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29º Aniversário do Falecimento do escritor Miguel Torga

17 de Janeiro, 2024

Assinala-se, hoje, dia 17 de janeiro, o 29º Aniversário do Falecimento de Miguel Torga, autor de vasta e variada produção literária, largamente reconhecida.

 

No livro «Portugal», Miguel Torga escreve sobre a sua relação com a cidade do Porto e o Museu Nacional Soares dos Reis, onde atualmente se encontra representado na Exposição de Longa Duração.

“Eu gosto do Porto. Não do porto erudito do Sampaio Bruno ou do burguês e literário do Ramalho. Gosto de um Porto cá muito meu, de que vou dizer já, e amo-o de um amor platónico, avivado de ano a ano à passagem para a minha terra natal, quando o Menino Jesus acena lá das urgueiras.

 

Entro então nele a tiritar de frio, atravesso-o molhado de nevoeiro, arranjo quarto, e deito-me no aconchego dessa velha e casta paixão que nos une. No dia seguinte, pela manhã, levanto-me, compro um jornal, embarco, e a minha visita anual e discreta acabou.

 

De vez em quando perco a cabeça, estrago os horários e vou ao Museu Soares dos Reis ver o Pousão, passo pela igreja de S. Francisco, ou meto-me num eléctrico e dou a volta ao mundo, a descer à Foz pela Marginal e a subir pela Boavista (…)”. (Miguel Torga, Portugal, Porto pps. 39-40)

 

Adolfo Correia da Rocha nasceu em 1907, em S. Martinho de Anta, Sabrosa, onde concluiu, com distinção, os estudos primários.

 

Oriundo de uma família humilde de camponeses e sem grandes recursos económicos, trabalhou no Porto, passou pelo Seminário de Lamego e, ainda adolescente, emigrou para o Brasil. De regresso a Portugal, cursou Medicina em Coimbra, onde viveu e faleceu em 1995.

 

De personalidade veemente e intransigente, foi poeta presencista, numa primeira fase associado ao grupo da Presença que cedo abandonou.

 

Adotou o pseudónimo Miguel Torga, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica, Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, e ainda à torga, planta brava da montanha com fortes raízes.

 

A sua extensa obra aborda, entre outros temas, o drama da criação poética, o desespero humanista, o sentimento telúrico, a problemática religiosa, o iberismo e o universal.

 

Defensor da liberdade e da justiça, teve obras censuradas, foi vítima de perseguição política e esteve preso, apesar de nunca ter aderido a qualquer partido político.

 

Laureado com numerosos prémios literários nacionais e internacionais, foi candidato a Prémio Nobel da Literatura.

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