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190 Anos do Jardim Marques de Oliveira, conhecido como S. Lázaro

13 de Março, 2024

Inaugurado a 4 abril de 1834, dia de aniversário de D. Maria II, o Jardim de S. Lázaro foi mandado construir por D. Pedro IV, tendo sido o primeiro jardim público da cidade do Porto.

 

A decisão de criar este jardim é contemporânea da constituição do Museu de Pinturas e Estampas e outros objetos de Belas Artes (hoje Museu Nacional Soares dos Reis), situado mesmo ao lado, no antigo edifício do Convento de Santo António, onde atualmente se localiza a Biblioteca Pública Municipal do Porto.

 

Na toponímia da cidade, o Jardim de S. Lázaro é identificado como Jardim de Marques de Oliveira (desde 1929), ali imortalizado num busto da autoria de António Soares dos Reis, cujo bronze se encontra no Museu Nacional Soares dos Reis (ver foto).

Natural do Porto, a vocação para o desenho expressa desde a infância levou João Marques de Oliveira, com apenas onze anos de idade, a ingressar na Academia Portuense de Belas Artes.

 

Em 1873, partiu para Paris com o colega Silva Porto, na qualidade de pensionista. Na cidade luz, Marques de Oliveira prosseguiu os estudos na Escola Nacional de Belas Artes com os professores Alexandre Cabanel e M. Yvon e teve oportunidade de contactar com alguns movimentos pictóricos, como o naturalismo da Escola de Barbizon e o Impressionismo, e de efetuar visitas de estudo à Holanda, à Bélgica e à Itália. As suas obras deste período foram, por diversas vezes, agraciadas com medalhas e menções honrosas. Como prova final do pensionato apresentou o quadro Céfalo e Prócris, que se encontra na Exposição de Longa Duração do Museu Nacional Soares dos Reis.

 

No regresso ao país em 1879, numa época conturbada no meio artístico portuense, dominada pelo aceso debate sobre a reforma académica e do ensino das Belas-Artes, Oliveira e Silva Porto introduziram a Pintura de Ar Livre em Portugal e foram nomeados Académicos de Mérito da APBA. Neste contexto, surgiu no Porto, em 1880, o Centro Artístico Portuense, uma associação de artistas que buscavam o progresso das artes em Portugal, tal como em Lisboa pretendia o Grupo de Leão de Silva Porto. Na primeira eleição para a direção desta instituição, o escultor Soares dos Reis assumiu a presidência e Marques de Oliveira a vice-presidência, integrando também o conselho técnico. Nessa qualidade, organizou uma aclamada exposição, intitulada “Bazar do Centro Artístico Portuense”, que decorreu no antigo Palácio de Cristal, entre 27 de Março e Abril de 1881.

 

Pelo decreto de 26 de Maio de 1911, as Academias de Belas Artes deram lugar a três Conselhos de Arte e Arqueologia, ficando a Circunscrição do Porto (a 3ª) a tutelar o Museu Portuense que passou então a denominar-se Museu Soares dos Reis.

 

Em 1913 deixou o cargo de diretor da Escola de Belas Artes do Porto para assumir o de diretor do Museu Soares dos Reis, mantendo, no entanto, os seus cargos no Conselho de Arte e Arqueologia. Em 1926 foi compelido a abandonar a docência, por ter excedido a idade limite permitida pela nova lei, mas também por motivos de saúde. Faleceu, no Porto, a 9 de outubro de 1927.

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