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Na Semana Santa, destacamos Cenas da Paixão e Cristo Crucificado

28 de Março, 2024

Ao longo da sua história, o Museu Nacional Soares dos Reis foi reunindo coleções de diversas proveniências, de diferentes períodos e locais de produção. Esta diversidade tem a ver com uma tendência europeia para considerar o Património de uma forma multidisciplinar, relacionando Pintura e Escultura com as Artes Decorativas.

 

A evolução da escultura religiosa na Europa, desde meados da Idade Média, reflete a aproximação entre o crente e o Divino através da humanização das obras de arte. As representações solenes de Cristo e da Virgem vão dando lugar a expressões de maior humanidade.

 

A representação de Jesus Cristo crucificado é uma temática recorrente na religião católica, pela relevância deste episódio e simbologia da cruz, manifestando o sofrimento de Cristo, mas também a sua salvação. Este é representado tradicionalmente com os braços e pernas esticadas e pregadas, que acompanham o formato da própria cruz.

 

Da Exposição de Longa Duração do Museu Nacional Soares dos Reis destacamos, nesta Semana Santa, duas peças de referência: o Cristo Crucificado e a série de placas de esmalte que representa cenas da Paixão de Cristo.

Cristo crucificado em madeira do século XIII

Cristo crucificado faz parte de um restrito número de Cristos na cruz em madeira existentes em Portugal, entre os séculos XII-XIV e cuja qualidade aponta para uma produção peninsular. Desconhece-se a origem deste Cristo crucificado, atribuído à Escola de Valladolid ou Palência, no Instituto Amatller de Arte Hispânico.

 

Trata-se de uma imagem articulada nos braços permitindo a sua exposição como jazente em dia de Sexta-Feira Santa. A representação do Cristo sofredor (Christus patiens) evoluiu pelos meados do século XII em resposta a uma espiritualidade dirigida para a humanização de Cristo, culminante na Crucifixão.

Série de 26 Placas em esmalte com cenas da Paixão de Cristo

A série de 26 placas de esmalte pintado sobre cobre representa cenas da Paixão de Cristo, reproduzindo e recriando 24 das 36 gravuras que constituem a série denominada “Pequena Paixão”, da autoria do artista alemão Albrecht Dürer, publicada em 1511. Estão atribuídos ao mesmo artista outras placas em esmalte, representando cenas da Pequena Paixão, como uma série da Wallace Collection, placas do Museu de Lyon, do Museu Hermitage de São Petersburgo e do Museu das artes Decorativas de Paris, entre outras.

 

As placas não são assinadas nem datadas, mas integram um grupo de peças atribuídas a uma mesma oficina, em Limoges, entre 1550 e 1625. Além das 26 placas do Museu Nacional Soares dos Reis, são hoje conhecidas cerca de 98 placas (distribuídas por diversas coleções europeias), que se considera terem sido produzidas nessa oficina atualmente designada pelo nome de convenção “Oficina da Pequena Paixão de Santa Cruz de Coimbra”.

 

A série provém do Santuário do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra onde já se encontrava em 1752 e de onde foi retirada em 1834, na sequência do decreto de extinção das ordens religiosas. No Santuário do Mosteiro de Santa Cruz conserva-se ainda o elemento do altar em madeira em que as placas se inseriam.

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