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Obra de Augusto Roquemont causa “forte sensação” em Lisboa

29 de Novembro, 2023

Em 1843 (há precisamente 180 anos), Augusto Roquemont causou “forte sensação” em Lisboa, na Exposição Trienal da Academia de Belas Artes, com alguns quadros de costumes.

 

Considerada até então uma temática sem interesse, valeu o comentário de Almeida Garrett quando, defronte de um dos quadros expostos, proclama acerca do pintor: “artista português legítimo, como oxalá que sempre sejam todos os nossos naturalistas”.

Filho natural do príncipe e general alemão Frederico Augusto de Hesse-Darmstad, nasceu a 2 de junho de 1804, em Genebra, Suíça. Aos 8 anos inicia os seus estudos num colégio em Paris e com 14 anos vai para Itália onde se fixa até ao ano de 1827, para fazer a sua formação artística. Roma, Veneza, Bolonha e Florença são as cidades escolhidas para a sua aprendizagem. Alcança em 1820, na Academia de Belas Artes de Veneza, o 1º prémio numa prova de exame.

 

Veio para Portugal em 1828 a pedido do pai. O príncipe apoiava politicamente D. Miguel I que conhecera em Viena. Roquemont, na qualidade de seu secretário particular, acompanhou-o durante a sua permanência em Portugal e por cá ficou depois de regressar à Alemanha.

 

A zona Norte do país foi a escolhida para fixar residência e Guimarães e Porto são as cidades mais importantes onde decorre a sua vida. À primeira liga-o o início da sua estadia em Portugal, onde foi hóspede do conde da Azenha – miguelista convicto – ali permanecendo longas temporadas. Influência miguelista, não foi alheia a sua nomeação em 1831 para professor da Aula de Desenho da Academia Real da Marinha e do Comércio, cargo que recusou para se dedicar inteiramente à pintura.

 

Com estadias pontuais em Lisboa, fixa-se em 1847 definitivamente na cidade do Porto, onde vem a falecer em 1852.

 

Mestre de Francisco José Rezende e João Correia, marca profundamente a primeira geração de pintores românticos. Estes, atentos ao realismo com que Roquemont tratava os seus retratos e à grande novidade introduzida na pintura portuguesa, através de quadros de paisagem e de costumes – um dos temas preferidos do Romantismo – deixam-se influenciar, contribuindo para um professorado benéfico que viria a colher os seus frutos na segunda metade do século XIX. Para além da técnica da pintura a óleo, Roquemont executou também trabalhos a lápis, carvão e esfuminho.

 

Imagem: Óleo sobre tela Procissão de Augusto Roquemont

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