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A «Peregrinação» e a presença portuguesa no Japão

2 de Janeiro, 2024

Os Biombos de Namban, pertencentes ao acervo do Museu Nacional Soares dos Reis, retratam a presença dos portugueses nos portos do sul do Japão e o contacto com uma nova cultura em finais do século XVI, cujo relato foi imortalizado em “Peregrinação”, por Fernão Mendes Pinto.

 

“Peregrinação” é um dos primeiros relatos de um europeu sobre terras do Oriente e o livro de viagens português mais traduzido no mundo: teve pelo menos 167 edições, sendo vinte fora de Portugal logo no século XVII. Foi também durante muito tempo o segundo livro português mais lido no estrangeiro, após “Os Lusíadas”, de Luís de Camões.

 

Serve de tema à exposição patente na Biblioteca Pública de Braga “‘A Peregrinação’ de Fernão Mendes Pinto: mais de 4 séculos de edições”, com duas dezenas de exemplares da obra, incluindo cinco edições dos séculos XVII e XVIII.

A mostra da Biblioteca Pública de Braga revela a edição original de 1614 (em fac-simile), bem como edições de 1678, 1725, 1762 e 1829, entre outras. Pode ver-se, igualmente, um vídeo com imagens e sons alusivos à presença portuguesa no Japão, construído a partir da história representada nos Biombos de Namban, da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Os Biombos de Namban, composição de grande formato, apresentam uma colorida panorâmica sobre um fundo de ouro.

 

Uma meticulosa representação interpreta os trajes e os símbolos de um lucrativo comércio de produtos de luxo, as sedas, as porcelanas, os pequenos móveis e um elemento poucas vezes retratado, a arca da prata.

 

No primeiro biombo, destaca-se uma nau, embarcação de grande porte, e o desembarque dos viajantes e suas mercadorias. No segundo biombo mantém-se a narrativa da atividade comercial e documenta, ainda, a presença dos missionários da Companhia de Jesus. Em plano de fundo a missão cristã é assinalada por uma cruz e os portugueses testemunham, exibindo práticas locais, um amplo encontro cultural.

 

“Peregrinação” traça um relato ímpar da vida e dos costumes dos povos orientais, além da presença lusa na Ásia e desse submundo imperialista. Mostra ainda que os portugueses foram os primeiros europeus no Japão, há 480 anos, introduzindo a sua cultura, o cristianismo e as armas de fogo.

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