No dia em que se assinala o 123º Aniversário de Nascimento de José Régio, recordamos a exposição «José Régio [Re]visitações à Torre de Marfim», comissariada por Rui Maia, e apresentada no Museu Nacional Soares dos Reis em 2021.
José Régio é o pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira. Nasceu em 17 setembro de 1901, em Vila do Conde, cidade onde viveu a infância e adolescência e fez os primeiros estudos.
Após uma estadia de dois anos no Porto, para concluir o 3.º ciclo do curso liceal, foi para Coimbra para frequentar a Faculdade de Letras. Aí se licenciou em Filologia Românica, em 1925, defendendo a tese intitulada “As correntes e as individualidades na Moderna Poesia Portuguesa”, trabalho onde foi feita, pela primeira vez, a apologia dos poetas da revista Orpheu.
Cedo, iniciou a sua atividade literária em jornais e revistas. É de salientar a colaboração de José Régio, já na década de 20, nas revistas portuenses Crisálida e A Nossa Revista e também nas coimbrãs Bizâncio e Tríptico. Mas foi em Coimbra que consolidou as suas qualidades literárias, fruto do intenso contacto com os livros que vieram a influenciar a sua obra, como ainda pelo convívio com os intelectuais que marcaram um dos períodos mais fecundos do séc. XX, tanto na criação literária como na crítica.
No ano seguinte à conclusão da licenciatura, publicou o seu primeiro volume de poesia Poemas de Deus e do Diabo, assinando-o com o pseudónimo literário José Régio.
Em março de 1927, fundou com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, a revista Presença que durou treze anos e foi considerada o órgão divulgador do “segundo modernismo”.
Concluído o Curso da Escola Normal, iniciou a carreira docente, com uma breve experiência como professor provisório, no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, até ser nomeado, em 1930, professor efetivo no liceu de Portalegre, cargo que exerceu até se reformar, em 1962.
Desde então, viveu alternando a sua residência entre Vila do Conde e Portalegre, até que em 1966, se instalou definitivamente em Vila do Conde.
José Régio morreu a 22 de dezembro de 1969, vítima de doença cardíaca.
Em 2021, o Museu Nacional Soares dos Reis apresentou a exposição «José Régio [Re]visitações à Torre de Marfim». Uma mostra de poesia e desenho que permite um maior conhecimento da produção de José Régio.
Desenhos de cariz intimista, referências do imaginário do poeta, fixados a tinta-da-china, aguada, lápis de cor e cera pigmentada, consolidando o risco prévio a grafite, marcam o manuscrito do autor, ora incluídos na tessitura do poema, ora antecipando-o ou sucedendo-o, materializando a impressão fugaz que lhe parecia escapar, lê-se na apresentação feita pelo curador Rui Maia.
Esta mostra é resultado das atividades do grupo de trabalho nacional estruturado no âmbito da evocação dos 50 anos da morte de José Régio, que se assinalou em 2019.