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Pintor (e poeta) António Carneiro: o ‘retratista das almas’

15 de Fevereiro, 2024

António Carneiro ingressou na Academia Portuense de Belas Artes em 1884, há precisamente 140 anos, onde foi aluno de Soares dos Reis e de Marques de Oliveira, entre outros. António Carneiro foi também poeta mas, a sua obra principal, ‘Solilóquios’, só foi publicada, em 1936, poucos anos depois de morrer.

 

António Teixeira Carneiro Júnior nasceu em Amarante, em 1872. As circunstâncias precárias que envolvem o seu nascimento e primeira infância levam ao seu internamento, com 7 anos, no Asilo do Barão de Nova Sintra, no Porto.

 

Entre 1884 e 1896 frequentou a Academia Portuense de Belas Artes, onde foi discípulo de Soares dos Reis, João António Correia e Marques de Oliveira.

Em 1897 parte para Paris, onde se manteve até 1900, ano em que se realiza a Exposição Universal de Paris, para a qual é convidado, participando na decoração do pavilhão português.

 

Não foi na aprendizagem possível na Academia que o jovem encontrou respostas para as suas questões: embora não indiferente à estética impressionista em particular, identificou-se mais com sensibilidades enquadradas no Simbolismo.

 

António Carneiro era um homem místico, melancólico e solitário, carácter a que não seriam alheias as privações e dificuldades de toda a ordem que experimentou. Carregado de interrogações existenciais, encontrou em Paris, nesse fin-de-siècle de grandes reflexões e crise espiritual, o meio ideal para a problematização das suas questões. É neste contexto que surge o tríptico “A Vida, feito Esperança, Amor e Saudade”, obra emblemática de Carneiro e da arte portuguesa, iniciada em Paris e apresentada pela primeira vez no Porto, em 1901, na Galeria da Misericórdia.

 

No Porto, a sua carreira artística vai desenvolver-se num contexto cultural muito particular e, só nele, se poderá entender o seu percurso. Pintor e poeta, “o artista mais intelectual do seu tempo”, vive rodeado de um grupo de pensadores, poetas, políticos, homens cultos associados em torno da revista “A Águia”. Fundada em 1910 é, a partir de 1912, o órgão do movimento literário e cultural, a “Renascença Portuguesa”, constituído no Porto. António Carneiro foi diretor artístico da revista desde a sua fundação até 1927, data em que deixa de ser publicada. Desde 1918 foi professor na Escola de Belas Artes do Porto e nomeado seu diretor em 1929, cargo que nunca chegaria a exercer.

 

Ao longo de toda a sua carreira, António Carneiro praticou principalmente dois géneros de pintura – o retrato e a paisagem – e fez das ilustrações um meio de subsistência. Aceitava, com alguma relutância, encomendas de retratos de pessoas com quem não tinha afinidades ou simplesmente desconhecia. Embora referenciado como “pintor de retratos” era a paisagem o que mais o atraía e que, no conjunto da sua obra, melhor manifesta as potencialidades inovadoras do artista que deu à arte portuguesa novos valores de modernidade.

 

Entre os anos de 1925 e 1927 concentrou-se num género de pintura de grande intimidade: uma série de interiores de igrejas que traduzem os seus mais íntimos sentimentos de homem dilacerado pela morte da filha (1925).

 

Em 1929 realiza uma composição, Camões lendo os Lusíadas aos frades de S. Domingos, obra de síntese que o pintor executa perto do fim da vida e que vende, no Brasil, nesse mesmo ano.

 

Já na ilustração, os 42 desenhos da ilustração do lnferno de Dante, que se encontram no Museu Nacional Soares dos Reis, revelam o melhor do seu talento de poeta visionário.

 

A este propósito, recordamos que está patente no Lionesa Business Hub, a Exposição Inferno – A Viagem de Dante pela mão de António Carneiro, a qual resulta de uma parceria entre o Lionesa Business Hub, o Lionesa Group, o Museu Nacional Soares dos Reis e a ASCIPDA – Associazione Socio-Culturale Italiana del Portogallo Dante Alighieri.

 

A exposição tem acesso gratuito e estará patente até 30 março 2024, das 09h00 às 18h00.

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