O Velódromo Maria Amélia foi inaugurado a 29 junho de 1894, celebrando este ano o 130º aniversário da sua abertura oficial.
Em 1894, quando a bicicleta se transformava num fenómeno social urbano, D. Carlos autorizou o Real Velo Clube a construir nos quintais do seu Paço, hoje Museu Nacional Soares dos Reis, uma pista para velocipedistas.
Inaugurado nesse mesmo ano, o velódromo Maria Amélia, de que ainda restam significativos vestígios, veio responder ao crescente entusiasmo que a elite do Porto dos finais do século XIX sentia pela bicicleta. A designação do velódromo resulta do nome da esposa do rei D. Carlos I: a rainha Dona Amélia.
Destinado para corridas dessas “loucas e velozes máquinas”, com um traçado que permitia percorrer um quilómetro em três voltas, este foi um dos primeiros recintos desportivos da cidade e integrava também dois campos de ténis.
Aberto no que seria então uma pequena mata e espaço de hortas, cedidos pelo rei D. Carlos à Associação Velo Club do Porto, o velódromo desenvolvia-se nas traseiras do neoclássico Palácio dos Carrancas mandado construir em 1795 pela família Morais e Castro e que, adquirido em 1861 pelo rei D. Pedro V, se convertera na residência oficial da família real em deslocações ao Porto.
José Zagalo Ilharco foi sócio fundador e diretor do Real Velo Club do Porto, tendo fotografado o grupo de membros da Direção e o Velódromo, localizado nas traseiras do Palácio das Carrancas, onde se encontra instalado o Museu Nacional Soares dos Reis.
Com pista para velocípedes, a grande atração do espaço, e dois cortes de lawn-tennis ao centro, o Velódromo recebia novas modalidades em expansão entre as elites da cidade. José Zagalo Ilharco é o autor das únicas fotografias existentes deste equipamento, sendo agora possível apreciar essas imagens na exposição temporária Paisagem, patente no Museu Nacional Soares dos Reis, até ao próximo dia 28 abril.
José Zagalo Ilharco, fotógrafo amador de grande mérito, premiado a nível nacional e internacional, dedicou-se especialmente à fotografia de paisagem, com enfoque em Matosinhos, Leça da Palmeira, Porto, Lamego, Guarda e Penafiel. A sua obra fotográfica, composta por mais de 260 imagens, integra ainda uma série de retratos dos seus familiares e amigos, bem como das casas onde residiu e respetivos jardins.
Nasceu a 31 outubro de 1860 na freguesia da Sé, na cidade de Lamego, e faleceu a 5 novembro de 1910, no Porto, repentinamente, aos 50 anos de idade.
Atualmente, em exposição no Jardim do Museu (ex-velódromo) estão objetos em pedra ligados à história da cidade do Porto. A grande maioria destes objetos é proveniente de demolições de edifícios (conventos ou capelas), fontes e muralhas, que se verificaram no final do século XIX e início do XX, em consequência do crescimento urbanístico da cidade.