A exposição “Portreto de la Animo” e as atividades paralelas são o foco do programa «Arte & Saúde» em 2023, prosseguindo com oferta cultural orientada à minimização do impacto da doença mental.
Portreto de la Animo pode ser visitada de terça a domingo, das 10h00 às 18h00.
A programação paralela da Exposição Portreto de la Animo Art Brut Etc. propõe, no dia 6 dezembro, pelas 13h30, uma visita comentada por Miguel Almeida (Serviço Educativo do Centro de Arte Oliva), dedicada a «Tomasz Machciński – um homem com mil caras». Inscrições a decorrer.
Tomasz Machciński foi fotógrafo de si próprio. Retratou-se incontáveis vezes, ou, aplicando um termo atual, tirou selfies encarnando diferentes personagens. Muitas. Como o próprio disse: “suficientes para compor um exército”. Personagens famosas e fictícias – que viveram, vivem ou que ainda estão por nascer.
Nesta sessão vamos ver e conhecer a obra de Machciński onde o corpo transfigurado é um meio de expressão artística.
Nascido em 1942 na Polónia, Tomasz Machciński era um fotógrafo e performer autodidata. Enquanto órfão de guerra, recebeu um cartão autografado da actriz Joan Tompkins, estrela de Hollywood, com as palavras “Com amor para o ‘Tommy’ da ‘mãe’ Joan”, no âmbito de um programa de adoção à distância.
Durante os primeiros vinte anos de sua vida, Machciński estava convencido de que Tompkins era sua mãe. O fim do seu “sonho americano” e a perda dessa suposta identidade influenciaram o seu trabalho artístico.
A sua obra consiste em mais de 22.000 identidades fictícias ou apropriadas, capturadas em autorretratos fotográficos e cinematográficos. Nas suas encenações, o artista encarna despreocupadamente estrelas de cinema, ícones da cultura pop, figuras históricas, literatura e política e outros personagens excêntricos de diferentes afiliações étnicas, sexuais ou sociais—reinvenções da sua própria identidade.
No seu trabalho, Machciński atua como realizador e ator, maquilhador e figurinista, arquivista, fotógrafo e artista performativo. A sua prática artística está relacionada com a História da Arte Europeia através do jogo com os métodos tradicionais de representação e as suas convenções.
Por outro lado, acompanha a estratégia da fotografia conceptual que usa a autoimagem como veículo para negociar diferentes significados, presente também no trabalho de Cindy Sherman ou Luigi Ontani. Tomasz Machciński é uma figura de destaque na fotografia “bruta”.
No ano seguinte à criação, em 2018, da Fundação Tomasz Machciński, os seus filmes foram exibidos na Whitechapel Gallery (Londres); nesse mesmo ano participou no Rencontres de la Photographie (Arles) na exposição PHOTO l BRUT, coleção Bruno Decharme & compagnie.
Em 2020, expõe no American Folk Art Museum em Nova York e, finalmente, uma grande exposição retrospetiva dedicada ao artista no Manggha (Cracóvia) em 2021.
Tomasz Machciński faleceu em janeiro de 2022 aos 79 anos.