre o ente querido d’essas duas figuras insinuantemente bellas nas suas silhouetes».[1]

 

[1] In «Notas d’arte», António de Lemos, 1906

135 anos da escultura ‘Ismael’ do gaiense Augusto Santo

9 de Fevereiro, 2024

Escultor naturalista e simbolista, que assinou as suas obras como Augusto Santo, teve uma carreira breve e atribulada. Homem constantemente insatisfeito, Augusto Santo destruiu parte da sua produção escultórica.

 

Natural de Coimbrões, Vila Nova de Gaia, nasceu a 1 abril de 1869. Cursou a Academia Portuense de Belas Artes entre 1882 e 1889, tendo sido condiscípulo e rival de António Teixeira Lopes (ambos se matricularam no dia 20 de outubro de 1882).

 

Em 1891, Augusto Santo adquiriu a ferramenta do falecido mestre Soares dos Reis, antes de prosseguir os estudos em Paris, cidade onde se fixou durante três anos, usufruindo de uma subscrição particular do benemérito Joaquim Fernandes de Oliveira Mendes.

Em Paris, instalou-se na rua Denfert-Rochereau, onde residiam outros artistas portugueses como Teixeira Lopes, filho. Contactou com o artista parisiense Alexandre Falguière (1831-1900) e com vários compatriotas, entre os quais os escritores Eça de Queiroz (1845-1900) e António Nobre (1867-1900), os pintores Carlos Reis (1863-1940) e Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) e o historiador e crítico de arte José de Figueiredo (1872-1937).

 

Em 1893, com o fim do apoio financeiro e a falta de resultados, Augusto Santo viu-se obrigado a regressar a Portugal. Começou, então, a trabalhar no seu ateliê em Coimbrões e a frequentar os cafés portuenses da Praça Nova, onde conheceu intelectuais como Pádua Correia e Manuel Laranjeira, que o descreveu como um rosto triste, de misantropo sonâmbulo na multidão.

 

Entre as poucas obras que sobreviveram à destruição destaca-se a escultura Ismael, prova de final de curso na APBA, datada de 1889. O original, em gesso, conserva-se no Museu Nacional Soares dos Reis, onde se encontra em exposição a obra fundida em bronze.

 

Sobre esta escultura, escreveu Romero Vila, sacerdote e investigador, em 1963:

 

Ismael, a estátua final do curso de Augusto Santo, tem a sua história prosaicamente triste como a poderia ter euforicamente alegre, porque saiu dum esforço interior e consagração humana. Comparam-na ao celebérrimo “Desterrado” de Soares dos Reis, pela imensa desolação e tortura psíquica que ambas as esculturas descrevem dos seus autores. Diogo de Macedo atreve-se a afirmar que são autobiografias de amargura amassadas no barro com o próprio sangue.

 

Augusto Santo morreu no Hospital de Santo António, no Porto, em 26 setembro de 1907, vítima de tuberculose.

184º Aniversário de Nascimento de António José da Costa

8 de Fevereiro, 2024

Mestre particular de Henrique Pousão, de João Marques de Oliveira e de Artur Loureiro, António José da Costa nasceu a 8 fevereiro de 1840, no Porto.

 

Com 12 anos inscreveu-se nas aulas da Associação Industrial Portuense, onde foi aluno a Desenho de António José de Souza Azevedo. Este professor, ao descobrir o seu talento artístico, convenceu o pai a matriculá-lo na Academia Portuense de Belas Artes.

 

Na Academia frequentou os cursos de Desenho, Pintura Histórica e Arquitetura Civil (1853-1865). Foi aluno de Tadeu de Almeida Furtado (Desenho) e de João António Correia (Pintura) e viu a sua pintura ser comparada com a de dois mestres do barroco espanhol, Ribera (1591-1652) e Murillo (1618-1682).

No início da carreira pintou retratos e paisagens, quadros que assinou com o nome de António José da Costa Júnior. Porém, foi a pintura de naturezas mortas e de composições de flores, sobretudo camélias, iniciadas cerca de 1890, que o tornou conhecido.

 

Nos finais do século XIX assistiu à introdução da pintura naturalista no Porto e, ao contrário de outros artistas românticos, decidiu seguir o exemplo da nova geração.

 

António José da Costa ajudou a criar o Centro Artístico Portuense. Colaborou na Arte Portuguesa, a primeira revista nacional dedicada em exclusivo às belas artes, para a qual executou ilustrações. Foi um dos promotores das Exposições d’ Arte, realizadas no Porto entre 1887 e 1895, juntamente com Marques de Oliveira, Marques Guimarães e Júlio Costa.

 

Em 1921, e em cumprimento de um voto pessoal, produziu um painel para a igreja de Ramalde representando a Adoração do Santíssimo Sacramento. Nos últimos anos, continuou a receber alunos de desenho e de pintura e a ser visitado por antigos discípulos como Artur Loureiro.

 

António José da Costa morreu no Porto em agosto de 1929. Várias das suas obras integram o acervo do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Imagem Texto: Óleo sobre madeira Lilases e rosas (1920), António José da Costa @Museu Nacional Soares dos Reis

Imagem Capa: Retrato de António José da Costa (1921), da autoria de Júlio Costa @Museu Nacional Soares dos Reis

MNSR acolhe Oficina Imaginários coletivos: Ruturas

7 de Fevereiro, 2024

Público-alvo Famílias (crianças a partir dos 6 anos)
Local Museu Nacional Soares dos Reis
Entrada 20 Euros (1 criança e 1 acompanhante)
Inscrições se@mnsr.dgpc.pt

Com produção do Balleteatro, a Oficina Imaginários coletivos: Ruturas vai decorrer, no Museu Nacional Soares dos Reis, no próximo domingo, dia 18, pelas 10h30.

 

Dirigida a famílias, com crianças a partir dos 6 anos, a iniciativa irá proporcionar momentos de exploração de movimentos e linguagens através da dança, tendo como mote as ‘ruturas’.

 

A rutura transforma-nos, faz-nos viajar para territórios desconhecidos. O corpo que dança estimula essa mudança, social ou artisticamente, impulsiona novos hábitos e relações de estar no mundo. Através desta oficina, os participantes irão experimentar e compreender algumas ruturas, ocupando os seus corpos com movimentos que permitem explorar outros imaginários coletivos.

 

A Oficina Imaginários coletivos: Ruturas será orientada por Sónia Cunha (Porto, 1975). Iniciou os seus estudos de dança clássica na Escola de Bailado Fátima Valle da Veiga, segundo o método da Escola Royal Academy of Dancing. Concluiu o Curso Profissional de Dança no Balleteatro Contemporâneo do Porto.

 

Lecciona Ballet Clássico no Balleteatro Escola Profissional desde 1996, sendo intérprete do Balleteatro desde 1992. Frequentou um estágio de Ballet Clássico ministrado por Anabela Guimarães e Workshops orientados por Jordi Cortês Molina, João Fiadeiro, Clara Andermatt, Peter Michael Dieis, Paulo Ribeiro, Companhia Raiz di Polon.

Evocação dos 135 anos da morte de António Soares dos Reis

7 de Fevereiro, 2024

Patrono do Museu desde 1911, António Soares dos Reis, considerado um dos maiores escultores portugueses do séc. XIX, faleceu a 16 fevereiro de 1889. A doença e insatisfação levam-no ao suicídio, no seu atelier.

 

António Soares dos Reis nasceu a 14 de outubro de 1847, no lugar de Santo Ovídio, freguesia de Mafamude, concelho de Vila Nova de Gaia.

 

Com apenas 14 anos, matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde – durante a frequência do curso – colheu vários prémios e louvores. Em poucos anos o curso estava concluído, obtendo o 1º prémio nas cadeiras de desenho, arquitetura e escultura.

Aos 20 anos, António Soares dos Reis tornou-se pensionista do Estado no estrangeiro. Entre 1867 e 1870 permanece em Paris como pensionista, recebendo lições de Jouffroy, Yvon e Taine. Em Paris recebe vários prémios pelos seus trabalhos.

 

Após breve estada em Portugal, em 1871 parte para Roma, etapa decisiva na sua formação. É em Roma que inicia a execução de O Desterrado (1872), obra de inspiração clássica, ensaio de transição para o naturalismo, premiada na Exposição Geral de Belas-Artes de Madrid de 1881.

 

Regressado ao Porto em 1873 para se dedicar à carreira artística, Soares dos Reis colabora em publicações e preside ao Centro Artístico Portuense. A partir de 1881, leciona Escultura na Escola de Belas-Artes do Porto, embora discorde da orgânica do ensino.

 

Soares dos Reis é admirado pelos seus contemporâneos, recebe encomendas, participa em concursos e exposições, concebe monumentos públicos.

 

Incapaz de se sobrepor à incompreensão e ao descrédito lançados contra o seu valor artístico e de enfrentar a obstrução sistemática aos seus esforços de inovação como docente, recorreu ao suicídio, deixando uma obra ímpar na escultura da segunda metade do século XIX.

 

Sobre o Museu Nacional Soares dos Reis

O Museu Nacional Soares dos Reis tem origem no Museu de Pinturas e Estampas e outros objetos de Belas Artes, criado em 1833 por D. Pedro IV de Portugal, primeiro Imperador do Brasil, para salvaguarda dos bens sequestrados aos absolutistas e conventos abandonados na guerra civil (1832-34).

 

Com a extinção das ordens religiosas recolheram-se obras, entre outros, nos mosteiros de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra. Conhecido como Museu Portuense, ficou instalado no extinto Convento de Santo António da Cidade, na praça de S. Lázaro, vindo a ser formalizado por decreto em 1836 por D. Maria II.

 

Em 1839, passou para a direção da Academia Portuense de Belas Artes, que promoveu uma série de exposições em que foram premiados notáveis artistas como Soares dos Reis, Silva Porto, Marques de Oliveira e Henrique Pousão, em sucessivas gerações de mestres e discípulos.

 

Com a proclamação da República passou a designar-se Museu Soares dos Reis em memória de um dos mais destacados nomes da Arte Portuguesa.

 

Em 1932, passou à categoria de Museu Nacional, época marcada por uma reorganização significativa de Vasco Valente, através da incorporação dos objetos do Paço Episcopal do Porto (Mitra) e do Museu Industrial, bem como do depósito das coleções do extinto Museu Municipal. Segue-se, em 1940, a instalação do Museu no Palácio dos Carrancas, onde ainda se mantém.

Sessão de Apresentação do livro “Deus na Escuridão”

7 de Fevereiro, 2024

“Deus na Escuridão”, o mais recente livro de Valter Hugo Mãe, será apresentado no Museu Nacional Soares dos Reis, numa sessão agendada para o próximo dia 29 fevereiro, pelas 19h00, com entrada gratuita, sujeita a inscrição prévia.

 

Este livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus.

 

Passada na ilha da Madeira, esta é a história de dois irmãos e da necessidade de cuidar de alguém. Delicado e profundo, Deus Na Escuridão é um manifesto de lealdade e resiliência.

Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em muitos países.

 

Autor dos romances: Deus na escuridão, As doenças do Brasil, Contra mim (Grande Prémio de Romance e Novela – Associação Portuguesa de Escritores); Homens imprudentemente poéticos; A Desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Prémio Oceanos); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino.

 

Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: Contos de cães e maus lobos, O paraíso são os outros, As mais belas coisas do mundo, Serei sempre o teu abrigo e A minha mãe é a minha filha.

 

A sua poesia encontra-se reunida no volume publicação da mortalidade. Publica a crónica Autobiografia Imaginária, no Jornal de Letras, e Cidadania Impura, na Notícias Magazine.

 

Entrada livre com inscrição prévia até 27 fevereiro para o email comunicacao@mnsr.dgpc.pt

 

(Foto @Direitos Reservados)

Caixa das Histórias Ensarilhadas – Oficina Marionetas de Papel

6 de Fevereiro, 2024

Público-alvo Famílias (crianças a partir dos 4 anos)
Local Museu Nacional Soares dos Reis
Entrada 15 Euros por criança (gratuito para os acompanhantes)

Inscrições se@mnsr.dgpc.pt

A marioneta faz parte do nosso imaginário e da nossa história, memória e tradição. Esta forma de arte é inesgotável nas experiências artísticas e cénicas, de criação e manipulação, renovando-se continuamente.

 

No Museu Nacional Soares dos Reis, pais e filhos terão oportunidade de partilhar a experiência de construção de marionetas e teatro de papel, partindo de histórias para dar corpo às personagens, abrindo espaço à improvisação e à teatralização das mesmas.

 

A Oficina Marionetas de Papel – Caixa das Histórias Ensarilhadas, dinamizada pelo Teatro e Marionetas de Mandrágora, está marcada para o próximo domingo, dia 11, pelas 10h30, sendo dirigida a famílias com crianças a partir dos 4 anos. Cada participante irá criar o seu teatro, bem como um conjunto de figuras que, no final, levará consigo para dar continuidade à exploração.

 

O Teatro de Papel surgiu no século XVIII e serviu desde sempre como elemento de jogo teatral, de modo a permitir a narrativa de histórias através das suas figuras recortadas.

Visita Orientada «Os móveis falam do seu tempo»

6 de Fevereiro, 2024

Sábado, 10 fevereiro, 11H00
Duração: 1h (aprox.)
Visita orientada por Paula Oliveira
Mínimo de 5 pessoas e máximo de 20 pessoas

Inscrições aqui

 

Iniciativa exclusiva para membros do Círculo Dr. José Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

No âmbito da programação proposta para o mês de fevereiro, decorre no dia 10, pelas 11 horas, uma visita orientada dedicada à coleção de mobiliário do Museu Nacional Soares dos Reis, sob o mote «Os móveis falam do seu tempo».

 

Os núcleos de mobiliário religioso e civil formam no seu conjunto um arco temporal que se estende do século XVI ao século XX. A coleção do Museu Nacional Soares dos Reis inclui alguns exemplares que ilustram ciclos artísticos que notabilizaram o mobiliário português. Integra também peças de origem europeia e outras de produção oriental.

 

Entre os exemplares de mobiliário português destaca-se o designado estilo nacional, um período de individualização artística situado entre 1675-1725, assim como o mobiliário barroco desenvolvido em Portugal na segunda metade do século XVIII, com materiais e técnicas que igualmente o particulariza. Da passagem do século XVIII para o XIX, do período neoclássico, preserva-se um conjunto de peças criado para os espaços de receção do antigo palácio, que permitem uma rara leitura entre mobiliário e arquitetura, pintura e estuques decorativos.

 

As peças de origem europeia enquadram-se em movimentos artísticos que apontam para gostos e influências de relevo para o mobiliário nacional.

 

O conjunto de peças de produção oriental, legado artístico resultante da Expansão Portuguesa e do seu império colonial, proporciona a leitura de um cruzamento de culturas através de objetos luxuosos realizados numa pluralidade de materiais raros e exóticos.

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Visita Orientada Artes decorativas, proveniências e colecionadores

5 de Fevereiro, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis promove uma Visita Orientada dedicada ao tema Artes decorativas, proveniências e colecionadores, na próxima quinta-feira, dia 8, pelas 15 horas. Inscrições a decorrer.

 

No processo de constituição do acervo atualmente à guarda do Museu Nacional Soares dos Reis, as artes decorativas tiveram um papel fundamental a partir da década de 1940, quando o museu foi transferido para o Palácio dos Carrancas.

 

Ao longo da visita, será abordado esse passado, relacionando-se a história do museu com as artes decorativas e o colecionismo no Porto.

 

A cerâmica é uma das mais importantes coleções do Museu Nacional Soares dos Reis, não só pelo número de peças, mas também pela sua relevância, representando a produção de faiança em Portugal desde o século XVI.

Entre as muitas peças que compõem esta coleção predomina a faiança nacional nortenha, em particular de Viana do Castelo, Porto e Vila Nova de Gaia. Das outras regiões do país, destacam-se os conjuntos cerâmicos provenientes de Coimbra, Lisboa (Rato) e a que é atribuída a Aveiro.

 

A coleção integra também três valiosos núcleos: um de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII), outro de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), e outro de porcelana europeia (séculos XIX e XX). O núcleo de porcelanas é constituído na sua grande maioria por peças chinesas de várias épocas, que vão desde o século XVI, do período Jiajing (dinastia Ming), até ao século XIX.

 

Em reserva conservam-se outras peças relacionadas com as que são apresentadas na exposição de longa duração, assim como outros núcleos relativos ao século XX. Refira-se a doação de João Castel Branco Pereira e Paulo Henriques e um expressivo conjunto da obra cerâmica do escultor e pintor alemão Hein Semke (1899-1995).

110º Aniversário de Nascimento de João Navarro Hogan

4 de Fevereiro, 2024

De ascendência irlandesa, João Navarro Hogan nasceu em Lisboa a 4 fevereiro de 1914, no seio de uma família de pintores. Está representado em diversas coleções e museus, nomeadamente no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, no Museu do Chiado e no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

 

Frequentou o curso geral da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa de 1930 a 1931. Descrente no ensino académico, abandonou a escola.

 

Certo da sua vocação de pintor, manteve-se autodidata, exercendo a pintura em paralelo com a marcenaria – sua profissão desde 1930 e por mais de 20 anos. Dessa atividade apreendeu o rigor, precisão e premeditação, características que tanto marcarão o seu processo de trabalho como pintor. Aluno em 1937 de Frederico Ayres e de Mário Augusto nas aulas noturnas da Sociedade Nacional de Belas Artes, foi em Van Gogh e em Cézanne que encontrou os seus primeiros verdadeiros mestres.

Elegendo a paisagem como tema por excelência, interpreta-a exaustiva e obsessivamente durante cinco décadas: “A minha paisagem nasce dentro e debaixo da terra. O céu nunca me interessou, e às vezes até o corto” (João Hogan, 1985). Logo nos anos 30 colheu ensinamentos nos naturalistas portugueses da 1ª geração e na pintura construída de Cézanne.

 

Pintando ao ar livre nos arredores de Lisboa e mais tarde na Beira Baixa, cedo criou um estilo próprio, marcando um percurso isolado no panorama artístico nacional. De formas sólidas e rigorosas, construídas na busca da síntese, as suas paisagens inconfundíveis mostram um profundo interesse pela vastidão e rudeza da terra. Representando lugares inabitados, imanam um silêncio cheio de significações, enfatizado pela ausência da figura humana.

 

Em 1957, começou a trabalhar em gravura, sobre a influência de William Hayter, de quem foi aluno. Se as primeiras gravuras, realizadas em madeira, têm ainda um cunho realista, as gravuras em cobre – incluindo o acaso proporcionado pelo ácido e influências do surrealismo – atingem um enorme grau de irrealidade, fantasia e mesmo humor. Dedicando-se até 1975 a esta técnica, criou uma obra extremamente lírica, de enorme diversidade, verdadeiramente autónoma da obra de pintor.

 

Sócio fundador da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses em 1957, aí dirigiu mais tarde cursos de gravura. Realizou a partir de 1960 ilustrações para livros.

 

Escolhido em 1971 para realizar um dos quadros que decoram o café A Brasileira, no Chiado, em Lisboa, formou em 1976 o grupo 5 + 1, que expôs nesse ano em Lisboa e em Viena, com os pintores Teresa Magalhães, Júlio Pereira, Sérgio Pombo, Guilherme Parente e o escultor Virgílio Domingues.

 

Imagem Texto: Óleo sobre tela Alto dos sete moinhos (1954) de João Hogan @Museu Nacional Soares dos Reis

Imagem Capa: Óleo sobre tela Autorretrato (1959) de João Hogan @Centro de Arte Moderna de Lisboa

MNSR apresenta exposição inédita da obra de José Zagalo Ilharco

2 de Fevereiro, 2024

Até 28 de abril, o Museu Nacional Soares dos Reis apresenta Paisagem, uma exposição inédita da obra de José Zagalo Ilharco, fotógrafo amador de grande mérito, premiado a nível nacional e internacional.

 

Dedicou-se especialmente à fotografia de paisagem, com enfoque em Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto, Lamego, Guarda e Penafiel. A sua obra fotográfica, composta por mais de 260 imagens, integra ainda uma série de retratos dos seus familiares e amigos, bem como das casas onde residiu e respetivos jardins.

 

O título desta exposição inspira-se no homónimo da fotografia do Rio Sousa, premiada em Bruxelas, em 1895.

 

José Zagalo Ilharco nasceu a 31 outubro de 1860 na freguesia da Sé, na cidade de Lamego, e faleceu a 5 novembro de 1910, no Porto, repentinamente, aos 50 anos de idade.

 

Quando jovem adulto fixou residência na cidade do Porto, onde se tornou um bem-sucedido homem de negócios, entre outros, nos setores dos Seguros e do Comércio, tendo-se dedicado ainda, nos seus tempos livres, a diversas atividades culturais e recreativas, com destaque para a fotografia amadora e a floricultura, interesses que partilhava com o seu amigo Aurélio Paz dos Reis, pioneiro cineasta português.

 

José Zagalo Ilharco foi sócio fundador e diretor do Real Velo Club do Porto, tendo fotografado, em 1893, ano da sua fundação, o grupo de membros da Direção e o Velódromo, localizado nas traseiras do Palácio das Carrancas, onde se encontra instalado o Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Com pista para velocípedes, a grande atração do espaço, e dois cortes de lawn-tennis ao centro, o Velódromo recebia novas modalidades em expansão entre as elites da cidade. José Zagalo Ilharco é o autor das únicas fotografias existentes deste equipamento, destacado num artigo de Vasco Valente, então Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, publicado na revista O Tripeiro em maio 1946.

Em 1947, o seu filho Norberto, em testemunho de apreço pela obra do pai, compilou, em dois álbuns, as reproduções das suas melhores fotografias. Todas as obras que integram esta exposição retrospetiva, resultam de uma seleção do volume 2, dedicado exclusivamente à Paisagem, cujas fotografias foram impressas no Bazar Foto-Amador no Porto, em fevereiro de 1945.

 

Esta é a primeira exposição de sempre da obra fotográfica de José Zagalo Ilharco, apresentando parte significativa das peças e documentos do seu espólio.

 

Créditos Fotográficos José Zagalo Ilharco @Coleção Particular

Museu Soares dos Reis na rota do Dia do Vizinho do Museu do Porto

1 de Fevereiro, 2024

O Museu Nacional Soares dos Reis faz parte do roteiro de atividades programadas para assinalar o Dia do Vizinho, iniciativa promovida pelo Museu do Porto.

 

Com o objetivo de divulgar a programação junto das comunidades locais, o Museu do Porto tem vindo a realizar regularmente o Dia do Vizinho, desde 2022, com iniciativas em torno de alguns dos espaços do museu, abertas à participação de todos e gratuitas.

 

A próxima sessão acontece no dia 4 de fevereiro, domingo, das 10 às 18 horas, no Museu Romântico. Entre as atividades previstas inclui-se uma visita ao Museu Nacional Soares dos Reis, agendada para as 14 horas.

Domingos Sequeira, Augusto Roquemont, Francisca Almeida Furtado, Francisco José Resende e João António Correia serão alguns dos artistas em destaque nesta visita, na qual serão abordados temas representados no romantismo.

 

Segue-se um percurso pedonal em torno da figura romântica de Carlos Alberto de Savoia-Carignano, rei italiano, que chegou ao Porto em 19 abril de 1849, escolhendo esta Cidade para viver durante o seu exílio.

 

Será feito o percurso entre a sua 2.ª residência num edifício junto ao Palácio dos Carrancas (atual MNSR) e a casa na Quinta da Macieirinha (Museu Romântico) que o hospedou até à sua morte, a 27 julho de 1849. Nesta casa agora museu, serão destacados elementos da presença do rei.

Visita «Uma casa incomum – a Casa-Museu Fernando de Castro»

31 de Janeiro, 2024

Sábado, 3 fevereiro, 11H00
Duração: 1h (aprox.)
Visita orientada por Ana Mântua
Mínimo de 5 pessoas e máximo de 20 pessoas

Inscrições aqui

 

Iniciativa exclusiva para membros do Círculo Dr. José Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.

No âmbito da programação proposta para o mês de fevereiro, decorre no dia 3, pelas 11 horas, uma visita orientada à Casa-Museu Fernando de Castro, no Porto.

 

O acervo da Casa-Museu Fernando de Castro é constituído por diferentes coleções reunidas ao longo de várias décadas. É composto, maioritariamente, por arte religiosa com representações eruditas e de cariz popular, pintura naturalista portuguesa e artes decorativas. Destaca-se, ainda, um interessante núcleo de caricaturas e alguns livros da autoria de Fernando de Castro, colecionador, artista e poeta.

 

Fernando de Castro (Sé, 23 nov. 1888 – Paranhos, 7 out. 1946) foi um colecionador e empresário portuense reconhecido pela sua veia poética manifesta em publicações, com gosto pela leitura e inclinação para o desenho tendo criado várias séries de caricaturas.

 

Fernando de Castro viveu na rua das Flores junto da loja do pai, cujo negócio prosperou em vidros, espelhos e papéis pintados. Entre 1893-1908, o empresário empenhou-se na construção de uma nova casa situada na rua de Costa Cabral.

 

Desde cedo, Fernando de Castro cresceu dentro de um imaginário pleno de figuras de estilo e de ícones, em particular no que diz respeito ao mobiliário e recheio da casa de Costa Cabral— património que conservou e respeitou após a morte do pai em 1918.

 

Na idade adulta, desenvolveu os seus interesses culturais num círculo de amigos ligados aos negócios e com um gosto particular pelas artes e letras. Terá sido após a morte da mãe em 1925 que Fernando de Castro fez novas aquisições de peças.

 

A Casa-Museu Fernando de Castro é administrada pelo Museu Nacional Soares dos Reis desde 1952. As visitas estão sujeitas a marcação prévia. Saiba mais aqui.

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