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141 Anos da Morte do percursor do realismo no retrato em Portugal

26 de Fevereiro, 2024

Miguel Ângelo Lupi, retratista da sociedade burguesa entre 1870 e 1880, é considerado o percursor do realismo no retrato em Portugal. Natural de Lisboa, faleceu a 26 fevereiro de 1883.

 

O pintor encontra-se representado no Museu Nacional Soares dos Reis, nomeadamente através dos retratos de Pedro Paulo Ferreira de Sousa, 1º barão de Pernes e bravo combatente da Batalha de Pernes de 1834, e sua esposa, a baronesa, Helena de Águeda Bom (na imagem).

 

Nestas obras, o artista destaca as duas personalidades representando-as sobre fundos trabalhados em esquemas de gradação de cor, conferindo ilusão de profundidade. O casal é retratado onze anos após a morte do barão, o que terá obrigado o artista a recorrer a uma imagem, ao passo que a sua esposa ainda terá pousado para o artista.

Miguel Ângelo Lupi nasceu em Lisboa a 8 maio de 1826, filho de pai italiano e mãe portuguesa. Aos 15 anos entra para a Academia de Belas Artes de Lisboa. De 1841 a 1843 foi aluno de Joaquim Rafael na aula de Desenho Histórico, tendo obtido dois prémios. Discípulo de António Manuel da Fonseca na aula de Pintura Histórica de 1844 a 1846, abandona nesse ano a Academia e passa a frequentar a Escola Politécnica.

 

Entre 1849 e 1860 exerceu vários cargos como funcionário público, um deles na província de Angola. Desses anos conhecem-se alguns trabalhos pouco relevantes no percurso do pintor. Em 1859, então com 33 anos, é convidado a realizar o retrato de D. Pedro V para o Tribunal de Contas de Lisboa, onde trabalhava. Com o agrado do rei e da Academia obtém o pensionato do Estado para completar a sua aprendizagem em Roma. Instalado no Hospício de Santo António dos Portugueses desde o Outono de 1860 até fins de 1863, nunca procurou o ensino direto de um mestre.

 

Interessado no estudo de anatomia, do nu e do retrato, copia, em pequenos formatos, obras de Ticiano, Corregio, Rubens, Andrea del Sartro, Velásquez. Trabalha também a partir do modelo vivo, cenas e figuras locais e esboça pequenas composições inspiradas em temas literários como Fausto e Margarida (MNSR). Prepara a prova final de pensionista – a pintura histórica D. João de Portugal.

 

No regresso de Roma e depois em 1867 visitou Paris. Este contacto revelou-se crucial na formação do pintor. Tocado pela corrente realista, particularmente pela obra de Courbet, introduziu nova intensidade na análise e interpretação dos temas que futuramente trabalhou, especialmente no retrato. Chegado a Lisboa em 1864, foi de imediato nomeado Académico de Mérito e professor de Desenho de Figura da Academia de Belas Artes de Lisboa, vindo em 1868 a ocupar o cargo de professor de Pintura Histórica que exerceu até à sua morte, ocorrida a 26 fevereiro de 1883.

 

 

Créditos de Imagem
Foto Capa: Revista Occidente, Volume VI, Nº 153 de 21 de Março de 1883 – Hemeroteca Digital

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