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‘Descida da Cruz’, de Domingos Sequeira, em itinerância nacional

20 de Março, 2024

Adquirida por uma entidade privada nacional, a Fundação Livraria Lello, a obra ‘Descida da Cruz’, de Domingos Sequeira, estará em itinerância por vários museus nacionais.

 

O anúncio oficial foi feito esta quarta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, durante a sessão de assinatura do memorando de entendimento entre o Estado português e o novo proprietário da obra.

 

No dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, a ‘Descida da Cruz’ estará exposta no Mosteiro de Leça do Balio, localidade onde se situa a sede da Fundação Livraria Lello, iniciando depois a sua itinerância.

Recorde-se que a compra ocorreu no passado dia 10 de março, no âmbito da feira de arte e antiguidades TEFAF de Maastricht, em estreita articulação com a Museus e Monumentos de Portugal, entidade com a qual o novo proprietário firmou um compromisso para a fruição pública da obra.

 

‘Descida da cruz’, pintura sacra datada de 1827, faz parte de um grupo de quatro pinturas tardias de Domingos Sequeira, executadas em Roma, onde o artista morreu em 1837.

 

Domingos Sequeira é considerado como o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX.

 

Filho de um barqueiro e nascido no seio de uma família pobre, em 1768, Domingos Sequeira foi educado na Casa Pia, onde frequentou o curso de Desenho e Figura.

 

Com bolsa real concedida por D. Maria l, recebe aulas de pintura e desenho de Antonio Cavallucci, em Roma. De regresso a Lisboa é nomeado, pelo futuro rei D. João VI,  pintor da corte e corresponsável da empreitada de pintura do Palácio da Ajuda. Foi ainda professor de Desenho e Pintura da Família Real e, em 1806, dirigiu a aula da Academia de Marinha, Porto.

 

No contexto das invasões francesas, Domingos Sequeira estabeleceu amizades com oficiais do exército napoleónico, como o Conde de Forbin, oficial e pintor amador. Esta aproximação valeu-lhe a encomenda de uma representação alegórica da ação protetora do general Junot sobre Lisboa. O óleo sobre tela Junot protegendo a cidade de Lisboa, data de 1808 e integra o acervo do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Graças a essa atividade, Sequeira foi visto como colaborador do inimigo ocupante e por isso alvo de perseguições e processos condenatórios de que só a muito custo se reabilitou. Os últimos anos da sua vida são passados em Roma, onde se dedica sobretudo à pintura religiosa.

 

Para além das obras de Domingos Sequeira integradas na Exposição de Longa Duração, o Museu Nacional Soares dos Reis tem patente, até 28 abril, a exposição «Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira – um diálogo no tempo», na qual constam alguns estudos preparatórios de Domingos Sequeira para a elaboração da obra ‘Descida da Cruz’.

Exposição Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira
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