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Etiqueta: fev 24

Evocação dos 135 anos da morte de António Soares dos Reis

7 de Fevereiro, 2024

Patrono do Museu desde 1911, António Soares dos Reis, considerado um dos maiores escultores portugueses do séc. XIX, faleceu a 16 fevereiro de 1889. A doença e insatisfação levam-no ao suicídio, no seu atelier.

 

António Soares dos Reis nasceu a 14 de outubro de 1847, no lugar de Santo Ovídio, freguesia de Mafamude, concelho de Vila Nova de Gaia.

 

Com apenas 14 anos, matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde – durante a frequência do curso – colheu vários prémios e louvores. Em poucos anos o curso estava concluído, obtendo o 1º prémio nas cadeiras de desenho, arquitetura e escultura.

Aos 20 anos, António Soares dos Reis tornou-se pensionista do Estado no estrangeiro. Entre 1867 e 1870 permanece em Paris como pensionista, recebendo lições de Jouffroy, Yvon e Taine. Em Paris recebe vários prémios pelos seus trabalhos.

 

Após breve estada em Portugal, em 1871 parte para Roma, etapa decisiva na sua formação. É em Roma que inicia a execução de O Desterrado (1872), obra de inspiração clássica, ensaio de transição para o naturalismo, premiada na Exposição Geral de Belas-Artes de Madrid de 1881.

 

Regressado ao Porto em 1873 para se dedicar à carreira artística, Soares dos Reis colabora em publicações e preside ao Centro Artístico Portuense. A partir de 1881, leciona Escultura na Escola de Belas-Artes do Porto, embora discorde da orgânica do ensino.

 

Soares dos Reis é admirado pelos seus contemporâneos, recebe encomendas, participa em concursos e exposições, concebe monumentos públicos.

 

Incapaz de se sobrepor à incompreensão e ao descrédito lançados contra o seu valor artístico e de enfrentar a obstrução sistemática aos seus esforços de inovação como docente, recorreu ao suicídio, deixando uma obra ímpar na escultura da segunda metade do século XIX.

 

Sobre o Museu Nacional Soares dos Reis

O Museu Nacional Soares dos Reis tem origem no Museu de Pinturas e Estampas e outros objetos de Belas Artes, criado em 1833 por D. Pedro IV de Portugal, primeiro Imperador do Brasil, para salvaguarda dos bens sequestrados aos absolutistas e conventos abandonados na guerra civil (1832-34).

 

Com a extinção das ordens religiosas recolheram-se obras, entre outros, nos mosteiros de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra. Conhecido como Museu Portuense, ficou instalado no extinto Convento de Santo António da Cidade, na praça de S. Lázaro, vindo a ser formalizado por decreto em 1836 por D. Maria II.

 

Em 1839, passou para a direção da Academia Portuense de Belas Artes, que promoveu uma série de exposições em que foram premiados notáveis artistas como Soares dos Reis, Silva Porto, Marques de Oliveira e Henrique Pousão, em sucessivas gerações de mestres e discípulos.

 

Com a proclamação da República passou a designar-se Museu Soares dos Reis em memória de um dos mais destacados nomes da Arte Portuguesa.

 

Em 1932, passou à categoria de Museu Nacional, época marcada por uma reorganização significativa de Vasco Valente, através da incorporação dos objetos do Paço Episcopal do Porto (Mitra) e do Museu Industrial, bem como do depósito das coleções do extinto Museu Municipal. Segue-se, em 1940, a instalação do Museu no Palácio dos Carrancas, onde ainda se mantém.

MNSR apresenta exposição inédita da obra de José Zagalo Ilharco

2 de Fevereiro, 2024

Até 28 de abril, o Museu Nacional Soares dos Reis apresenta Paisagem, uma exposição inédita da obra de José Zagalo Ilharco, fotógrafo amador de grande mérito, premiado a nível nacional e internacional.

 

Dedicou-se especialmente à fotografia de paisagem, com enfoque em Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto, Lamego, Guarda e Penafiel. A sua obra fotográfica, composta por mais de 260 imagens, integra ainda uma série de retratos dos seus familiares e amigos, bem como das casas onde residiu e respetivos jardins.

 

O título desta exposição inspira-se no homónimo da fotografia do Rio Sousa, premiada em Bruxelas, em 1895.

 

José Zagalo Ilharco nasceu a 31 outubro de 1860 na freguesia da Sé, na cidade de Lamego, e faleceu a 5 novembro de 1910, no Porto, repentinamente, aos 50 anos de idade.

 

Quando jovem adulto fixou residência na cidade do Porto, onde se tornou um bem-sucedido homem de negócios, entre outros, nos setores dos Seguros e do Comércio, tendo-se dedicado ainda, nos seus tempos livres, a diversas atividades culturais e recreativas, com destaque para a fotografia amadora e a floricultura, interesses que partilhava com o seu amigo Aurélio Paz dos Reis, pioneiro cineasta português.

 

José Zagalo Ilharco foi sócio fundador e diretor do Real Velo Club do Porto, tendo fotografado, em 1893, ano da sua fundação, o grupo de membros da Direção e o Velódromo, localizado nas traseiras do Palácio das Carrancas, onde se encontra instalado o Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Com pista para velocípedes, a grande atração do espaço, e dois cortes de lawn-tennis ao centro, o Velódromo recebia novas modalidades em expansão entre as elites da cidade. José Zagalo Ilharco é o autor das únicas fotografias existentes deste equipamento, destacado num artigo de Vasco Valente, então Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, publicado na revista O Tripeiro em maio 1946.

Em 1947, o seu filho Norberto, em testemunho de apreço pela obra do pai, compilou, em dois álbuns, as reproduções das suas melhores fotografias. Todas as obras que integram esta exposição retrospetiva, resultam de uma seleção do volume 2, dedicado exclusivamente à Paisagem, cujas fotografias foram impressas no Bazar Foto-Amador no Porto, em fevereiro de 1945.

 

Esta é a primeira exposição de sempre da obra fotográfica de José Zagalo Ilharco, apresentando parte significativa das peças e documentos do seu espólio.

 

Créditos Fotográficos José Zagalo Ilharco @Coleção Particular

Dia Internacional dos Museus 2024 | Museus, Educação e Investigação

30 de Janeiro, 2024

Este ano, a celebração do Dia Internacional dos Museus terá como tema agregador «Museus, Educação e Investigação», visando sublinhar o papel fundamental das instituições culturais na oferta de uma experiência educativa holística.

 

Os museus são centros educativos dinâmicos que fomentam a curiosidade, a criatividade e o pensamento crítico.

 

Em 2024, o ICOM reconhece o seu contributo para a investigação, proporcionando uma plataforma para a exploração e a divulgação de novas ideias. Da arte e da história à ciência e à tecnologia, os museus são espaços vitais onde a educação e a investigação convergem para moldar a nossa compreensão do mundo.

Todos os anos, desde 2020, o Dia Internacional dos Museus apoia um conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Em 2024, as atividades a promover irão focar-se no Objetivo 4: Educação de Qualidade – Assegurar uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; e Objetivo 9: Indústria, Inovação e Infraestruturas – Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

 

Celebrado anualmente a 18 de maio, o Dia Internacional dos Museus foi criado em 1977 pelo ICOM – Conselho Internacional de Museus, visando promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos Museus no seu desenvolvimento.

 

Cada vez mais museus em todo o mundo participam nesta celebração global. No ano passado, registou-se a adesão ao evento de 37 000 museus em 158 países e territórios.

A escultura Flor Agreste e os 200 Anos da Vista Alegre

19 de Janeiro, 2024

No ano em que a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre celebra 200 anos de existência, recuperamos a história da escultura Flor Agreste, da autoria de António Soares dos Reis, que a Vista Alegre reproduziu em biscuit dando sequência às variadas reproduções da peça que lhe conferiram uma difusão extraordinária.

 

Considerada uma das obras mais emblemáticas do artista, o modelo em gesso da Flor Agreste, foi executado em 1878, quando Soares dos Reis aguardava a construção da sua casa-oficina na Rua Luís de Camões, em Vila Nova de Gaia.

 

O mármore data de 1881 tendo sido apresentado na 1ª Exposição-Bazar do Centro Artístico Portuense, onde foi adquirido pelo valor de 250.000 reis por Maria Francisca Archer. Coube ao Museu Nacional Soares dos Reis divulgar o historial da peça numa exposição itinerante que lhe dedicou em 1986.

O mármore tinha permanecido na posse da família durante mais de cinquenta anos, vindo a ser vendido ao Município do Porto em 1932, por um descendente do proprietário, Tomás Archer de Carvalho. Esta aquisição contou com a influência de Vasco Valente, um neto de Maria Francisca Archer, o qual, por sua vez, dirigia o setor artístico da Fábrica da Vista Alegre tendo promovido a reprodução do pequeno formato em biscuit da Flor Agreste.

 

Vasco Valente foi diretor do Museu Nacional Soares dos Reis entre 1932-1950, devendo-se-lhe importante contributo para história do vidro e da cerâmica portuguesa. Em paralelo, foi um dos responsáveis pela criação do Museu de Cerâmica da Vista Alegre e autor da medalha galardão de tempo de serviço prestado pelo pessoal da empresa.

 

Sobre a Vista Alegre

A Fábrica de Porcelana da Vista Alegre foi fundada em 1824, em Ílhavo, distrito de Aveiro. Ao longo do seu percurso, a marca esteve sempre intimamente associada à história e à vida cultural portuguesa tendo adquirido notoriedade internacional. Em 2001, o Grupo Vista Alegre (porcelana, faiança e grés) fundiu-se com o Grupo Atlantis (cristal e vidro de fabrico manual com elevada qualidade), fusão que deu origem a um dos maiores grupos de “tableware” e “giftware” da Europa: o grupo empresarial Vista Alegre Atlantis. Em 2009, o mesmo passou a integrar o portefólio de marcas do grupo Visabeira.

 

Todos os anos, o design desta marca portuguesa de porcelana, cristal e vidro chama a atenção dos mais prestigiados prémios de design internacionais, em países como Alemanha, Itália e Estados Unidos da América contribuindo, assim, para um considerável número de galardões com que conta a história da marca Vista Alegre.

Passos Manuel: o fundador da Academia Portuense de Belas Artes

18 de Janeiro, 2024

Com origens na Aula de Debuxo e Desenho, a Academia Portuense de Belas Artes foi criada em 1836, por decreto de Passos Manuel, ficando sob a alta proteção da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando. Na sua génese, estiveram a promoção e a difusão do estudo das belas artes e a sua aplicação à indústria.

 

Sedeada no extinto Convento de Santo António da Cidade – local onde se instalou, também, o Museu Portuense (atual Museu Nacional Soares dos Reis), a Escola Académica oferecia aulas nas áreas da Pintura, Escultura e Arquitetura, e ainda um curso preparatório de Desenho. Em 1881, este organismo dá origem à Escola Portuense de Belas Artes, passando a Academia a assumir exclusivamente funções ligadas à promoção da arte e da arqueologia, e à defesa e preservação do património museológico.

 

Manoel da Silva Passos (Passos Manuel) nasceu a 5 janeiro de 1805, em S. Martinho de Guifões, no antigo concelho de Bouças (Matosinhos), e morreu a 18 de janeiro de 1862, em Santarém.

Foi um dos mais importantes governantes do primeiro liberalismo português oitocentista.

 

Foi o principal impulsionador da criação do ensino liceal masculino em Portugal. Este ensino destinava-se a criar uma população preparada científica e tecnicamente, o que se concretizaria, dez anos mais tarde, com a criação de liceus nas capitais de distrito.

 

Por decreto de 25 de outubro de 1836, criou a Academia de Belas-Artes e, em 11 de janeiro de 1837, fundou a Academia Politécnica do Porto e a Escola Politécnica de Lisboa (esta assumiu as funções da Academia Real de Marinha). Através do decreto de 29 de dezembro de 1836, organizou as escolas médico-cirúrgicas de Lisboa e do Porto.

 

Créditos fotográficos

Museu Soares dos Reis recebe um dos primeiros autorretratos portugueses

16 de Janeiro, 2024

O Ministério da Cultura acaba de divulgar a lista das obras adquiridas em 2023, pela Comissão para Aquisição de Obras de Arte para os Museus e Palácios Nacionais, entre as quais figura o «Autorretrato do Marquês de Montebelo com os filhos Francisco e Bernarda», que se encontra já no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Com uma dotação anual de 2 milhões de euros, a Comissão para Aquisição de Obras de Arte para os Museus e Palácios Nacionais indicou, para 2023, um total de 9 obras de excecional relevância patrimonial consideradas fundamentais para as coleções dos museus e palácios nacionais.

 

Esta obra, datada de 1643 (?), poderá ser um dos primeiros autorretratos portugueses, tendo vindo enriquecer a Coleção de Pintura do Museu Nacional Soares dos Reis, a qual integra um vasto número de autorretratos de outros períodos e correntes artísticas.

 

Félix Machado da Silva e Castro de Vasconcelos, marquês de Montebelo, nasceu na Casa de Tora, da freguesia do Vale, em Amares. Foi o primeiro Marques de Montebelo, em Itália, senhor das Terras de Entre Homem e Cavado e da vila de Amares, comendador de S. João de Coucieiro na Ordem de Cristo. Apesar de tantos senhorios em terras, morreu pobre, vivendo nos últimos anos de vida da arte de pintura.

 

“Amigo de Velazquez, dele terá recebido ensino que não ficou como dote de amador mas teve relevo profissional, como professor e retratista da corte de cujas obras aliás pouco ou nada se sabe hoje.

Em Portugal, em poder de descendentes, há quatro obras de Montebelo: dois auto-retratos, um deles de puro esquema velazquenho (figura de pé, vestida de negro, capa pelos ombros, grande colar de ouro, colarinho alto, de cambraia) que o mostra de expressão altiva na barba talhada à moda, outro, de pequeno formato, no acto de pintar, vestido de rico justilho bordado, o filho Francisco já figurado na tela, uma filha ao lado. Os rostos têm tratamento difuso de contornos sensíveis e doces, tal como noutro quadro, representando três filhos crianças, o do meio segurando um grande cesto de flores discretamente coloridas. Outro retrato é o do filho herdeiro António, a três quartos, numa composição brasonada, reposteiro puxado a um lado para enquadrar a figura jovem, de expressão atenta de fidalgo espanhol.”

FRANÇA, José-Augusto  – “O Retrato na Arte Portuguesa”. Lisboa: Livros Horizonte, 1981, p. 32.

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