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Museu Soares dos Reis recebe um dos primeiros autorretratos portugueses

16 de Janeiro, 2024

O Ministério da Cultura acaba de divulgar a lista das obras adquiridas em 2023, pela Comissão para Aquisição de Obras de Arte para os Museus e Palácios Nacionais, entre as quais figura o «Autorretrato do Marquês de Montebelo com os filhos Francisco e Bernarda», que se encontra já no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Com uma dotação anual de 2 milhões de euros, a Comissão para Aquisição de Obras de Arte para os Museus e Palácios Nacionais indicou, para 2023, um total de 9 obras de excecional relevância patrimonial consideradas fundamentais para as coleções dos museus e palácios nacionais.

 

Esta obra, datada de 1643 (?), poderá ser um dos primeiros autorretratos portugueses, tendo vindo enriquecer a Coleção de Pintura do Museu Nacional Soares dos Reis, a qual integra um vasto número de autorretratos de outros períodos e correntes artísticas.

 

Félix Machado da Silva e Castro de Vasconcelos, marquês de Montebelo, nasceu na Casa de Tora, da freguesia do Vale, em Amares. Foi o primeiro Marques de Montebelo, em Itália, senhor das Terras de Entre Homem e Cavado e da vila de Amares, comendador de S. João de Coucieiro na Ordem de Cristo. Apesar de tantos senhorios em terras, morreu pobre, vivendo nos últimos anos de vida da arte de pintura.

 

“Amigo de Velazquez, dele terá recebido ensino que não ficou como dote de amador mas teve relevo profissional, como professor e retratista da corte de cujas obras aliás pouco ou nada se sabe hoje.

Em Portugal, em poder de descendentes, há quatro obras de Montebelo: dois auto-retratos, um deles de puro esquema velazquenho (figura de pé, vestida de negro, capa pelos ombros, grande colar de ouro, colarinho alto, de cambraia) que o mostra de expressão altiva na barba talhada à moda, outro, de pequeno formato, no acto de pintar, vestido de rico justilho bordado, o filho Francisco já figurado na tela, uma filha ao lado. Os rostos têm tratamento difuso de contornos sensíveis e doces, tal como noutro quadro, representando três filhos crianças, o do meio segurando um grande cesto de flores discretamente coloridas. Outro retrato é o do filho herdeiro António, a três quartos, numa composição brasonada, reposteiro puxado a um lado para enquadrar a figura jovem, de expressão atenta de fidalgo espanhol.”

FRANÇA, José-Augusto  – “O Retrato na Arte Portuguesa”. Lisboa: Livros Horizonte, 1981, p. 32.

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