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Almada Negreiros: figura ímpar no panorama artístico português

7 de Abril, 2024

Nascido a 7 abril de 1893, Almada Negreiros foi uma das figuras de proa da primeira geração do modernismo português. Começou como caricaturista, mas foi sobretudo como poeta que participou no movimento futurista lisboeta.

 

Em 1915, participa na génese de uma revista marcante para a literatura portuguesa — a revista Orpheu — com a qual colabora, juntamente com Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Amadeo de Souza Cardoso e outros nomes das letras e das artes.

 

Essencialmente autodidata (não frequentou qualquer escola de ensino artístico), a sua precocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao desenho de humor. Mas a notoriedade que adquiriu no início de carreira prende-se acima de tudo com a escrita, interventiva ou literária.

Em 2017, o Museu Nacional Soares dos Reis, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, acolheu a exposição “José de Almada Negreiros: desenho em movimento”. Com curadoria de Mariana Pinto dos Santos, a mostra reuniu 90 trabalhos reveladores da importância da linguagem cinematográfica na sua obra plástica.

 

Várias das obras selecionadas para a mostra estiveram na exposição “Almada Negreiros. Uma Maneira de Ser Moderno” que, no início desse ano, ocupou vários espaços do Museu Gulbenkian e da programação da Fundação, em Lisboa.

 

Em grande parte do trabalho de Almada Negreiros é bem visível a sua vontade de contar histórias com imagens, muitas das quais com apontamentos de humor, tanto em séries de desenhos, como em obras integradas em edifícios e mesmo em tapeçarias. Fascinado com a possibilidade de dar vida ao desenho e de o pôr em movimento, Almada Negreiros teve a intenção por diversas vezes de experimentar a animação, mas não chegou a concretizar o seu desejo.

 

A conjugação entre cinema e desenho surge em obras como a lanterna mágica La Tragedia de Doña Ajada (1929) e no filme desenhado O Naufrágio da Ínsua (1934), trabalhos especificamente concebidos para apresentações públicas em écran de cinema, real ou imaginado. A hibridez entre desenho e cinema está também expressa em alguns dos seus textos literários, poéticos e ensaísticos, onde se notam intersecções plásticas e cinematográficas.

 

“José de Almada Negreiros: desenho em movimento” esteve patente, no Museu Nacional Soares dos Reis, entre 30 de novembro 2017 e 18 de março 2018.

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