O pintor e arquiteto português Fernando Lanhas nasceu há 100 anos, no Porto, a 16 de setembro de 1923. Está representado na exposição de longa duração no contexto de uma nova geração de artistas e a sua obra Tambores testemunha a transição para o abstracionismo geométrico.
Tambores, que se encontra no Museu Nacional Soares dos Reis, é testemunho da transição para o abstracionismo geométrico a que o artista em breve entregaria toda a sua prática pictórica.
A obra evoca vagamente uma fisionomia, focando-se na forma da área iluminada, modulada em triângulo. As cores anunciam a “paleta natural”, que Lanhas definiria na década seguinte, em busca de síntese e harmonia com a Natureza.
Outras obras de Lanhas deste período têm títulos de referente musical, suscitando a associação de formas a sons. Foram, mais tarde, substituídos por uma combinação de siglas e números. Por razões que desconhecemos, Tambores escapa a essa normalização auto-imposta.
Formado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas-Artes da Universidade do Porto em 1947, é principalmente reconhecido pela sua atividade como pintor. Durante o período de formação no Porto, dirigiu o Grupo de Estudantes de Belas-Artes. Pertencendo a um círculo de alunos dos quais faziam parte Nadir Afonso, Júlio Pomar ou Manuel Pereira da Silva, cedo se interessa pela pintura.
Considerado o introdutor do abstracionismo geométrico em Portugal, em 1945 expõe algumas pinturas que desenvolvera no campo do Abstracionismo, tendência que marcará as futuras Exposições Independentes.
Toda a sua obra se carateriza por uma unidade estilística, conferida pela recorrente utilização de linhas tensas e quebradas que se repetem, por vezes, paralelamente. O suporte do plano, no qual se organizam manchas de cores quentes e frias, lisas ou texturadas, conjugadas com linhas em perspetiva, revela-se o mais importante.
A gama cromática utilizada, numa escala de cinzas e ocres, alude às cores de certos minerais, por vezes usados como próprio pigmento. As linhas de traçado largo e quase mecânico estruturam o campo percetivo, delimitando áreas e assumindo a função de signos.
O caráter abstrato da sua pintura é ainda reforçado pela designação técnica conferida aos quadros, como por exemplo “O10-50” e “O42-69”.